Marcos Avellar
O prefeito de Sete Lagoas, Mário Márcio Campolina Paiva (PSDB), o Maroca, decidiu ignorar as decisões judiciais contra o nepotismo no poder público e nomeou um irmão, a mulher e o filho de um primo que é sócio da empresa que mais contribuiu com sua campanha à prefeitura. Ao irmão Paulo Rogério Campolina ele deu os cargos de secretário de Obras Públicas e secretário de Infraestrutura Urbana. A mulher Carolina de Carvalho Guimarães foi nomeada procuradora-geral do município. Já Gustavo Costa Paulino acumula as secretarias de Indústria e Comércio e de Turismo. Ele é filho de Breno Paulino, primo primeiro de Maroca e sócio da siderurgia Siderpa, uma das principais financiadoras da sua campanha.
Maroca nega ter praticado nepotismo ao nomear Gustavo Paulino para cargo do primeiro escalão municipal, por ser parente apenas de quarto grau. "Pela proximidade as pessoas confundem e acham que figura em nepotismo", respondeu. Já no caso do irmão, o prefeito reconhece o risco que corre, mas garante que acredita na competência de Paulo Rogério, formado em engenharia civil. "Eu sabia que teria problemas, mas quero é mostrar mais à frente os resultados de nosso trabalho", afirmou Maroca. O irmão já foi secretário de Obras na gestão de Ronaldo Canabrava, entre 2000 e 2004.
O prefeito que fez campanha com discurso de moralizar a política de Sete Lagoas, manchada com diversos escândalos de corrupção nos últimos anos - Canabrava chegou a ser afastado do cargo -, garantiu aos eleitores que faria escolhas para o seu secretariado com critérios estritamente técnicos, com base na competência de cada nomeado. Maroca, que disputou pela segunda vez as eleições - em 2004 ele foi derrotado por Ronaldo Canabrava -, saiu vencedor com 45% dos votos válidos.
PRECEDENTES Em 2008, o Ministério Público literalmente obrigou a Câmara Municipal de Sete Lagoas a demitir nada menos que 14 funcionários, todos parentes de vereadores. Já o ex-prefeito Leone Maciel se viu obrigado, por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC), que tratou sobre nepotismo, a exonerar a esposa, que era chefe- de-gabinete, e o cunhado, que ocupava o cargo de presidente da Cohasa.
Além de acomodar familiares, o secretariado de Maroca gerou polêmica na cidade não apenas pela nomeação dos parentes. Causou estranheza também o fato de o tucano nomear pessoas que passaram por cargos importantes na administração estadual. O secretário de Governo, Nadab Estanislau Abelin, é ex-chefe da assessoria do vice-governador Antônio Agusto Anastasia. Já Maria Lisboa de Oliveira, secretária municipal de Educação, ocupou a Secretaria-Adjunta de Estado da Educação.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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