Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Estamos no dia 24, o mês não acabou. Faltam seis dias de "abril vermelho", ainda que ninguém garanta não possa aparecer o "maio muito vermelho" ou o "junho vermelhíssimo". De qualquer forma, haverá que prevenir e aguardar até o dia 30 uma ou mais ações "espetaculares" por parte do MST e/ou suas dissidências.
Como se não bastasse o acontecido nas últimas três semanas, as previsões são para maiores desmoralizações do poder constituído e das instituições ditas democráticas. Poderá acontecer o quê? Invasão do Congresso não dá mais, já aconteceu, com toda depredação e baderna de que não nos esqueceremos. Ocupação do Banco do Brasil, depois de ocupada a Caixa Econômica Federal é pouco. Fechamento de rodovias e ferrovias seria falta de imaginação, tantas vezes vêm ocorrendo.
Alguma coisa virá até o final do mês e João Pedro Stédile não seria bobo a ponto de anunciar com antecedência. Tomara que não seja a ocupação dos palácios do Planalto e da Alvorada ou a tomada do prédio do Supremo Tribunal Federal.
Agora, invadir terras improdutivas, ocupá-las e começar a plantar, não querem. Nem que a vaca tussa. Essa deveria ser a finalidade do Movimento dos Sem Terra, aceitável e justificada pela opinião pública nacional, já que os camponeses têm direito a pleitear, até pela força, aquilo que a sociedade lhes tem negado há séculos.
E terra improdutiva existe a dar com o pé, em mãos de particulares ou do governo. Pelo jeito, porém, não é o que o MST pretende, transformado faz muito em partido político dedicado à baderna e ao descumprimento da lei. Terra parece o que menos interessa aos que carecem dela, já que a estratégia é contestar as instituições, promover tumultos e colocar a democracia em xeque, tudo por razão muito simples: o governo não faz nada. Cruza os braços, incentiva e passa a mão na cabeça dos baderneiros, quando não coloca na própria, ou seja, na cabeça, o símbolo da desconstrução da ordem.
É preciso repetir: louváveis serão as iniciativas, mesmo à força, para a conquista de chão para os que dele carecem. Só que a luta pela reforma agrária deveria parar por aí. Seguir adiante, contestando as estruturas do regime tão duramente erigido depois de anos de ditadura é mais do que suicídio. Significa má fé, ou melhor, exprime que se porventura guindado ao poder, esse novo partido político não hesitará em adotar as mesmas práticas utilizadas pelos antigos donos da nação.
Os que ainda acreditam na democracia aguardam ações efetivas do poder público no sentido de salvaguardar as instituições. Pouco importa que os latifundiários imaginem tirar as castanhas do fogo com as mãos do gato. Para eles, bastaria aplicar a lei das desapropriações, que repudia a especulação. Mas para o MST, se ainda der tempo, é preciso juízo. Um movimento que representou a única coisa nova em nossa política, em muitos anos, ameaça extrapolar de seus objetivos e transformar-se em anacrônica tentativa de enganar os outros.
Gasolina no fogo
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional reúne-se hoje para decidir se convida o general Augusto Heleno para depor a respeito das ameaças que pairam sobre a soberania nacional na Amazônia. Um tema mais do que necessário, mas será o comandante militar da Amazônia o personagem apropriado para o debate?
Afinal, o general Heleno já foi admoestado pelo presidente da República e por seus superiores, por haver abordado a questão em reunião pública do Clube Militar. Fica para outro dia discutir se os militares do serviço ativo são cidadãos de segunda classe e estão proibidos de expor suas opiniões. Importa menos, porque essa é a lei, e se for uma lei anacrônica, deve ser revista, jamais contestada.
Caso o oficial-general de tantos serviços prestados ao País aceite o convite, estará criada uma confusão dos diabos, porque não lhe falta coragem para denunciar políticas distorcidas para os povos indígenas ou apontar ameaças à integridade territorial do Brasil. O problema é que se vier a Brasília para cumprir essa missão, estará batendo de frente não apenas com o governo, mas com o Estado Democrático que só subsiste através do cumprimento da lei.
PMDB em rumo próprio
Antes que alguém antecipe, vamos sair na frente: Michel Temer, presidente nacional do PMDB, renunciará no começo do ano que vem, candidato que é, quase por unanimidade, a voltar à presidência da Câmara no biênio 2009-2010. Como parece ultrapassada a experiência que um dia fez do dr. Ulysses tri-presidente (do PMDB, da Assembléia Constituinte e da Câmara), o natural é que Michel Temer já prepare a própria sucessão no comando do partido. Necessita de um nome capaz de unir o PMDB tanto quanto de manter sua independência, além de preservar a aliança com o governo Lula. Esse nome já existe. É o do ex-presidente da Câmara e ex-embaixador Paes de Andrade, por sinal ainda hoje presidente de honra do partido.
Costura tem se verificado, até mesmo recente encontro de Paes de Andrade com o ministro da Justiça, Tarso Genro, entusiasta da preservação do entendimento entre o PT e o PMDB. As principais lideranças peemedebistas mostram-se simpáticas à solução, de José Sarney a Orestes Quércia, de Pedro Simon a Jarbas Vasconcelos, Roberto Requião, Romero Jucá, Roseana Sarney e Mão Santa.
É claro que surgem outros pretendentes, como a atual primeira vice-presidente, deputada Íris Araújo, ex-esposa do prefeito Íris Resende, de Goiânia, e o deputado Eliseu Padilha, do Rio Grande do Sul. Nenhum deles, porém, dispõe da força de Paes de Andrade, em especial se em outubro ele concorrer a deputado federal pelo Ceará, mandato que exerceu por muitas décadas.
A tendência, no PMDB, é de lançar candidato próprio à sucessão presidencial, em 2010, se possível de comum acordo com o presidente Lula, tendo em vista a falta de nomes populares nos quadros do PT. Aécio Neves poderia ser esse candidato, pelo que se ouve, disposto a trocar o congestionado ninho dos tucanos pela casa antiga, na qual elegeram-se ele, para a Câmara, e o avô, Tancredo Neves, para a presidência da República.
Guampada de boi manso
Getúlio Vargas ocupava a Presidência da República completando o terceiro mandato, primeiro como presidente provisório, depois presidente constitucional e, enfim, ditador. Foi informado de que o governador de Minas, Benedito Valadares, conspirava para depô-lo. Reagiu como gaúcho: "guampada de boi manso..." Acabou derrubado, mas pelos touros do alto-comando do Exército.
Conta-se essa história em função das declarações do presidente-eleito do Paraguai, Fernando Lugo, que promete forçar o Brasil a renegociar o tratado de Itaipu, levando seu país a receber pela energia que não usa mais algumas dezenas de milhões de dólares. Bem que o presidente Lula, mesmo sem ser pecuarista, poderia repetir a imagem que um dia Getúlio utilizou.
Fonte: TRibuna da Imprensa
Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados
Em destaque
PF faz operação contra atos preparatórios de terrorismo e incitação ao ódio na Paraíba
Foto: Marcos Oliveira/Arquivo/Agência Senado Sede da PF em Brasília 11 de abril de 2025 | 09:49 PF faz operação contra atos preparatórios ...
Mais visitadas
-
Quando se pensa que já se viu de tudo na cena política baiana, surge um episódio que desafia qualquer lógica de decência e civilidade. Dura...
-
Eis a resposta fornecida pelo SUS. Partos podem ser realizados em qualquer hospital ou maternidade do SUS Conheça as diferentes possibi...
-
O Cordel do Padre que Errou o Milagre Nas bandas lá de Jeremoabo, Na eleição que o povo esperava, O prefeito em desespero tremia, Pois T...
-
Autor: José Montalvão Tista de Deda é o nome, o prefeito do lugar, Com coragem e justiça, veio o povo amparar. Jeremoabo hoje vibra, com ...
-
A Cavalgada de São Jorge – Jeremoabo em Festa Na terra de Jeremoabo, No sertão tão altaneiro, Surge a festa consagrada Do guerreiro cavale...
-
A cidade de Jeremoabo está prestes a viver um dos momentos mais aguardados do ano: a Alvorada do São João 2025. Reconhecida como a "M...
-
🌷 Mesmo com atraso, celebro tua vida, Zenaide! 🌷 Madrinha querida de João Calixto, mulher de luz e alma bonita. O tempo pode ter avan...
-
Quem é o responsável pelo caos na Educação de Jeremoabo? A população de Jeremoabo, especialmente pais e alunos, vive um verdadeiro estado d...
-
A gestão do prefeito Tista de Deda em Jeremoabo demonstra um esforço para equilibrar a ordem pública e a valorização das manifestações cultu...
-
Cordel em Homenagem aos 90 Anos de Francisco Rollemberg O médico do povo e defensor de Sergipe No sertão de tantas lutas, Surge um nome a r...