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segunda-feira, dezembro 05, 2022

Desmatamento da Amazônia até outubro é o segundo pior dos últimos 15 anos, diz Imazon


Queimada na região de Altamira (PA), na Amazônia

O problema mais grave de localiza no Estado do Pará

Ana Rosa Alves
O Globo

No mesmo dia em que a COP27, a conferência ambiental da ONU, deveria chegar ao fim, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou dados mostrando que a área desmatada na Amazônia nos dez primeiros meses do ano chegou a quase 10 mil km² — ou seja, mais de seis vezes a cidade de São Paulo. É o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, apenas marginalmente inferior ao recorde registrado no ano passado.

Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008, refletem o agravamento da destruição do bioma nos últimos quatro anos, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

DOBRO DE 2018 – Entre janeiro e outubro, a área desmatada na Amazônia Legal foi de 9.696 km², cerca de 0,5% a menos que os 9.742 km² registrados em 2021. A área é quase o dobro dos 4,5 mil km² registrados durante o mesmo período em 2018. Entre 2008 e 2017, o desmate na região só havia ultrapassado 3 mil km² em uma ocasião, em 2016.

O número é um prenúncio para os dados compilados do preciso sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o último ano fiscal, medido entre agosto de 2021 e julho deste ano. Geralmente divulgados em agosto, os dados estão prontos desde o mês passado, segundo informações apuradas pelo GLOBO, mas estão bloqueados para só serem lançados após a COP.

O mesmo aconteceu no ano passado, quando o desmate medido pelo Prodes foi de 13.235 km², o pior em quinze anos. O desmatamento foi concentrado nos estados do Pará (56%), Amazonas (12%), Mato Grosso (11%) e Acre (9%).

ÁREAS INVADIDAS – O Pará sozinho registrou um desmatamento de 351 km² no mês passado, destruição que adentra em áreas protegidas. Sete das 10 unidades de conservação e quatro das dez áreas indígenas mais desmatadas no último mês estão lá, mostra o Imazon.

Fica no estado a Floresta Estadual do Paru, que integra o maior bloco de unidades de conservação do mundo e onde foi encontrada em setembro passado a maior árvore da Amazônia, um angelim-vermelho de 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência. A Floresta do Paru foi a quinta unidade de conservação mais desmatada em outubro na Amazônia.

Segundo Bianca Santos, pesquisadora do Imazon, a pressão do desmatamento atinge ainda a região da Amacro, novo polo de produção agrícola que avança na fronteira entre Amazonas, Acre e Rondônia, alcançando também o Norte do Mato Grosso.

RECORDE HISTÓRICO – Segundo ela, degradação florestal, que inclui queimadas e exploração madeireira e ocorrem antes do desmatamento, cresceu 183% no mês passado – 1.519 km² – em relação a outubro de 2021, aumentando a preocupação de que a Amazônia caminha para um recorde histórico de supressão florestal este ano.

— As áreas degradadas costumam ser desmatadas em seguida. Se forem fiscalizadas, é possível impedir que isso aconteça — diz ela.

A pesquisadora do Imazon afirma que os números do Prodes são essenciais para que sejam estabelecidas as políticas públicas ambientais para a região. “É com base nestes dados consolidados que são estabelecidas as políticas prioritárias de combate ao desmatamento” – diz ela.

No começo da semana, o vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição, Geraldo Alckmin, afirmou que a equipe tem tido dificuldade de acessar os obter os dados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O desafio aumenta cada vez mais. Lula prometeu desmatamento zero em 2020, daqui a apenas oito anos, e isso soou apenas como mais uma promessa de campanha. Vamos aguardar. (C.N.)


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