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domingo, julho 05, 2009

Explode oferta de barriga de aluguel na internet

Aline Mazzodo Agora
"Tenho 33 anos, 1,72 m e ótima saúde. Não tenho vícios e nunca fiz uso de drogas. Tenho um filho de dez anos e sou casada." A descrição detalhada faz parte de um anúncio de barriga de aluguel tirado da internet. O assunto, tratado de maneira sigilosa até há alguns anos, agora é facilmente encontrado na rede com centenas de mulheres oferecendo seus úteros em troca de dinheiro.
Consultora cedeu a barriga para a cunhada
O motivo é unânime entre as candidatas: interesse financeiro. Todas elas garantem que não há risco de não entregar a criança após a gestação. A maioria tem mais de 30 anos, já é mãe (muitas são casadas) e só aceitam inseminação de óvulos fecundados.
Mesmo sendo ilegal cobrar pela barriga de aluguel no país, muitas já deixam claro o preço e anunciam número de telefone, e-mail e até endereço para contato. O Agora entrou em contato com diversas mães de aluguel. O procedimento é basicamente o mesmo. O casal arca com todos os custos (inseminação, convênio médico, medicamentos, alimentação e parto) e pode acompanhar de perto a gestação. Metade do valor é pago com a confirmação da gravidez, e o restante, na entrega do bebê, após o nascimento. Os valores variam de R$ 30 mil a R$ 450 mil.
A enfermeira Rosana (nome fictício), 40 anos, já foi mãe de aluguel há oito anos e colocou anúncio na internet para repetir a dose. "Foi completamente diferente da gravidez dos meus filhos. Eu sabia que o bebê não era meu, não era o meu sangue, não teria a minha cara", diz.
Ela não revela quanto ganhou. Diz que o casal esteve presente durante a gravidez. "Eu deixava eles passarem a mão na minha barriga. É como se fosse um bichinho de estimação, que todo mundo acha bonito e quer tocar." Após o parto, a mãe biológica recebeu o filho, e Rosana nunca mais viu a criança. "Não tem nada errado em ajudar alguém."
Segundo o presidente da comissão de bioética da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Rui Geraldo Camargo Viana, é crime comercializar elementos humanos, como órgãos, tecidos e até uma parte do corpo. "A punição é de até três anos para quem cede e quem contrata. Além disso, quem paga está aliciando o outro", explica. O anúncio na internet, segundo o jurista, não é crime.
Não há legislação específica para a prática no país, mas os conselhos de medicina orientam que sejam usados parentes de até segundo grau ou um não parente, mas com autorização do órgão. Segundo o conselho de São Paulo, nenhum pedido de permissão foi feito desde 2007. As entidades condenam remuneração pela doação temporária de útero.
Especialistas em reprodução assistida afirmam que notaram o aumento de ofertas na internet, mas reprovam a iniciativa. Eles admitem que há clínicas que fazem vistas grossas e até ajudam no contato entre a futura gestante e os pais. "Isso é um passo para a prostituição. Antes de se prostituir de fato, ela aluga partes do corpo", diz o especialista em reprodução humana Ricardo Baruffi.
Fonte: Agora

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