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quarta-feira, janeiro 31, 2024

Lula tem razão! É preciso parar o estardalhaço sobre manipulação da “Abin Paralela”


Abin paralela | Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O LiberaL)

Carlos Newton

O estardalhaço que estão fazendo em relação ao uso político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) chega a ser patético. A imprensa amestrada sai em disputa para ver quem defende com mais vigor os interesses do governo Lula, ou seja, competem para ver quembajula mais intensamente o chefe, a ponto de até lhe causar desconforto, levando o presidente a pedio moderação até que as investigações se concluam.

Em entrevista à rádio CBN Recife, nesta terça-feira (30/01) Lula afirmou que é fundamental respeitar a presunção de inocência de investigados.

“Todo mundo sabe, tanto PF (Polícia Federal) quanto MP [Ministério Público]: quer investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico, não fique divulgando nome da pessoa antes de ter prova concreta, não fique destruindo imagem das pessoas antes de investigar”, disse.

NO RUMO CERTO – Lula está com toda razão. Percebeu o exagero nas acusações, pois a investigação está apenas no início. Sabe-se que foi usado um programa israelense de localização de pessoas, porém ainda não se tem maiores detalhes nem os nomes de quem teve sua movimentação acompanhada.

Nessa perspectiva, o presidente tentou que o diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, se defendesse no cargo, mas a pressão de aliados e de ministros do Supremo foi muito forte, e Lula teve de se curvar, alegando que não há “clima” para Moretti seguir no governo.

Na entrevista, Lula demonstrou insegurança em relação à Abin. “A gente nunca está seguro”, disse. “O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin é companheiro que foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010, é pessoa que tenho muita confiança e por isso chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E ele montou a equipe dele, mas dentro da equipe tem cidadão que está sendo acusado de que mantinha ligação com Ramagem, que é ex-presidente da Abin do governo passado”, afirmou, resumindo a confusão.

NINGUÉM LIGA – O pior são as conclusões apressadas do ministro Alexandre de Moraes, que não questiona os atos da Polícia Federal.  “Como ressaltado pela autoridade policial, as ‘demandas’ eram tratadas por meio de assessoras, e não diretamente entre os investigados, corroborando ainda mais o zelo em relação aos vestígios das condutas delituosas”, afirmou Moraes, repetindo a informação que recebeu da PF.

Uma conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem é citada pelo ministro do Supremo para justificar a ação da PF, porque esse diálogo demonstraria que o vereador integrava o “núcleo político” da chamada “Abin paralela”.

Pelo WhatsApp, Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, pede “ajuda” a Priscilla Ferreira e Silva, a serviço do então diretor-geral da Abin. Ela envia o nome da delegada Isabela Muniz Ferreira, do núcleo da PF responsável por investigações sensíveis, e cita dois inquéritos, afirmando que envolvem “PR e 3 filhos”, em menção à família Bolsonaro.

ILAÇÃO TEMERÁRIA – Trata-se de uma afirmação sem base, uma ilação verdadeiramente temerária. Para quem conhece as entranhas do Planalto, o diálogo entre as duas pode significar que algum auxiliar de Bolsonaro soube das investigações e queria ter detalhes.

É óbvio que a família Bolsonaro era informada sobre essas investigações diretamente por Ramagem (Abin) ou Augusto Heleno (GSI). Esse tipo de assunto não é da competência de assessorias de baixa escalão. Portanto, a PF e Mourão viajaram na maionese, pensando (?) terem encontrado o fio da meada nesse diálogo de servidoras.

Fico com pena das assessoras, que devem estar apavoradas com a investigação a que estão submetidas, sofrendo busca e apreensão e tudo o mais.

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P.S.
 – De tudo isso, fica uma grande lição. No Brasil de hoje, as autoridades não têm medo do ridículo, e o famoso inquérito do fim do mundo – prorrogado por mais 90 dias “atendendo a pedidos”, segundo o relator Moraes – está sendo transformado numa peça de humor, que nem pode ser chamada de “humor negro”, porque agora isso representa “racismo intelectual”. (C.N.)

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