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segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Mourão avalia troca de comando na Petrobras como “questão de confiança” e diz que mercado age como “rebanho”

 

Mourão negou que a troca signifique interferência de Bolsonaro

Guilherme Mazui
G1

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira, dia 22, que a troca no comando da Petrobras não foi uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro, mas, sim, uma “questão de confiança”. Mourão ainda comentou a desvalorização das ações da Petrobras. Para ele, o mercado é um “rebanho eletrônico” e a mudança não prejudicará a companhia, já que o general da reserva Joaquim Silva e Luna, indicado por Bolsonaro, é um “camarada extremamente preparado”.

Luna assumirá no lugar de Roberto Castello Branco. A mudança, entretanto, precisa ser ratificada pelo conselho de administração da Petrobras. “Não [foi intervenção], pô. Está dentro da atribuição do presidente. O mandato do Roberto terminava dia 20 de março, poderia ser renovado ou não, a decisão é não renovar. Não vejo forma de intervir nos preços, até pela própria legislação que rege a companhia, que é o que está sendo comentado e muito, não vai haver isso. É uma questão de confiança na pessoa que está lá, pelo o que o presidente colocou”, disse Mourão.

FALTA DE COMUNICAÇÃO – Segundo o vice-presidente, pode ter havido falta de comunicação entre Castello Branco e Bolsonaro. Luna, escolhido por Bolsonaro para o comando da estatal, ex-ministro da Defesa e chefiava a hidrelétrica de Itaipu. Se o nome dele for aprovado, serão três os militares no comando da Petrobras, todos indicados pelo governo federal.

A troca no comando da Petrobras foi anunciada após Bolsonaro fazer reclamações públicas sobre o aumento no preço dos combustíveis nos últimos meses, especialmente do diesel. O litro da gasolina nas refinarias acumula alta de 34,78% desde o início do ano. Já o diesel subiu 27,72% no mesmo período.

O presidente chegou a fazer reuniões para discutir esses aumentos e anunciou corte de impostos para aliviar esses reajustes, mas sempre afirmou que não interferiria na política de preços da estatal, que segue a cotação internacional do petróleo.

INTERFERÊNCIA – Mourão negou que a troca signifique interferência de Bolsonaro na política de preços da Petrobras. O presidente enviou ao Congresso um projeto para alterar a forma de cobrança do ICMS, um tributo cobrado pelos estados. Bolsonaro também anunciou isenção de tributos federais no diesel.

Para lidar com o problema, Mourão sugeriu a criação de um fundo, abastecido com dinheiro dos royalties de petróleo, que seria usado para compensar eventuais altas dos combustíveis. “Na minha visão, a solução para isso é se a gente conseguisse criar um fundo soberano com base nos royalties do petróleo. E esse recurso, quando houvesse essas flutuações, fosse utilizado para amortecer os aumentos. Não tem outra solução fora disso aí”, afirmou.

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