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terça-feira, dezembro 17, 2024

Exército passa por período de angústia, diz general que ocupará vaga de ministro no STM

 Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/Arquivo

Declaração foi dada pelo general Guido Amin Naves em sua despedida do Comando Militar do Sudeste17 de dezembro de 2024 | 14:21

Exército passa por período de angústia, diz general que ocupará vaga de ministro no STM

brasil

Futuro ministro do STM (Superior Tribunal Militar), o general do Exército Guido Amin Naves afirmou que “os tempos instáveis” vividos pelo Brasil atualmente causam aflição à corporação e reforçou o compromisso com a legalidade.

A declaração foi dada nesta terça-feira (17), durante a solenidade de despedida de Amin do Comando Militar do Sudeste, no Círculo Militar de São Paulo, na zona sul da capital.

“Temos uma série de questões dos três Poderes, e o Exército, como instituição do Estado, passa por uma angústia pelos caminhos que as coisas vão tomar”, disse ao ser questionado pela Folha após falar em “momentos incertos e desafiadores” em discurso.

“Mas a gente, como uma instituição que preza pela legalidade, pela institucionalidade, entende que isso seja um processo de maturação da sociedade. É preciso muito caráter moral para tomar decisões nesse contexto”, acrescentou.

Amin agradeceu em sua fala o comandante do Exército, general Tomás Paiva, responsável pela indicação de Amin no Comando do Sudeste.

“Sou testemunha ocular do seu esforço, resiliência, preocupação com a Força e com seus subordinados e acerto na condução do Exército em momentos tão incertos e desafiadores, diante de situações difíceis e da incompreensão de tantos”, disse o General Amin.

O evento também marcou a posse do novo comandante no cargo, o General de Exército Pedro Celso Coelho Montenegro. Em seu discurso, ele foi mais protocolar e não fez menções ao cenário político.

Assessores do Exército orientaram os jornalistas a não fazerem perguntas sobre outros temas que não fossem a posse de Montenegro e a despedida de Amin, caso contrário, a entrevista coletiva no evento seria encerrada.

No último sábado (14), a Polícia Federal prendeu o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) e também candidato a vice na chapa derrotada de 2022. A prisão foi realizada com o objetivo de mitigar a chance de o general interferir em investigação de trama golpista.

As suspeitas relacionadas à tentativa de interferir nas investigações vêm sendo acumuladas desde setembro de 2023, quando o tenente-coronel Mauro Cid teve homologado seu acordo de colaboração premiada no STF.

Cid relatou, em depoimento, que Braga Netto procurou diretamente seu pai, o general Mauro Lourena Cid, para pedir detalhes do que ele havia falado na colaboração premiada.

Segundo o chefe da PGR, Paulo Gonet, a representação da Polícia Federal traz “provas suficientes de autoria e materialidade dos crimes graves cometidos pelos requeridos”. Ele diz ainda que somente a prisão preventiva de Braga Netto seria suficiente para mitigar riscos à ordem pública e à aplicação da lei penal.

Como mostrou a Folha, no ápice do enquadramento das Forças Armadas pela Justiça por causa da investigação sobre a tentativa de golpe, integrantes da cúpula do Exército tentam distanciar Braga Netto da instituição.

Depois da solenidade desta terça, foi realizado um almoço de confraternização entre os militares. No evento, foi possível presenciar militares contra e a favor da prisão comentando sobre o tema.

Em reserva, participantes de maior nível hierárquico afirmaram que o general tem direito à defesa, mas reforçaram que qualquer ato contra o estado de Direito seria inaceitável.

Victória Cócolo, FolhapressPoliticaLivre

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