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sábado, julho 31, 2021

Faroeste: Polícia apura se filho de borracheiro está envolvido em morte de agricultor

Faroeste: Polícia apura se filho de borracheiro está envolvido em morte de agricultor
Agricultor Paulo Grendene foi assassinado em junho | Foto: Divulgação

O filho do borracheiro José Valter Dias, Joilson Gonçalves Dias, é apontado pela Polícia Civil como um dos possíveis mandantes do assassinato do agricultor Paulo Antonio Ribas Grendene, em Barreiras, no oeste baiano. Joilson Gonçalves Dias é réu na Operação Faroeste acusado de atuar em parceria com o “quase-cônsul” da Guiné Bissau, Adailton Maturino. 

 

O agricultor foi assassinado no dia 11 de junho deste ano e havia denunciado que suas terras foram invadidas por pessoas ligadas à organização investigada na Faroeste (leia aqui). Trecho do Inquérito ao qual o Bahia Notícias teve acesso indica que os principais suspeitos de serem os mandantes do crime são Luís Rosa Filho, conhecido como Lulinha, e Martiniano Rodrigues Magalhães Neto.

 

A investigação aponta, porém, que Joilson Gonçalves Dias, Dirceu Di Domênico - um dos financiadores de Maturino - e João Antonio Franciosi - proprietário da Fazenda Santana, que produz algodão -,  “não podem ser descartados como mandantes” do crime de homicídio, além de Ruthson da Silva Dourado Castro. Di Domênico também é réu na Operação Faroeste (veja aqui). 

 

Os policiais militares identificados como possíveis executores do crime são Odilon Alves Pereira Neto e João Marcos de Sales Soares. Já os policiais Ronaldo Alves da Cruz e Uesley de Souza Mendonça são suspeitos de integrar a associação criminosa autora do homicídio. Já foram presos Lulinha, Martiniano e os policias Odilon Alves, João Marcos e José Antônio Rodrigues (saiba mais).

 

Foram solicitadas quebras de sigilo bancário dos executores e supostos mandantes, para identificar um possível vínculo existente entre eles, principalmente em relação aos executores. Foi solicitada a observação da evolução patrimonial dos suspeitos, bem como se são compatíveis com seus rendimentos e suas atividades lícitas, além da quebra do sigilo telefônico e realização de interceptação telefônica dos suspeitos, entre outras medidas. O inquérito é conduzido pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado, da Polícia Civil da Bahia. Os pedidos e diligências estão sob análise da Vara do Júri e de Execuções Penais de Barreiras. 

 

Seis suspeitos de envolvimento no crime já foram presos pela Polícia Civil, sendo cinco no dia 21 de julho e o sexto no domingo (25), na Operação Bandeirantes, realizada em Barreiras, Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia. A operação foi deflagrada pelo Departamento de Polícia do Interior (Depin). Conforme divulgado pela Polícia Civil, dentre os presos estão policiais militares e empresários. Armas, munições, celulares, computadores e documentos também foram apreendidos para identificação de possíveis provas.

 

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Joilson Dias recebeu procuração do pai, José Valter Dias, para atuar em seus interesses, devido ao seu estado de saúde. Com isso, Joilson teria ocupado lugar na organização criminosa formada com Adailton Maturino para cooptar agentes públicos para negociar benefícios em favor de seu grupo.  De acordo com as investigações, Joilson movimentou R$ 2,7 milhões no período investigado. Em oitiva da Polícia Federal, Joilson declarou que trabalhava como torneiro mecânico até o ano de 1999, juntamente com seu pai, na Retifica Pernambucana. Afirmou que no ano de 2000 abriu a empresa Retifica Tornotec, que funcionou até 2017. Declarou que sua renda mensal de R$ 70 mil é proveniente de acordos com produtores rurais que compraram as terras em litígio, objeto das ações que deram origem à Operação Faroeste. O patrimônio do filho do borracheiro é de aproximadamente R$ 15 milhões, envolvendo casas, fazendas, lotes e veículos, sendo que alguns estão em nome de outras pessoas. Ele contou ainda que conheceu Adailton Maturino entre 2000 e 2001. Adailton era administrador de empresas na época, e depois quase se tornou cônsul. De acordo com o MPF, já houve dois homicídios anteriormente no curso do esquema de compra e vendas de sentenças investigados na Faroeste (relembre aqui).

 

O advogado Maurício Vasconcelos, que defende Joilson e José Valter Dias na Operação Faroeste, afirma que seu cliente não tem qualquer envolvimento com o homicídio investigado. O advogado alega que, na verdade, Joilson e o pai, por muito tempo, receberam ameaças de morte e espancamentos, por conflitos e disputas de terras no oeste baiano. "A polícia tem todo direito de investigar, mas com a absoluta segurança, não vai encontrar nenhuma participação de Joilson no crime", declarou. Para o advogado, com as prisões, o crime já foi elucidado, apesar de burocraticamente, ainda estar em investigação.  Entretanto, ao BN, a Polícia Civil confirmou que a partir dos materiais recolhidos nos cumprimentos de mandados de busca e apreensão, o órgão segue investigando se existem novos integrantes do grupo que participaram do crime. Por causa da lei de abuso de autoridade, a polícia não confirma o nome de nenhum suspeito ou de quem já foi detido.

 

A defesa de Joilson Dias afirma que ele continua residindo em Barreiras e responde à ação penal 940, decorrente da primeira denúncia do MPF no Superior Tribunal de Justiça (STJ), na Operação Faroeste. Vasconcelos acrecentou que as disputas por terra na região começaram a ocorrer no início da década de 1980, quando sulistas começaram a migrar para região conhecida atualmente como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) para plantar cereais. Até o fechamento desta edição, o Bahia Notícias não obteve respostas da defesa de João Antonio Franciosi.


Bahia Notícias

 

 

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