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sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Rússia x Ucrânia: 'Pode ser início de grande guerra na Europa', disse presidente Zelensky pouco antes de invasão russa




O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que seu país estava pronto para um ataque russo: 'Vamos nos defender'

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em pronunciamento na madrugada desta quinta-feira (24/2) que a Rússia pode iniciar "uma grande guerra na Europa" a qualquer momento — e pediu aos russos que se oponham ao conflito.

O discurso foi feito minutos antes de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar uma "operação militar especial" na região de Donbas, no leste da Ucrânia, onde estão localizados os territórios rebeldes pró-Rússia de Donetsk e Luhansk.

Na manhã desta quinta, forças militares russas iniciaram uma ampla invasão da Ucrânia. Há relatos de tropas cruzando diversos pontos da fronteira e explosões perto das principais cidades ao redor do país — e não apenas na região de Donbas, onde grupos separatistas foram reconhecidos e apoiados recentemente pela Rússia.

No discurso antes da invasão, Zelensky disse que tentou, sem sucesso, conversar com Putin.

"Dei um telefonema para o presidente da Federação Russa. Resultado: silêncio", afirmou Zelensky.

Ele disse que a Rússia tem quase 200 mil soldados e milhares de veículos de combate na fronteira da Ucrânia.

'Zelensky disse que Putin não atendeu seu telefonema na noite de quarta-feira'

Zelensky mudou o idioma do discurso de ucraniano para russo para fazer um apelo emocional aos russos para que rejeitem um ataque, argumentando que estavam sendo enganados sobre a Ucrânia.

"Quem pode parar (a guerra)? As pessoas. Estas pessoas estão entre vocês, tenho certeza", disse ele.

O líder da Ucrânia afirmou que seu país está pronto para um ataque russo e advertiu:

"Se eles [Rússia] atacarem, se tentarem tomar nosso país — nossa liberdade, nossas vidas, as vidas de nossos filhos — vamos nos defender".

"Ao atacar, verão nossos rostos, não nossas costas", acrescentou.

'Soldados ucranianos da linha de frente receberam a visita do presidente Zelensky em 17 de fevereiro'

"Dizem que odiamos a cultura russa. Como você pode odiar a cultura? Ou qualquer cultura. Os vizinhos sempre se enriquecem culturalmente (...). Somos diferentes, mas isso não é motivo para sermos inimigos."

"Dizem que somos nazistas, mas como um povo que perdeu mais de oito milhões de vidas com a vitória do nazismo pode apoiar o nazismo? Como posso ser nazista? Diga isso ao meu avô, que passou toda a guerra na infantaria do Exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia", acrescentou.

Ainda discursando em russo, Zelensky afirmou que os ucranianos se lembram do seu passado, mas "querem determinar e construir sua própria história".

"Os russos querem uma guerra? Eu gostaria muito de responder a esta pergunta. Mas a resposta só depende de vocês, cidadãos da Federação Russa", concluiu.

Invasão russa

Minutos após o discurso de Zelensky, Putin anunciou uma "operação militar especial" na região de Donbas, onde estão localizados os territórios rebeldes de Donetsk e Luhansk, repúblicas autoproclamadas que Putin reconheceu na segunda-feira como independentes.

Moscou disse que as regiões separatistas no leste da Ucrânia pediram apoio militar.

O anúncio de Putin aconteceu no mesmo momento em que ocorria uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), em Nova York, sobre a crise.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou pedindo "do fundo do coração": "Presidente Putin, detenha suas tropas de atacar a Ucrânia".

Poucos minutos depois, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, tuitou:

"Putin acaba de lançar uma invasão em grande escala na Ucrânia. Cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá".

'Putin anunciou uma 'operação militar especial' na Ucrânia'

Na véspera, a Ucrânia declarou estado de emergência e ordenou que milhões de seus cidadãos vivendo na Rússia voltassem para seu país. O espaço aéreo ucraniano também foi restringido para voos civis devido ao "risco potencial".

A medida foi tomada após um alerta do Safe Airspace, sistema de monitoramento da zona de conflito, que disse que os aviões corriam o risco de serem derrubados involuntariamente ou afetados por ataques cibernéticos.

Inicialmente, não estava claro se o alerta equivalia a uma proibição total de voos civis. Está previsto para expirar às 23h59 (GMT) desta quinta-feira, a menos que seja prorrogado.

A Rússia também emitiu um aviso de aviação civil alertando que está fechando praticamente todo o espaço aéreo do leste da Ucrânia na fronteira com a Rússia, de acordo com um grupo de monitoramento.

O Open Source Intelligence Monitor diz que nenhum "limite ou prazo para término" foi fornecido até agora por Moscou.

BBC Brasil

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