terça-feira, dezembro 23, 2025

JEREMOABO PERDE PARTE DE SUA HISTÓRIA COM ABANDONO DE PATRIMÔNIOS CULTURAIS

 JEREMOABO PERDE PARTE DE SUA HISTÓRIA COM ABANDONO DE PATRIMÔNIOS CULTURAIS

Fonte: JV PORTAL / JEREMOABO TV

RP: 9291/BA

Pintura como era o Casarão da Família Cel João Sá "Manoel de Chico"

Jeremoabo assiste, há anos, à destruição silenciosa de patrimônios históricos de grande relevância cultural, diante da omissão de representantes dos poderes Executivo e Legislativo do Município. Bens que guardam a memória, a identidade e a história do povo Jeremoabense vêm sendo deixados ao abandono, sem ações concretas de preservação, restauração ou proteção legal. 


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https://blogportaljv.blogspot.com/2025/12/jeremoabo-perde-parte-de-sua-historia.html?m=1

Nota da Redação Deste Blog - Só muda de opinião quem tem opinião


Por José Montalvão


Costuma-se dizer que mudar de ideia é sinal de fraqueza. Discordo. Na verdade, só muda de opinião quem tem opinião formada. Quem reflete, aprende. Quem aprende, evolui. Mudar de posição, quando feito à luz do conhecimento e da maturidade, é um dos maiores sinais de inteligência que um ser humano pode demonstrar.

Por isso, faço aqui um exercício público de revisão de pensamento. Não condeno mais, de forma isolada, o prefeito e os vereadores pelo abandono do patrimônio histórico, como fiz em outros momentos. A responsabilidade é mais ampla, mais profunda e, sobretudo, coletiva. Ela envolve gestores, legisladores e também a população, de maneira geral.

O patrimônio histórico é, de fato, uma das áreas mais complexas da gestão pública. Raramente há consenso. O que para uns é memória, identidade e valor cultural, para outros é entrave ao desenvolvimento, gasto excessivo ou peso financeiro. Essa divergência de percepções torna qualquer decisão um campo minado de críticas e incompreensões.

Existem vários fatores que alimentam essa complexidade.

Primeiro, os interesses conflitantes. Um imóvel histórico pode ser visto como um tesouro cultural ou, ao mesmo tempo, como um obstáculo para obras, investimentos ou modernização urbana. Em muitos casos, preservar significa renunciar ao lucro imediato.

Segundo, o valor subjetivo da história. O que hoje parece sem importância pode, amanhã, ser reconhecido como símbolo de uma época. A história não é estática; ela é reinterpretada conforme a sociedade amadurece — ou não.

Terceiro, a questão financeira. Manter um patrimônio histórico custa caro. Há limitações legais, exigências técnicas e pouca compensação aos proprietários ou ao poder público. Sem políticas claras e recursos específicos, preservar vira um desafio quase impossível.

Nesse contexto, uma frase precisa ecoa com força:
“Povo que não tem cultura não defende sua história, nem seus imóveis culturais.”

Essa afirmação não é ofensiva, é um alerta. A cultura é a base da identidade de um povo. Quando ela é frágil, a ligação emocional com o passado se rompe. E, sem vínculo emocional, não há defesa, não há luta, não há preservação.

O patrimônio cultural representa a memória coletiva. Ele conta quem fomos, como vivemos, quais erros cometemos e quais conquistas alcançamos. Abandoná-lo é aceitar o esquecimento. É permitir que a história seja apagada, distorcida ou simplesmente ignorada.

A falta de educação patrimonial é outro fator determinante. Não se preserva aquilo que não se conhece. Sem educação, o cidadão não entende o valor simbólico, histórico e social de um bem cultural. Passa por ele todos os dias sem enxergá-lo. E o que não é visto, não é defendido.

Por fim, há uma verdade dura, porém necessária:
um país, um estado ou um município que não valoriza sua história e sua cultura caminha para um futuro vazio, sem identidade, sem memória e condenado a repetir erros que poderiam ter sido evitados.

Portanto, mais do que apontar culpados, é hora de assumir responsabilidades. Preservar o patrimônio histórico não é tarefa exclusiva do gestor, nem do vereador, nem do historiador. É um dever coletivo. Enquanto não entendermos isso, continuaremos perdendo pedaços da nossa própria história — e, junto com eles, parte da nossa alma.

Mudar de opinião, nesse caso, não é recuar.
É avançar.

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