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Lyra apresentou ''''16 provas'''' contra Renan no Senado
Caso do uso de laranjas para a compra de emissoras impressiona senadores que manusearam documentos
Expedito Filho, BRASÍLIA
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A três dias do julgamento em plenário por quebra de decoro parlamentar, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sabe que nem mesmo a absolvição da acusação de uso de dinheiro de um lobista para pagar as despesas da jornalista Mônica Veloso (com quem tem uma filha fora do casamento) é garantia de um final feliz para sua agonia. Repleta de indícios e provas, a representação do DEM e do PSDB que o acusa de ter sido dono oculto de rádios em Alagoas, avaliadas em R$ 2,5 milhões, é o caso mais espinhoso que o senador tem pela frente.
Os senadores e técnicos que já manusearam a documentação ficaram impressionados com o número de provas e indícios. Orgulhoso de seu nome e sobrenome, Renan evitou colocá-los nos empreendimentos. Preferiu o amparo de laranjas e prepostos, como atestam os documentos encaminhados pelo usineiro João Lyra, ex-sócio e agora adversário político. O Estado teve acesso às 16 provas organizadas pelo usineiro e apresentadas ao Senado. Nelas constam um roteiro de como a transação foi efetuada e também os indícios de que o presidente do Senado se utilizou de terceiros para ser dono oculto de veículo de comunicação.
O negócio começou em 1998, quando os empresários alagoanos Nazário Pimentel e Luiz Carlos Barreto procuraram João Lyra e Renan com a proposta de venda de uma rádio e um jornal. Em dezembro daquele ano, Pimentel apresentou proposta ao senador. A compra da Editora O Jornal e da Rádio Manguaba foi feita logo em seguida. Detalhe: os recibos de pagamentos foram efetuados por Tito Uchoa, preposto de Renan, ao empresário Pimentel.
Na papelada, constam também recibos de pagamento do diretor do grupo de comunicação a Tito Uchoa. Os recibos correspondem a 50% do valor pago pela compra da rádio. O restante se deu através de aporte de João Lyra. Os depósitos eram feitos pelo usineiro e o jornal e a rádio emitiam notas promissórias e cheques em garantia do pagamento realizado. Segundo Lyra, "o assunto era tratado no próprio gabinete do senador Renan Calheiros". Como prova, ele apresentou uma página timbrada do gabinete do presidente do Senado na qual os valores dos pagamentos são relacionados.
O usineiro conta que, no período compreendido entre os anos de 1999 e 2002, o jornal teria sido administrado por assessores dele e de Renan. A parte do presidente do Senado no negócio teria sido paga diretamente, em espécie, a João Lyra.
Em maio de 2002, a rádio Manguaba passa a ser administrada por José Queiroz, assessor de Renan, e José Carlos Paes, assessor de João Lyra. Como o negócio era temporário, já que a rádio seria somente de Renan, o nome do usineiro não teria figurado em O Jornal. A suspeita dos senadores é que João Lyra, da mesma forma que Renan, usou Paes como seu laranja no negócio, já que é pouco provável que somente o presidente do Senado tenha utilizado terceiros na operação.
Renan e João Lyra acabaram desfazendo a sociedade oculta. A rádio Manguaba ficou para Renan; O Jornal, para o usineiro. Ainda assim, depois de formalização na junta comercial, João Lyra diz que Renan se encarregou de renovar a licença da rádio Paraíso, outra emissora adquirida pelo usineiro na mesma época. Na versão de João Lyra, a renovação só se daria mediante pagamento de R$ 500 mil. O dinheiro teria sido entregue a Tito Uchoa, segundo uma das provas obtidas e encaminhada pelo usineiro. E o pior: feita a renovação o fato é comunicado pelo próprio senador, no período do pagamento e alguns dias depois de uma visita de João Lyra a Renan no Palácio do Planalto. O peemedebista despachava no Palácio em razão de ter assumido interinamente a Presidência da República. Todas as provas constam de um volumoso dossiê à disposição dos senadores. É por isso que o caso das rádios é um complicador da agonia de mais de 100 dias por que passa o senador alagoano.
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