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quinta-feira, setembro 06, 2007

CERCO A PREFEITURA DE JEREMOABO.(2@ Ediçao ampliada)


Observaçao do Blog:


Este hoje ultrapassou a barreira de mais de 54.000 (cinqüenta mil) visitas, embora registrando um marco histórico e negro para Jeremaobo/Bahia, resolvemos mandar imprimir três mil exemplares da segunda edição ampliada e revista da matéria abaixo mencionada, aqual estamos distribuindo gratuitamente para que a população leia e medite o perigo ou abismo que iríamos ingressar caso o chefe desse bando conseguisse ser eleito prefeito do nosso município.

Há acontecimentos que o homem não pode nem deve esquecer. Este é um deles.
o que aconteceu deve ser recordado em todos os dias das nossas vidas para que não se volte a repetir




CERCO A PREFEITURA DE JEREMOABO.


Estamos no Ano de 2007, pois é há mais de 70 anos da década de 30 do Século passado e a história que vou contar é verdadeira. Trata-se do cerco e invasão da Prefeitura de Jeremoabo pela nova era do cangaço. Conta-se nos livros especializados que Lampião nunca entrou na cidade de Jeremoabo, por dois fatores: a) era sede das Volantes que o combatia; b) Jeremoabo tinha como chefe político o Cel. João Sá, político de prestígio em Salvador. Lampião não invadiu, porém, João Ferreira invadiu a Prefeitura, desta feita com reforço da Polícia Militar local, que antes era a Volante e agora virou cangaço.

Tudo começou quando o Juiz de Direito da Comarca afastou preventivamente o Prefeito eleito em 03.10.2004 para um mandato de 04 (quatro), em ação de improbidade Administrativa, de iniciativa do Ministério Público, de nº. 003/2007, por supostos danos causados ao erário público em convênio entre o Município e CEF. A finalidade era preservar o interesse público, manter a paz e o equilíbrio social. Acontece que a coisa embolou o meio de campo e houve o cerco e invasão da Prefeitura, já no sábado, dia 01.09.2007, por volta do meio dia.

Intimado o advogado de Spencer, o autor da narrativa, a cópia dos autos foi despachada para a capital do Estado, onde ali é estabelecido o advogado que assiste o Prefeito nas causas que tem curso em Salvador. A partir da intimação, começou a fluir o prazo para oferecimento de embargos de declaração, o que suspende a execução do julgado provisório e de nome meio estranho para o povo, decisão interlocutória mista. Bem, isso não importa o que importa é o cerco da Prefeitura e sua invasão, estória que vou contar.

O vice-Prefeito, João da Silva Varjão, conhecido por João Ferreira, tabaréu tinhoso e muito sabido que já fora Vereador, vice-Prefeito e Prefeito, com o peso da idade e com deficiência auditiva, já não demonstrava disposição para o cerco, bem, isso, aparentemente, porém tinha consigo o ex-Pe. Moura, é sempre assim, é da tradição de Jeremoabo a presença de um padre para atrapalhar ou jogar pragas, Pedrinho e Manu, filhos de João, ambos na mocidade e doidos pela coisa pública, Tista, ex-Prefeito e acusado em ações de improbidade administrativa e criminal na Comarca. Toureiro, paraibano, não sei se destemido, sei que conversa como um danando. É inimigo do atual Prefeito e segundo dizem, também de Tista, ex-prefeito. Desta feita tinha Tista como aliado.

Declarado o afastamento provisório do Prefeito eleito pelo povo, pendentes medidas judiciais na Comarca e na Capital, o cheiro do dinheiro público começou a atrair e atrair, até encher a paciência. Não importa que o dinheiro seja um bem público a ser revertido para o povo. O importante é botar a mão nele sob o discurso do resgate da moralidade. Pasmem, é isso mesmo, moralidade pregada por João, condenando pelo TCU a devolver dinheiro aos cofres Federais, e Tista, que responde a mais de 12 ações na Comarca e condenando a restituir dinheiro aos cofres do Município, por decisões do TCM-BA, em ações de improbidade, e em execução promovida pelo INSS, por apropriação indébita.

Depois da publicação do afastamento do Prefeito na 2ª feira, dia 27, os destemidos de uma suposta moralidade pública começaram o cerco a Prefeitura. Inicialmente o cerco foi feito sobre o juiz e o Promotor. O último veio a dizer que publicado o afastamento, o Vice poderia assumir. A partir daí o caldo engrossou. Na 3ª feira, a cidadela, leia-se, Prefeitura, estava de pé e o desafio era sua invasão e tomada. Vira e mexe os ânimos se exaltavam embora o povo não se importasse e nem se importa com isso, o interesse é particular.

O cerco efetivo começou na 4ª feira e na primeira arremetida os jagunços tiveram êxito. Chegaram até a sala de espera do primeiro pavimento. Os pobres barnabés da Prefeitura esbugalharam os olhos com receio das conseqüências. Dessa parada seu criado participou. Tudo ficou no bate boca. A jagunçada recuou, desceu as escadas e seus líderes discursaram na porta da Prefeitura com microfone e tudo. Moral da estória, 50 ou 60 pessoas assistiam do lado de fora. Eu que não sou besta, mandei trancar as portas das salas e a porta de entrada e fomos embora.

Como em Canudos, a primeira Coluna falhou e feio. Na 5ª feira, já no dia 30, a tentativa ficou no boca a boca. A 2ª Coluna fez nova tentativa na sexta-feira. Esbarrou em Dr. Adelmo, advogado da Prefeitura, e em Márcia, que rodou a baiana, destemperada, peitou revoltosos. A Guarda Municipal foi chamada e os ânimos foram acalmados. No sábado a estória seria outra.

Um morador me deu o seu testemunho.

Segundo ele, a invasão foi marcada para o sábado, por volta das 12:00. O comando do ataque era coordenado por João Ferreira, o vice-Prefeito, do PMDB, ligado ao Ministro Gedel Vieira, Tista, do DEM (demo), ligado ao Dep. Antonio Carlos Neto, e Toureiro, comerciante que brigava com todo Prefeito que não lhe compasse combustível. Tudo foi bem estudado. A Prefeitura fica na Rua José Gonçalves, em prédio colado, tendo uma porta de frente e outra de fundos. Pelo lado direito, depois de duas casas, tem um beco que vai para a Câmara de Vereadores. De frente, a rua é de duas pistas e mais adiante tem o beco que vai para os antigos banheiros públicos, a antiga lavanderia pública e os cajueiros. O problema era á tática a ser empregada. Poderia haver resistência feroz.

Como parte do estratagema de guerra foi estudada o seguinte. No fim de semana o Juiz da Comarca estaria em Feira de Santana – BA acompanhando familiares, por necessidade. O Promotor Público também ali não estaria, já que substitui em outra Comarca. Se bem que não seja juiz para mandar fazer ou deixar de fazer, ele poderia atrapalhar a invasão na defesa do patrimônio público, chamando a Polícia Militar que com ele seria a Volante e sem ele faria parte da jagunçada, e foi o que aconteceu.

João Ferreira partiria do Brejo Grande, seu povoado de nascimento, distante 40 km da sede municipal, com alguns companheiros, cartucheira passada, chapéu tipo lampião, capanga e punhal. Manu e Pedrinho e mais dois sairiam da rua onde moram, José Lourenço de Carvalho e cercaria pela Rua Duque de Caxias, fundos da Prefeitura. Esses além da indumentária de João tinham algumas fitas coladas aos chapéus de diversas cores.

Tista viria do Bonfim, bairro onde reside, chefiando a Cavalaria com um chapéu prateado pregado de moedas opacas para não refletir a luz do sol. As fitas dele seriam vermelhas, sangue do povo sugado por oito anos de administração. Toda tropa tem um Capelão, esse seria o Pe. Moura, ex-padre, rapaz afrontado, piauiense morador de Jeremoabo e sua grande obra era chamar João Ferreira de ladrão quando esse foi Prefeito. O nezinho do jegue. Outra parte do exército de brancaleone viria do Posto Pé de Serra, de Toureiro.

Pronto. Chegou à hora. A concentração se daria por voltas das oito horas da manhã. Pelas esquinas espreitaram o prédio da Prefeitura. Nada podia falhar. A resistência que se anunciava seria terrível. Ali a Guarda Municipal poderia se aquartelar por dias. O Secretariado poderia fazer parte da defesa, uma vez que o Prefeito não voltara de Salvador.

Tudo parado em frente da Prefeitura.

De fora não dava para enxergar o que se passava na parte de dentro. Observadores foram designados para espreitar do alto das casas em frente. O primeiro subiu na casa de Zé de Manelinho. A tropa revoltosa contava com dois reforços vindos de Salvador, dois moços de calça e culote. Tudo dando certo contaria para seus colegas dotores que foram em Jeremoabo, arrombaram a Prefeitura e entregaram o Governo a República do Brejo Grande. A Bandeira da República já fincada com os brasões, tremulava. O armamento era de bacamartes e um velho canhão, usados na Guerra de Canudos, espingarda de socar (de tempero), punhais, cartucheiras e espadas para os comandantes militares.

O tempo passava e o suor cobria a testa de cada um. A adrenalina subia cada vez mais e vinha aquele amargozinho na boca. O medo era da resistência. A Prefeitura de Jeremoabo, na frente, tem vária pequena janelas de vidro e dali viriam os disparos da resistência. A coisa piorava. Quando disseram que das janelas do pavimento superior da Prefeitura viriam os tiros, o negócio ficou feio, exalava mau cheiro de todo canto, todo mundo tremia e veio o inesperado, a dor de barriga que afligia a todos. Caganeira para todo lado.

Bino, que de besta não tem nada, vereador astuto e bicheiro, logo armou sua banca divulgando que na tarde o bicho seria o veado. Os bestas jogaram e o bicho que deu foi à zebra. Deu um bode danado.

O cerco já ia por mais de duas horas e todos estavam de pé desde as três horas da manhã, exceto os comandantes militares que não dormiram. Traçavam os planos. Todos já cobravam de João uma decisão, enfim, ele era o vice-prefeito, o comandante geral das tropas e ele mal escutando, perguntava: Cuma? Ah! Esqueci. O total da tropa revoltosa era de 19 pessoas e mais os policiais militares. Se eles participaram, oh meus Deus, vejam a filmagem e as fotos que Márcia tem. O importante é saber como ficará o Comandante Geral da Polícia Militar em Salvador, uma vez que a briosa participou da invasão.

Tinha com eles um vereador fogoso e já testado. Certa feita trocou tapas com um correligionário do Prefeito, em dia de festa e muita cachaça. Trajado a rigor, riscava a peixeira na pedra e gritava agora eu vou. O nome dele é peça de abrir fechadura e se chama Antonio Chaves.

Enquanto o cerco acontecia, nenhuma iniciativa, alguém lembrou a João: vamos João para a janelinha de Romário que agora era a cadeira do Prefeito, com pena, bico, mata borrão e até talonário para mexer no FPM e no FUNDEB.

Nesse momento ele se ouriçou e deu ordem de comando a tropa rumando para a cidadela. Não se ouviu nenhum disparo ou refrega. Nenhuma resistência. Caminho livre. Cadeado quebrado com turquesa, polícia militar, porta aberta e ninguém no prédio, apenas eles saíram com papeis debaixo dos braços. O que somente um levantamento posterior iria saber. Tudo em silêncio, nenhum disparo defensivo e nenhuma resistência. Pronto, agora era somente proclamar a República do Brejo Grande e nomear os capitães de guerra e os guarda-livros. Finalmente foi tomada a Prefeitura.

Conta à história que se tinha até secretariado previamente nomeado. Até Controlador de fé, de nome Teté, que na segunda não atou e nem desatou, foi exonerado da Câmara de vereadores onde exercia o cargo, e olhem que as férias eram boas.

Depois de tomada da Prefeitura alguns servidores, não se sabem se destemidos ou curiosos, compareceram ao Prédio e de lá foram retirados, já pela Polícia Militar. Até o Chefe da Guarda Municipal, Zezé de Pessoa, foi retirado pela Polícia devidamente fardada que tinha no comando de Jeremoabo o Capitão do São João, da taca para todo lado e naquela hora, sob novo comando. Nos anos 30 do Século passado a Polícia Militar era a Volante e os jagunços bandidos. Na invasão da Prefeitura de Jeremoabo eram todos farinha do mesmo saco. Ou Capitão danado! No São João se omitiu e deixou a pancadaria correr frouxa.

Essa é a estória da tomada da Prefeitura de Jeremoabo por João Ferreira.

Quem me contou essa história jurou que era verdade e afirmou que a tudo assistiu com os olhos que a terra há de comer. Ele mesmo me disse que chegou perto de João e dos seus comandantes militares de empreitada e perguntou: E agora, vão também invadir o banco do Brasil? O interesse não é o dinheiro do povo? Resposta: Ai nós não pode. Aqui, na Polícia Militar quem manda é nós e já com a Polícia Federal eles algemam e nos mostra TV Globo, bem em frente do povo. A refrega é maior e o buraco é mais embaixo.

Depois da narrativa do cidadão procurei saber a verdade do entrevelo e do cerco feroz da Prefeitura no sábado. Soube que ele a tudo assistiu bem acocorado, na casa de Darci, vizinha da Prefeitura.

Dedé e Jovino, os jornalistas do local, me mandaram foto e filme onde eu ainda vi mais pessoas que do cerco participaram, alguns até afamados, vaso sanitário e vidros quebrados, o telhado arrebentado, digitador de luvas, para não ser reconhecido que dormiu no ponto e terminou filmado.

Paulo Afonso, 01 de setembro de 2007. Fernando Montalvão.

Montalvão, Fernando. CERCO A PREFEITURA DE JEREMOABO. Inserido em 21.05.2007. Paulo Afonso – BA. Disponível em: http://www.montalvao.adv.br/plexus/artigos_conxoespoliticas.asp

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