Por: Correio da Paraíba
Num discurso que durou mais de uma hora, o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna, rechaçou ontem as denúncias envolvendo seu nome na operação sanguessuga da Polícia Federal na qual foram presos dois assessores parlamentar do seu gabinete - Marcelo Carvalho e Roberto Miranda - e recebeu a solidariedade de senadores que se encontravam presentes ao plenário. Suassuna leu trechos do grampo onde a ex-funcionária do Ministério da Saúde, Maria da Penha, fala com o empresário Luiz Antonio Vedoin a respeito das emendas de sua autoria. No diálogo, segundo o senador, fica claro que havia um complô, sem seu conhecimento, na utilização das suas emendas junto ao Ministério.
Outra prova apresentada pelo parlamentar foi um oficio encaminhado ao Ministério da Saúde pedindo a liberação de R$ 3,6 milhões para aquisição de material hospitalar para 20 municípios paraibanos, que seriam destinados a duas organizações não governamentais, no qual sua assinatura teria sido comprovadamente falsificada. O laudo grafotécnico do documento será encaminhado ao corregedor do Senado, senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Emendas: 30% para a saúde
Em outro trecho do discurso Suassuna enfatiza que a Paraíba é um Estado onde as ambulâncias são extremamente necessárias, uma vez que o sistema de saúde é precário e os pacientes em estado grave têm que ser transferidos para hospitais em Campina Grande e João Pessoa. "Essa é a maior demanda que temos por aqui e não vou deixar de atender ao povo paraibano. Pedia, peço e não deixarei de pedir, pois essa é a minha obrigação como parlamentar".
A respeito da questão das emendas ao orçamento para ambulâncias, além de reiterar que é a maior demanda dos municípios paraibanos, o líder peemedebista lembrou que a resolução 29/2006 obriga a que pelo menos 30% das emendas ao orçamento sejam destinadas à saúde. "Como não dispomos de hospitais e médicos nos municípios mais carentes a única solução é a liberação de recursos para ambulâncias", enfatizou.
O líder peemedebista ainda esclareceu que não cabe ao parlamentar indicar onde cada município deve realizar a compra e de que forma fará. Ele lembrou que sua atribuição é tão somente liberar a emenda. "Nós apresentamos o projeto e, após o recurso ser liberado pelo Ministério vai direto para a conta da prefeitura. Onde é que o parlamentar participa?" indagou.
Lucro de R$ 200,00
O senador fez questão de enfatizar que as treze prefeituras que fizeram a compra de ambulâncias junto a Planam, adquiriram o veículo pelo preço de mercado. Ney Suassuna ainda informou que todas as suas emendas destinadas à compra de ambulâncias tinham verba com valor determinado de R$ 80 mil, valor real dos veículos.
Por fim o líder lamentou que as acusações lhe foram imputadas sem que ele tivesse o direito de defesa e criticou duramente alguns setores da imprensa que sequer avaliaram os fatos de forma racional, a exemplo da matéria veiculada pelo jornal Folha de São Paulo onde o repórter acusa o senador de se beneficiar da emenda, mas admite que o lucro das empresas com a venda das ambulâncias foi apenas de R$ 200,00.
"Alguém com a mínima noção de matemática vai perceber que não faz qualquer sentido me acusar de desvio de recursos. Num período de dois anos liberei recursos para 29 ambulâncias, das quais apenas 13 foram compradas na empresa suspeita de superfaturar. Com o lucro de apenas R$ 200,00, daria um valor total, num período de dois anos, de R$ 2.600,00. Ninguém de bom senso sujaria sua biografia por tão pouco. Eu jamais desonraria o povo ao qual represento com tanto orgulho aqui no Senado", afirmou o senador com lágrimas nos olhos.
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