segunda-feira, dezembro 22, 2025

Direita reage e transforma Havaianas em símbolo da disputa ideológica


Eduardo e Nikolas enxergaram suposto viés ideológico

Deu no O Globo

O novo comercial da Havaianas, estrelado pela Fernanda Torres, gerou polêmica com políticos brasileiros de direita. Na propaganda, a atriz afirma aos espectadores que não deseja que eles comecem o próximo ano “com o pé direito”. O jogo de palavras com a conhecida expressão popular significou, para Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), entre outros, uma indireta ao espectro político da direita.

“Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés. Havaianas, todo mundo usa, todo mundo ama”,  diz Fernanda, no comercial.

BOICOTE – O Globo procurou a Alpargatas, controladora da marca Havaianas, mas ainda não obteve resposta sobre a polêmica. Depois da divulgação do comercial, políticos de direita pediram um boicote à marca. Cassado por ultrapassar o limite de faltas na Câmara dos Deputados, o ex-parlamentar Eduardo Bolsonaro jogou um par de chinelos no lixo para mostrar aos seguidores a indignação com a propaganda.

Pelas redes sociais, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que vai começar o ano com o pé direito, mas não será de Havaianas.

“Eu achava que isso aqui era um símbolo nacional. Já vi muito gringo com essa bandeirinha do Brasil no pé, só que eu me enganei”,  disse Eduardo, antes de qualificar Fernanda Torres como alguém “declaradamente de esquerda”. Já Nikolas fez um trocadilho com o slogan da marca. “Havaianas, nem todo mundo agora vai usar”, escreveu o deputado federal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Embora Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira, aparentemente sem qualquer ocupação nesta semana natalina, tenham tentado transformar o trocadilho da Havaianas em mais uma “batalha ideológica”, a reação deles revela mais sobre sua necessidade permanente de fabricar crises do que sobre o conteúdo real da propaganda; ao invés de discutir pautas relevantes, como políticas públicas ou demandas sociais, optaram por elevar uma peça publicitária a símbolo de perseguição política, agindo de forma teatral e oportunista para mobilizar suas bases e gerar engajamento.

Jogar chinelos no lixo e convocar boicotes por um jogo de palavras expõe a superficialidade do debate que promovem: é um cálculo político centrado em indignação artificial e distração, que reduz a esfera pública a memes, ressentimentos e gestos simbólicos vazios — um reflexo de lideranças mais interessadas em palco do que em substância. (M.C.)

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Publicado em 22 de dezembro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Eduardo e Nikolas enxergaram suposto viés ideoló...

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