“Um povo não pode nem deve deixar o tempo levar seus prédios históricos.” Essa frase ressoa como um alerta e um lamento. Onde antes se erguiam casarões, sobrados e mercados cheios de vida, hoje restam apenas ruínas e lembranças. A destruição e o abandono do patrimônio histórico representam mais do que a perda de paredes e telhados — significam o apagamento da própria identidade de um povo.
A importância da preservação
Os prédios e casas antigas contam histórias silenciosas. Cada parede, cada janela e cada detalhe arquitetônico carrega marcas do tempo, da cultura e das pessoas que moldaram o passado de uma cidade. A preservação do patrimônio histórico é, portanto, um ato de respeito à memória coletiva e à herança cultural que formam a base da nossa identidade.
Memória e identidade
Quando um imóvel histórico desaba, não é apenas uma construção que se perde — é uma parte da memória que se apaga. O descuido com o patrimônio é o reflexo do descuido com a própria história. Em Jeremoabo, por exemplo, as ruínas da Casa do Barão de Jeremoabo (Caritá), da Casa do Coronel João Sá, e até da primeira casa do município, revelam o quanto a negligência atravessou gerações. Esses prédios deveriam ser tratados como relíquias vivas, e não deixados à mercê do tempo e do esquecimento.
Educação e conhecimento
A preservação também tem valor pedagógico. Prédios históricos são salas de aula a céu aberto, onde as novas gerações podem aprender sobre arquitetura, cultura, política e modos de vida de outras épocas. Manter esses espaços vivos é educar o olhar do cidadão para a importância da história local e nacional.
Turismo e economia
Em muitas cidades brasileiras, o investimento na preservação do patrimônio histórico transformou-se em fonte de desenvolvimento econômico. Locais como Ouro Preto, Olinda e Salvador são exemplos claros de que a conservação dos centros antigos gera turismo, emprego e renda, fortalecendo a economia local por meio da cultura e do turismo sustentável. Jeremoabo poderia seguir o mesmo caminho, utilizando seus casarões e prédios antigos como parte de um roteiro histórico-cultural.
Qualidade de vida e sustentabilidade
Preservar é também um ato de sustentabilidade. A reabilitação de imóveis antigos evita a degradação das áreas centrais e incentiva a ocupação responsável do espaço urbano. Além disso, promove a autoestima dos moradores, que passam a reconhecer o valor histórico e afetivo do lugar onde vivem.
Responsabilidade compartilhada
Não adianta hoje tentar culpar o prefeito Tista de Deda pelo abandono e pela ruína dos imóveis históricos de Jeremoabo. A verdade é que o descaso vem de longe — o próprio prefeito talvez nem tivesse nascido quando parte desse patrimônio começou a se perder. Um exemplo disso foi a demolição do antigo Mercado Público de Jeremoabo, construção do século XIX, que poderia ter sido transformada em um museu, biblioteca ou centro cultural. Aquele ato foi, sem dúvida, uma perda irreparável para a memória do município.
Preservar é um dever coletivo
A preservação do patrimônio histórico não é responsabilidade de um único governante, mas de toda a sociedade. É necessária uma ação conjunta entre o poder público, especialistas — como historiadores, arquitetos e urbanistas — e a população. Só assim será possível salvar o que ainda resta e reconstruir, simbolicamente, o que já foi destruído.