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quinta-feira, agosto 25, 2022

Um presidente que nada tem a dizer - Editorial




Quando questionado no ‘Jornal Nacional’ sobre quais são seus projetos para o País, Bolsonaro deixou claro que não os tem

Para qualquer candidato que disputa a eleição presidencial, a campanha é uma oportunidade única para conquistar votos entre os eleitores que não fazem parte de sua bolha de apoiadores. Se nos tradicionais debates é preciso disputar espaço com os opositores, o formato das sabatinas proporciona uma chance singular de apresentar projetos mais estruturados para públicos mais diversos. O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, desperdiçou um espaço raro no principal telejornal da rede de televisão aberta. Nos 40 minutos que teve à sua disposição no Jornal Nacional, expôs a essência de um governo sem qualquer projeto de País e que continua a apostar no diversionismo de temas laterais para tentar se reeleger. De tudo o que o presidente falou, o que chamou a atenção foi o absoluto vazio de ideias no que diz respeito aos planos para o futuro da economia.

Quando Bolsonaro ainda era apenas um candidato, seu desconhecimento sobre o tema garantiu protagonismo ao então assessor e futuro ministro Paulo Guedes. Agora, é natural e esperado que o presidente ajuste seu discurso, até porque a prática de seu governo se mostrou bastante diferente do que dizia na campanha. Não foram poucas as vezes em que Bolsonaro desautorizou Guedes e defendeu o oposto do que o ministro pregava, participando ativamente de discussões que levaram à destruição do teto de gastos, ao loteamento do Orçamento, à ampliação da isenção fiscal das igrejas, à intervenção na Petrobras, à expansão dos privilégios dos militares e às reduções de impostos à custa de Estados e municípios. Entre muitos outros exemplos, todas essas medidas foram adotadas por orientação expressa do presidente, independentemente dos impactos sobre as contas públicas, e contribuíram para minar a confiança na economia, elevar a inflação, aumentar os juros e desvalorizar o câmbio.

É verdade que essas condições não são uma exclusividade nacional. Em maior ou menor grau, todos os países foram afetados pelos impactos da pandemia de coronavírus e da guerra na Ucrânia. Mas, a julgar pelas pesquisas eleitorais, utilizar esses fatores para justificar a incompetência de seu governo não tem sido uma estratégia convincente. Afinal, a economia brasileira tem suas particularidades. O eleitor sabe que a queda dos combustíveis nem de longe compensou uma inflação de alimentos de quase 15% em 12 meses; sabe que a redução do desemprego não tem sido acompanhada pela melhoria da renda; sabe que o aumento dos juros levou a inadimplência a níveis recorde. É nesse contexto que o despreparo que Bolsonaro demonstrou na sabatina se destaca ainda mais. Diante de uma pergunta simples e até óbvia sobre o que faria caso fosse reeleito para garantir inflação sob controle, juros baixos e um câmbio favorável, o presidente parece renovar a esperança na condescendência que recebeu da maioria da população em 2018. Sobre o passado recente, disparou um arsenal de desculpas para se livrar de suas responsabilidades. Sobre o futuro, Bolsonaro simplesmente não teve nada a dizer.

O Estado de São Paulo

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