quinta-feira, outubro 30, 2025

Artigo de Opinião: A Guerra no Rio e a Falência da Inteligência na Segurança Pública


* Por: José Montalvão


                                         Foto Divulgação



 Artigo de Opinião: A Guerra no Rio e a Falência da Inteligência na Segurança Pública

As recentes notícias vindas do Rio de Janeiro são estarrecedoras. Mais de uma centena de vidas ceifadas em operações e confrontos armados. Homens, mulheres e jovens — muitos deles inocentes — morreram em meio a uma guerra que parece não ter fim. E o mais grave: não se ouviu falar em prisões ou mortes dos verdadeiros chefes do crime, aqueles que comandam de longe, protegidos por uma rede de poder, dinheiro e impunidade.

Essa triste realidade me faz lembrar o que aprendi nos estudos sobre segurança pública: “o combate ao crime se faz com inteligência técnica e científica”. Essa é a essência de uma segurança moderna, eficiente e humana. O que temos visto, contudo, é o oposto — uma política de segurança baseada no improviso, no exibicionismo e na força desmedida, que apenas multiplica o sofrimento das comunidades e o descrédito das instituições.

A inteligência técnica e científica é a arma mais poderosa que um Estado pode ter contra o crime. A perícia criminal, por exemplo, é essencial para garantir provas sólidas e punir com justiça. A inteligência policial é capaz de mapear rotas, identificar padrões e antecipar ações de facções. A tecnologia da informação permite cruzar dados entre polícias, Ministério Público e Judiciário, agilizando investigações e evitando a perda de tempo e de vidas.

Enquanto o mundo avança com o uso de inteligência artificial, monitoramento de redes, big data e reconhecimento facial, o Brasil ainda insiste em métodos de guerra urbana, em operações que transformam comunidades em campos de batalha. É uma estratégia que não combate o crime, apenas o desloca. Tira o problema de um bairro e o transfere para outro, sem jamais atingir o comando do tráfico.

E aqui é preciso dizer: a culpa não é dos policiais que estão na linha de frente, arriscando a vida. A responsabilidade é dos governos que não planejam, não investem, não integram os órgãos de segurança e continuam tratando a violência como questão de força, e não de inteligência. Faltam equipamentos modernos, centros de análise de dados, integração entre as forças e, acima de tudo, vontade política de enfrentar as verdadeiras causas da criminalidade.

A cada operação desastrosa, o Estado perde mais credibilidade e o crime ganha terreno. O medo se espalha, a população se distancia das autoridades e o ciclo da violência se renova. Essa é a consequência de uma política míope, que prefere o espetáculo das armas ao trabalho silencioso e eficaz da inteligência.

O Rio de Janeiro não precisa de mais sangue. Precisa de estratégia, de ciência, de profissionais valorizados e de gestores públicos comprometidos com resultados, e não com manchetes.

Força sem inteligência é brutalidade.
Violência sem propósito é barbárie.
E um Estado que não aprende com os próprios erros é cúmplice da tragédia que repete.

O dia em que o Brasil entender que segurança pública se constrói com investigação, tecnologia e respeito à vida, talvez possamos, enfim, substituir a guerra pela paz — e o medo, pela justiça.

José Montalvão -  Funcionário Federal Aposentado, Graduado e Pós-Graduado em Gestão Pública, proprietário do Blog DedeMontalvão, matrícula ABI C-002025 

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