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Galípolo disse aos jornalistas que tudo está documentado
Malu Gaspar
O Globo
Na entrevista coletiva de final de ano concedida nesta quinta-feira passada na sede do Banco Central (BC), o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, aproveitou uma pergunta sobre o Banco Master para mandar um recado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Dias Toffoli, que avocou para si o inquérito sobre o caso e decretou sigilo total.
Na última quarta (17), Toffoli deu à Polícia Federal (PF) 30 dias para fazer as oitivas do caso, sempre sob o acompanhamento dos juízes auxiliares de seu gabinete. Os depoimentos ainda não foram marcados, mas há uma tensão nos bastidores do BC entre os técnicos sobre a possibilidade de serem chamados a depor.
PRESSÃO POLÍTICA – Conforme já publicamos, esses mesmos técnicos informaram aos investigadores do Ministério Público Federal e da PF que nunca tinham sofrido tanta pressão política em favor de um único banco como no caso do Master.
Com a notícia de que Toffoli ordenou as oitivas, vários deles passaram a temer que os depoimentos sirvam como uma forma de intimidação – até porque no BC a confiança na disposição do ministro Toffoli para fazer a investigação avançar é praticamente nula.
ARTICULAÇÃO – Galípolo, porém, tem tentado articular com o Supremo para que seja ele o único representante do BC a ser ouvido no inquérito.
Daí porque, durante a entrevista, depois de dizer que o BC está à disposição do STF, ele emendou: “Eu em especial, como presidente do Banco Central, estou à disposição pra ir lá prestar todo tipo de suporte e apoio ao processo de investigação. “
Outro trecho da fala encaixada propositalmente na resposta de Galípolo foi o trecho em que ele diz que todas as movimentações no caso estão registradas.
PROVAS ABUNDANTES – “Documentamos tudo. Cada uma das ações que foram feitas, cada uma das reuniões, cada uma das trocas de mensagens, cada uma das comunicações, tudo isso está devidamente documentado”, revelou o presidente do BC, ante de o escândalo vir a público.
A ideia, de acordo com fontes que discutiram isso internamente com a cúpula do banco, foi mostrar que o BC se blindou das pressões registrando todos os movimentos, não só dos técnicos mas também de outros interessados no caso do Master — especialmente os políticos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É preciso acreditar que o Banco Central documentou tudo, conforme Galípolo revelou, perante grande número de jornalistas. Isso significa que podem ser facilmente checadas todas as informações do ministro Moraes, e o cheiro de podre se espalha cada vez mais intenso na Praça dos Três Poderes. (C.N.)