Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

sexta-feira, janeiro 30, 2009

A criminalidade vai aumentar

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA– Do jeito que as coisas vão, chegaremos ao segundo semestre com um milhão de novos desempregados, a contar de outubro do ano passado. Ou não foram 665 mil até dezembro, mais pelo menos 100 mil este mês?
Não se dirá que os empresários dão de ombros para o drama de seus ex-empregados. Devem estar sentidos, mas, para eles, tanto faz como tanto fez. Estarão garantidos pessoalmente.
Só que existe outro problema tão grande quanto o desespero dos que vai perdendo postos de trabalho, humilhados por precisarem recorrer ao pálido seguro-desemprego ou ao bolsa-família.
Do milhão acima referido, quantos não resistirão à tentação ou à compulsão de buscar a marginalidade? Se for 1%, serão dez mil, mas poderão ser bem mais optando pelo crime, em especial em grandes centros como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outros.
A falta de previsão tem sido característica centenária dos governos nacionais e estaduais. Preferem o imediatismo. Seria bom parar para pensar, especialmente numa hora em que o palácio do Planalto puxa a fila dos cortes orçamentários para enfrentar a crise. Gastos com esporte, turismo, meio ambiente e defesa foram reduzidos de forma drástica no plano federal, como informou ontem o ministério do Planejamento. Dirão os tecnocratas de Brasília que segurança pública não é com eles.
Trata-se de problema dos governadores, também empenhados em passar a tesoura nos respectivos orçamentos. Só que não é bem assim. Dotações do ministério da Justiça e das forças armadas relacionam-se com a proteção do cidadão, e sofrem cortes.
A conclusão surge amarga: para enfrentar o aumento da criminalidade seriam necessários investimentos imediatos nos setores policial e sucedâneos. Só que está acontecendo o oposto. Além de não crescer, o arcabouço da segurança pública diminui. Como parece inócuo sugerir que cada cidadão passe a adquirir a sua arma, dentro da campanha ainda vigente pelo desarmamento, a solução seria, no mínimo, para a população comprar cadeados, aprisionando-se em sua própria casa... O IMPÉRIO REDIVIVO? - O império romano saiu pelo ralo há mais de mil e quinhentos anos, mas, pelo jeito, alguns pretendentes a César não sabem disso. Querem reviver a máxima do “Roma locuta, causa finita est”. A pressão do governo da Itália sobre o Brasil é inamissível, em pleno Século XXI, para a extradição de um italiano misto de terrorista, dissidente e diletante. Até na Gália os romanos respeitavam usos, costumes e leis das populações que dominavam. Ironicamente, o primeiro-ministro Berlusconi quer de volta um César de sobrenome Battisti, condenado em seu país de origem à prisão perpétua.
Para começo de conversa, o ministro Tarso Genro, da Justiça, aplicou a lei brasileira, apoiado pelo presidente Lula. Foi dado refugio ao indigitado cidadão, mesmo assim ainda preso na cadeia de Brasília. O Procurador-Geral da República, Antônio Fernando de Sousa, recomendou o arquivamento do processo de extradição, aberto pelo governo da Itália. Caberá ao Supremo Tribunal Federal a última palavra.
O problema é que Berlusconi determinou a convocação do seu embaixador, Michele Valensise, que por sinal embarcou há pouco para Roma. Um ato hostil, desnecessário e irrelevante, a menos que Força Aérea italiana se encontre de motores ligados para sobrevoar o Atlântico, num ato de ópera bufa.
CONSAGRAÇÃO - A bancada do PMDB no Senado homologou ontem a candidatura de José Sarney à presidência do Senado. Quase unanimidade, já que faltaram três. O ex-presidente está apoiado, também, pelo PSDB, o PTB e penduricalhos, além de parte do DEM. Está eleito, salvo reviravolta impossível.
Deixando para segunda-feira saber quantos votos o deputado Michel Temer perderá em sua escolha mais do que certa para a presidência da Câmara, e feita também à ressalva para os inusitados, a pergunta que surge é sobre o futuro.
Sarney e Temer são confiáveis para o presidente Lula, em termos da candidatura de Dilma Rousseff ao palácio do Planalto? É bom marcar coluna do meio. Nenhum dos dois avançou declarações de entusiasmo a respeito da possibilidade de a chefe da Casa Civil disputar a presidência da República indicada pelo PT.
Vão assumir a direção do Congresso entoando juras de amor à preservação da aliança do PMDB com o governo, mas guardarão distância razoável de qualquer engajamento prévio com a candidata. Será preciso aguardar as pesquisas e, nelas, os percentuais de Dilma, até agora restritos a um dígito.
Variáveis de diversas espécies serão consideradas. E se o presidente Lula acabar aceitando o terceiro mandato? Aécio Neves pode constituir-se numa opção, caso troque o ninho tucano pelo PMDB? E José Serra, deve ser considerado adversário?
Por tudo isso, melhor aguardar. De início, os discursos de posse dos dois caciques peemedebistas.
ALÉM DAS ENCHENTES - Depois da tragédia em Santa Catarina, ano passado, a natureza tem sido cruel para capitais como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outras. Mesmo cidades de densidade populacional menor sofrem com as chuvas, como raras vezes tem acontecido no país.
A explicação é uma só, lá e cá: sem exceção, tornaram-se insuficientes as galerias de escoamento das águas. As bocas de lobo entupiram, os rios são permanentemente assoreados com lixo, sujeira e esgotos.
O êxodo rural e o crescimento desordenado de favelas e mocambos vem sendo responsável por situações hoje impossíveis de ser enfrentadas. Décadas atrás, no Rio, frente a sucessivos incêndios em grandes prédios, um singular comandante do Corpo de Bombeiros aconselhou a população a comprar cordas, já que as escadas da corporação não chegavam aos andares mais altos. Se estivesse vivo, certamente iria sugerir que cada família adquirisse botes salva-vidas.
Obras de saneamento costumam não dar votos. Não aparecem. Há muito que as autoridades públicas desinteressaram-se de fazer em nossas capitais aquilo que Paris, Londres, Nova York e outras cidades fizeram ainda no século XIX. O principal, porém, seria evitar o crescimento desordenado dos grandes centros e até dos médios. Mas fixar o cidadão no interior, de que forma? Há quem ponha a culpa no agro-negócio...
Fonte: Tribuna da Imprensa

Em destaque

Promiscuidade! Ministro da CGU se reunia com os clientes no seu gabinete em Brasília

  Promiscuidade! Ministro da CGU se reunia com os clientes no seu gabinete em Brasília Publicado em 16 de maio de 2024 por Tribuna da Intern...

Mais visitadas