Publicado em 1 de fevereiro de 2024 por Tribuna da Internet
Camila Turtelli
O Globo
Um dos alvos da operação “Vigilância Aproximada” da Polícia Federal, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) disse já ter sido intimado, mas para prestar depoimento somente no final de fevereiro. Ele não deu mais detalhes sobre a data exata.
Ramagem, sete policiais federais e três servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram alvos da operação da PF, na semana passada, contra um suposto monitoramento ilegal feito pelo órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele nega irregularidades.
DISSE O DEPUTADO — “Eu só fui intimado agora e devo ser ouvido ao final de fevereiro” — resumiu Ramagem.
Como revelou O Globo em março do ano passado, a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados, por meio dos aparelhos celulares.
Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários de Bolsonaro.
Na decisão que autorizou a operação, o relator Alexandre de Moraes cita a participação de Ramagem como membro titular da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, da qual ele faz parte desde o início do mandato. O colegiado é o único permanente no Congresso com poder para solicitar e ter acesso a documentos sigilosos.
MAIOR INTERESSADA – Em nota divulgada na semana passada, a Abin disse que “é a maior interessada” na apuração dos fatos e que continuará a colaborar com as investigações.
“Há 10 meses a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A ABIN é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, disse o órgão.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essas investigações não têm medo do ridículo. A operação da PF foi segunda-feira (29/01). No dia seguinte (30/01), o vereador Carlos Bolsonaro, que foi alvo da busca e apreensão, deu depoimento, mas sobre outro assunto, e os policiais não tiverem interesse em fazer perguntas sobre a espionagem paralela. O ex-ministro Augusto Heleno, que não é investigado diretamente e não vai dizer rigorosamente nada, já foi intimado para prestar depoimento nesta terça-feira, dia 6. Quanto ao principal investigado, Alexandre Ramagem, ainda nem foi marcada a data em que será ouvido. Desse jeito e com essa velocidade, a investigação da espionagem paralela, anexada ao chamado inquérito do fim do mundo, terminará no Dia de São Nunca. (C.N.)