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quarta-feira, novembro 27, 2024

Golpistas não poderão negar a trama articulada por setores do Planalto


Charge do Baggi (jornaldebrasilia.com.br)

Pedro do Coutto

Com a revelação dos áudios da reunião do Alto Comando militar, a posição dos golpistas ficou vulnerável e sem condições de desmentir a trama que era articulada em setores do Palácio do Planalto no governo Bolsonaro. Reportagem de Sérgio Roxo, O Globo de ontem, revela os pontos das gravações obtidas e que estão em posse da Polícia Federal.

As gravações reforçam a resistência da cúpula do Exército a aderir às articulações golpistas envolvendo integrantes do governo de Jair Bolsonaro no fim de 2022, após a derrota eleitoral do ex-presidente. Em uma das conversas, um dos militares suspeitos de tramar um golpe de Estado aponta a falta de apoio no Alto Comando da Força como motivo para o plano não ir adiante.

RUPTURA –  Na mensagem, o coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu, na época assessor no Palácio do Planalto no governo Bolsonaro, diz que a posição em favor de uma ruptura institucional era minoritária no Alto Comando do Exército, formado por um total de 16 generais quatro estrelas. Vieira de Abreu atuava como chefe de gabinete do general Mário Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência.

“Cinco não querem, três querem muito e os outros zona de conforto. Infelizmente. A lição que a gente deu para a esquerda é que o Alto Comando tem que acabar”, disse Vieira de Abreu. Fernandes foi um dos 37 iniciados pela Polícia Federal ao concluir o inquérito sobre a tentativa de golpe na semana passada.

A PF aponta Mario Fernandes como responsável pela elaboração do plano “Punhal verde e amarelo”, que previa o assassinato do presidente Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre do Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

INVESTIDA – Vira-se assim mais uma página triste da história brasileira em que setores investem contra a posse dos eleitos, numa tentativa de subversão da ordem da Constituição Federal, uma vez que a liberdade está contida no voto dado nas urnas de 2022.

O relatório do ministro Alexandre de Moraes com base no trabalho de oitocentas páginas levantadas pela PF deixará completamente acuados os que tramaram o golpe e que só não o conseguiram porque o Alto Comando do Exército se opôs à tentativa de violar a Constituição do país.

Ingressa-se numa nova fase com os processos contra os acusados de violar o texto constitucional. Não terão coragem de negar, pois as gravações evitam qualquer manobra nesse sentido.  As revelações não podem ser alteradas e sim analisadas em seu conteúdo real e facilmente decifráveis pelas conversas mantidas. O relatório do ministro Alexandre de Moraes será o grande marco divisório entre a legalidade e a ilegalidade, entre a liberdade de pensamento e a ditadura decorrente do desfecho dramático que felizmente não aconteceu.


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