Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, outubro 30, 2007

Blasfêmias modernas

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Na Idade Média, as blasfêmias costumavam ser punidas com a fogueira. Empregou o nome de Deus em vão, invocou o Capeta, xingou um santo que deixou de atender a um pedido e já se sabia: fogo no indigitado personagem. Hoje, as blasfêmias despertam no máximo estudos sociológicos - e é muito bom que seja assim. Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, pregar o terceiro mandato é blasfêmia.
Já o presidente Lula, mais comedido, chama a proposta de atraso. Não poderia ser diferente, porque o terceiro mandato, por enquanto, assemelha-se às bruxas: não acreditamos nelas, mas que existem, existem.
Depois de muitos alertas, a idéia emergiu através de dois deputados governistas. Ficará dormitando, mas crescendo, como se fosse algo impertinente, desimportante e que não diz respeito à maioria. Mais ou menos como o pivete encontrado nos semáforos esmolando uns trocados. Até a hora em que mete a cara e uma faca pelo vidro do carro e exige a carteira e tudo o mais.
A frio, o terceiro mandato não passa. Mas está presente, à espera das condições ideais. Uma crise espontânea ou forjada, do tipo falência da autoridade pública no campo e nas cidades. Por certo que a motivação é uma só: a impossibilidade de o PT encontrar candidato capaz de vencer em 2010 e preservar o poder em mãos dos atuais detentores.
Porque desde já parece evidente: do lado deles, só Lula teria condições de ganhar. Por isso dá-se ao luxo de afirmar a inexistência de insubstituíveis e de proclamar que não apóia o terceiro mandato. Da mesma forma como o presidente do TSE acrescenta que a terceira eleição equivaleria a rasgar a Constituição.
Pena que não se pronunciou dessa forma quando FHC rasgou, comprando votos parlamentares no primeiro mandato, reelegendo-se sem tirar licença. Ninguém se iluda: o processo continuísta segue seu curso e não haverá esquadrilha tucana capaz de interrompê-lo. "Lembrai-vos de 1995!" pode não passar de slogan para iludir ingênuos.
Boa vizinhança
Dos primeiros 24 ultramodernos caças de ataque Sukoi que a Venezuela comprou da Rússia, 12 encontram-se na Bolívia, em viagem de boa vizinhança. Uma forma de Hugo Chávez demonstrar que quem mexer com Evo Morales leva chumbo ou coisa pior. A referência é para supostos separatistas bolivianos insatisfeitos com a política de seu presidente, em especial situados na região de Santa Cruz de La Sierra.
Não temos nada com isso, mas que essa notícia incomoda, nem haverá que duvidar. A Venezuela dispõe da mais moderna força aérea estacionada na América Latina, pois, além dos Sukoi, comprou dezenas de helicópteros de transporte de tropa. Continua comprando. Em potencial aéreo, depois vem o Peru, em seguida o Chile.
Nós disputamos com a Argentina o quarto lugar, com aeronaves velhas, ultrapassadas e sem poder decolar, por falta de peças. Caso precisássemos guarnecer a fronteira com a Bolívia, faltaria gasolina para uns poucos tanques se deslocarem até lá. Como não haveria munição para baterias antiaéreas, se conseguissem movimentar-se. Pensar em navegação militar fluvial em Mato Grosso é brincadeira. O presidente Lula prometeu que em 2012 será a hora de reequipar nossa Aeronáutica...
Campo
Tivesse Lula assessores menos imediatistas e receberia conselhos para dedicar-se mais ao campo, em vez de estar em Zurique para festejar a realização da Copa de 2014 no Brasil. E não se trata de levar o cofre do Banco do Brasil para o interior, porque de crédito os produtores rurais parecem satisfeitos. O campo significa as cada vez maiores zonas de conflito entre fazendeiros e sem-terra, ambos extrapolando limites do bom senso. De um lado e de outro armam-se milícias que pouco têm a ver com a reforma agrária.
São quadrilhas intimidando e devastando acampamentos de uns e propriedades de outros. É o moderno cangaço, que se tem produzido vítimas, muito mais produzirá se não houver um basta. Nem as polícias militares dispõem de condições, se tivessem vontade, nem o MST e os donos da terra julgam-se subordinados a um poder inexistente. Vive-se, no campo, uma situação em que não basta a ação dos párocos, dos bispos e até dos cardeais para estancar o cisma. Exige-se, mesmo, a palavra e a presença do papa.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Em destaque

Para rebater críticas, Pimenta diz que não é inimigo do governador Eduardo Leite

Publicado em 15 de maio de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Lula se livrou de Pimenta, que não ficará mais no Pl...

Mais visitadas