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sexta-feira, agosto 26, 2022

O TSE chegou atrasado




Bolsonaro sabe que mentiras se espalham com mais velocidade do que a resposta de autoridades

Por Bruno Boghossian (foto)

O Tribunal Superior Eleitoral levou 36 dias para derrubar o vídeo da reunião com embaixadores em que Jair Bolsonaro repetiu mentiras sobre as urnas. O ministro Mauro Campbell apontou que o presidente "insiste em divulgar deliberadamente fatos inverídicos" e que a conduta pode configurar uma prática abusiva.

A decisão indica que o tribunal conhece muito bem os métodos de Bolsonaro, mas continua sem um plano eficaz para contê-lo. O presidente só "insiste em divulgar deliberadamente fatos inverídicos" porque percebeu que suas mentiras se espalham com mais velocidade do que a resposta de qualquer autoridade. Além disso, sentiu que as punições são pouco dolorosas.

Naquela reunião com embaixadores, Bolsonaro fez estrago em tempo real, mas as falsas suspeitas sobre o sistema de votação continuaram no ar por mais cinco semanas —incluindo acusações desmentidas exaustivamente pelo próprio TSE.

Na decisão, Campbell apontou que havia o "risco evidente de irreversibilidade do dano" à confiabilidade do processo eleitoral. Se esse prejuízo é mesmo irreversível, nenhuma autoridade pode se orgulhar de ter feito muita coisa para evitá-lo nesse caso.

O encontro de Bolsonaro com os embaixadores ocorreu no dia 18 de julho. No início de agosto, o YouTube tirou a gravação do ar, mas a transmissão continuou disponível nas redes sociais e até na TV Brasil, controlada pelo governo. O acesso aos vídeos ficou livre até que o TSE aceitasse um pedido de remoção que só foi feito pelo PDT na semana passada.

Nas eleições de 2018, a Justiça Eleitoral foi atropelada pelas fábricas de desinformação. Já depois do primeiro turno, a presidente do TSE, Rosa Weber, disse que a corte ainda estava "aprendendo a lidar com fake news".

Ao assumir o comando do tribunal, na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes prometeu resposta "célere, firme e implacável" a práticas abusivas ou fraudulentas. A Justiça Eleitoral tem poucas semanas para mostrar se aprendeu algo nos últimos quatro anos.

Folha de São Paulo

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