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segunda-feira, janeiro 31, 2022

Bolsonaro despenca no Sul, a região que mais lhe deu votos.

 




As polêmicas criadas pelo presidente em relação à vacinação, a gestão catastrófica durante a pandemia e a pressão da inflação contribuíram para desgastar a imagem do presidente. 

Por Jeniffer Gularte 

Estado que garantiu uma das mais relevantes votações a Jair Bolsonaro em 2018, Santa Catarina é hoje o reflexo da perda de popularidade do presidente na região Sul. Em 2018, Bolsonaro obteve 75% dos votos entre os catarinenses, segundo maior percentual do país, atrás apenas do Acre, onde alcançou 77%. Atualmente, pesquisas apontam que ele oscila entre 45% e 48% das intenções de voto — uma queda significativa.

O tombo se repete nos demais estados do Sul. Segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada em janeiro deste ano, o apoio ao presidente na região caiu de 44% para 34% do início de 2021 para cá. O aumento da rejeição a Bolsonaro foi registrado tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul.

“A sociedade imaginou que poderia ser diferente com Bolsonaro e acabou não sendo. Há um reclame no meio político e de várias lideranças”, avalia o deputado federal Carlos Chiodini, do MDB catarinense.

As polêmicas criadas pelo presidente em relação à vacinação, a gestão catastrófica durante a pandemia e a pressão da inflação contribuíram para desgastar a imagem do presidente. “Bolsonaro continua liderando, mas com número bem menor do que foi em 2018. Sergio Moro, por exemplo, aparece melhor em Santa Catarina que na média nacional. São votos que saem do Bolsonaro”, acrescenta Chiodini.

Também repercutiu mal entre os catarinenses o corte, pelo governo federal, de 43 milhões de reais do orçamento previsto para obras em rodovias do estado. “Eram verbas para obras de rodovias federais que são importantes para o crescimento do nosso litoral e com ligação aos portos. Obras aguardadas há décadas. Pela expressão econômica do estado e pelo apoio da bancada às pautas do governo, merecíamos mais atenção. A onda de 2018 não vai acontecer. Bolsonaro terá de mostrar o que fez nesses três anos porque não é mais uma novidade”, afirma o deputado Rodrigo Coelho, que, embora seja do Podemos, de Sergio Moro, ainda é alinhado ao Planalto.

Revista Crusoé

Negacionistas invadem terreno de hospital na Alemanha

 




Cerca de 50 pessoas que participavam de protesto contra medidas de restrição não seguiram ordem da polícia de dispersão e entraram nas dependências do Hospital Universitário de Leipzig. Ato não havia sido anunciado.

A Alemanha voltou a registrar neste sábado (29/01) protestos contra vacinas e medidas anticovid em diversas cidades. Embora a maioria dos atos tenha sido pacífico, em Leipzig, no leste do país, cerca de 50 pessoas invadiram o terreno do Hospital Universitário, em frente à ala psiquiátrica.

Conhecidos membros de grupos extremistas de direita estavam entre os participantes do protesto, que não havia sido informado às autoridades.

O ato começou pacífico mas, por não seguirem regras de distanciamento e por não nomearem um líder para conversar com a polícia, a marcha foi interrompida pelos agentes. Alguns manifestantes tentaram fugir e acabaram invadindo o terreno do hospital. Sem terem para onde ir, foram contidos por equipes de emergência. Eles tiveram as identidades registradas. 

A polícia abriu investigações por suspeita de invasão, resistência aos agentes, insultos e danos à propriedade, entre outros.

Segundo a imprensa local, alguns dos manifestantes que invadiram o terreno buscavam uma alternativa para chegar ao ponto onde desejavam seguir com o protesto, já que o trajeto original foi bloqueado pela polícia.

Contraprotesto a favor das vacinas

Paralelamente, também ocorreu na cidade um contraprotesto, a favor das vacinas e das medidas de restrição, organizado pela iniciativa "Leipzig nimmt Platz".

Os organizadores do contraprotesto criticaram as ações das autoridades contra os negacionistas. Segundo eles, foi informado de antemão que grupos neonazistas poderiam participar de um ato na cidade.

De acordo com o "Leipzig nimmt Platz" , há uma semana, uma marcha semelhante, também sem aviso prévio, seguiu em direção ao hospital. "Portanto, não é de surpreender que o local tenha sido invadido desta vez", disse a iniciativa, questionando por que a polícia não protegeu o local mais de perto.

Milhares saem às ruas contra medidas anticovid

Protestos contra medidas de restrição reuniram milhares de pessoas em várias regiões da Alemanha. Em Düsseldorf, o ato teve a participação de cerca de 3.900 pessoas, em Freiburg, de 4.500, e em Osnabrück de 1.150.      

Em Frankfurt, houve a participação de cerca de 4.000 pessoas – a maioria não respeitou o uso de máscara e o distanciamento social.

A Alemanha vem registrando há vários dias recordes de incidência de casos de covid-19. Neste domingo, a taxa era de 1.156,8 novos casos a cada 100.000 habitantes em sete dias, informou o Instituto Roberto Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças. Para comparação, há uma semana, a incidência nacional era de 806,8.

Em 24 horas, o país contabilizou 118.970 novas infecções pelo coronavírus e 59 mortes devido à covid-19. 

No total, a Alemanha já registrou oficialmente 117.725 óbitos pela doença e mais de 9,7 milhões de casos. 

Cerca de 73% dos alemães estão completamente vacinados contra a covid-19 e mais de 52% já receberam uma dose de reforço, segundo dados do site Our World in Data, da Universidade de Oxford. No entanto, centenas de milhares ainda se recusam a se vacinar. 

Deutsche Welle

Jornalismo sobre preconceito racial e desigualdade social ignora uma rica diversidade ideológica




Por Leandro Narloch (foto)

Discriminação e desigualdade racial e de gênero são problemas complexos. Por “complexos”, entende-se que têm causas de difícil diagnóstico e que as propostas para solucioná-los ainda estão em debate. Infelizmente não sabemos muito bem quais ações funcionam, se pioram o problema em vez de resolvê-lo, ou quais têm custo de oportunidade maior que o benefício.

Tamanha dificuldade exige que a roda de conjecturas e refutações da ciência funcione. Hipóteses das mais diversas precisam ser apresentadas, testadas e discutidas. A imprensa ajuda, se comunicar essas dúvidas e complexidade ao leitor, de modo que a sociedade consiga selecionar os melhores diagnósticos e propostas.

PROBLEMAS COMPLEXOS – No entanto, boa parte dos acadêmicos, ativistas e jornalistas que tratam do tema se comporta como se estivessem diante de problemas simples com soluções conhecidas. Tão certos de que estão certos, não se interessam por abordagens diferentes e muitas vezes reagem a elas com estridência.

No livro “Irreversible Damage”, de 2020, Abigail Shrier conta a história de centenas de jovens que se arrependeram de fazer bloqueio hormonal da puberdade ou cirurgias de redesignação sexual.

Alguns passaram por mais de cem cirurgias para corrigir as anteriores, outros processaram médicos e a rede pública de saúde por terem sido submetidos ao tratamento com hormônios.

O MESMO ALERTA – A sexóloga e neurocientista Debra Soh, autora do livro “The End of Gender”, também de 2020, e a jornalista Helen Joyce, editora da Economist e autora de “Trans: When Ideology Meets Reality” (2021), fazem o mesmo alerta.

Para as três autoras, a imensa maioria dos jovens que não se identificam com gêneros binários lida com a questão naturalmente até o fim da adolescência, quase sempre assumindo a homossexualidade. Sem precisar de intervenções médicas que, segundo elas, não melhoram o bem-estar psicológico dos jovens e com frequência causam danos irreversíveis.

Num estudo de 2013, a psicóloga Nadia Bashir concluiu que até mesmo pessoas favoráveis a mudanças sociais se recusam a concordar com ativistas quando os enxergam como beligerantes e excêntricos.

REAÇÃO CONTRÁRIA – O radicalismo e a intolerância na defesa de uma causa prejudicariam a própria causa, ao reduzir o apoio da sociedade. Eli Vieira, biólogo e homossexual, acredita que esse fenômeno ajuda a explicar por que o apoio ao casamento gay parou de aumentar e até diminuiu no Brasil.

Uma pesquisa do PoderData concluiu que, em apenas um ano, de 2021 para 2022, a parcela de brasileiros favoráveis ao casamento gay caiu de 51% para 45%, enquanto os que se opõem subiram de 33% para 39%.

Para o biólogo, o movimento LGBT, que antes transmitia a imagem de celebrar a alegria, a tolerância, passou a ser visto como intolerante e autoritário.

COMO UMA SEITA – John McWhorter, linguista, negro, professor da Universidade Columbia e colunista do New York Times, publicou meses atrás o livro “Woke Racism”. Sua ideia central é que a atual onda antirracista, diferente das duas primeiras, que lutavam de forma concreta por direitos civis, é uma seita, uma religião secular.

Praticada principalmente por brancos ricos, urbanos e escolarizados, essa religião teria seus dogmas (a ideia do racismo estrutural), tabus (o racismo reverso) e uma noção de pecado original (a “branquitude”; o livro “White Fragility” é um dos principais alvos de McWhorter).

Também contaria com perseguições e apedrejamentos de hereges (os que ousam contestar o dogma), confessionários (brancos admitindo que são racistas em desconstrução), grupos santificados e, por fim, sacerdotes que passam a semana proferindo sermões moralizantes em eventos corporativos e universitários.

AUTOIMOLAÇÃO – Para McWhorter, o principal problema dessa religião é a crença, segundo ele equivocada, de que a melhora da situação dos negros depende de sessões de autoimolação em que brancos admitam sua culpa e seus privilégios ou repitam pela milionésima vez que a escravidão foi cruel.

Ele acredita que há ações mais frutíferas que merecem mais atenção, como a legalização das drogas e as reformas do sistema educacional.

Na mesma linha, Glenn Loury, primeiro negro a se tornar professor titular de economia em Harvard e hoje professor na Universidade Brown, rejeita a ideia de racismo estrutural como explicação para a disparidade econômica entre brancos e negros e acredita que a ênfase nesse conceito dificulta abordar questões para ele mais decisivas, como a estrutura familiar e a necessidade de inovação na rede pública de ensino.

É BOM DISCUTIR – Os autores acima estão certos? Talvez não. Talvez estejam bastante enganados. Mas certamente suas ideias merecem atenção. Merecem ser discutidas.

As pessoas que, como o leitor típico da Folha, se preocupam com a situação de transexuais, homossexuais e dos negros precisam conhecer e avaliar com serenidade o que afirmam autores como esses.

Os livros acima não são desconhecidos. Estão em listas de best-sellers, entraram na seleção de melhores livros do ano de grandes publicações internacionais, foram recomendados por intelectuais como Richard Dawkins e Steven Pinker. Então por que não ouvimos falar sobre eles na maioria dos jornais brasileiros? Por que se tem a impressão de que esses autores ou seus pontos de vista jamais aparecerão em entrevistas e textos produzidos pelas editorias de diversidade?

DIVERSIDADE IDEOLÓGICA – O jornalismo sobre diversidade serve para aprofundar o debate sobre como melhorar a situação de grupos discriminados. Por isso não deve se contentar com reproduzir ideias do PSOL sobre o tema. Deve explorar a fundo questionamentos e contradições. Não pode omitir dos leitores a rica diversidade ideológica sobre desigualdade, inclusão e discriminação.

O jornalismo que não tem rabo preso com ideologias deve admitir, por exemplo, que há diversas definições para o termo “racismo”.

Há a interpretação acadêmica recente, que o considera um sistema de poder, na qual não se encaixaria a ideia de racismo reverso. E há a concepção popular e usual de uma hostilidade baseada em motivos raciais. Ou, ainda, uma ideologia que prega a submissão racial.

MILITÂNCIA – O jornalista se comporta como um militante quando se agarra a só uma dessas definições e acusa de racismo quem adota outras. É fácil atribuir aos autores acima uma grave falha de caráter ou classificá-los como reacionários, transfóbicos, supremacistas ou arruaceiros.

O jornal não é obrigado a discutir teorias malucas vindas de guetos ideológicos, portanto é melhor tocar o barco e repetir as mesmas pautas politicamente corretas de sempre.

Ocorre que isso não condiz com a realidade. Alguns dos autores se consideram pessoas de esquerda, muitos escrevem para publicações de renome e dão aula em grandes universidades. Como qualquer pessoa de bem, querem viver num mundo com menos preconceito e mais direitos individuais.

HÁ TEMAS-TABUS – O comportamento de trincheira ajuda a explicar a falta de diversidade ideológica das reportagens. Se o jornalista escrever, por exemplo, sobre o sofrimento de jovens não binários depois de resultados desastrosos de cirurgias de redesignação sexual, dará munição ao inimigo da trincheira oposta (os reacionários bolsonaristas que gritam contra a ideologia de gênero).

Portanto é melhor manter o assunto debaixo do tapete, nem que isso deixe jovens e famílias menos informados.

É um comportamento partidário, de grupo, que não aprofunda o debate. Quem age dessa forma revela estar comprometido com dogmas identitários, e não com o bem-estar de indivíduos e grupos discriminados.

Folha de São Paulo / Tribuna da Internet

Tempo de indefinições: o cenário eleitoral permanece em aberto.

 



Pendências envolvendo candidaturas ainda podem mudar o jogo. 

Por Murillo de Aragão (foto)

Estamos no fim de janeiro e ainda existem indefinições no quadro pré-eleitoral a serem consideradas. Vamos a elas. No campo da esquerda, Ciro Gomes (PDT) se lançou candidato à Presidência sem certeza do apoio que poderá angariar tanto à esquerda quanto à direita. O seu partido é uma força média, mas Ciro depende de fatos novos para alavancar sua candidatura. Seu desafio maior é romper o isolamento, já que, à esquerda, PT, PSB, PCdoB e PV negociam a construção de uma federação partidária que deverá dar suporte à candidatura do ex-presidente Lula (PT).

Há outras indefinições importantes na esquerda, como a viabilidade, ou não, da aliança entre Lula e Geraldo Alckmin, que visa posicionar o petista mais ao centro. Por enquanto, apesar dos sinais emitidos por Alckmin de que deseja a vaga de vice, nem o seu partido está definido. Tanto no PT quanto entre aliados do ex-governador há resistências ao projeto.

Sergio Moro ainda decide se fica no Podemos. Caso não migre para o União Brasil — cobiçado sobretudo pelos bilionários recursos que receberá dos fundos partidário e eleitoral —, fica a incógnita sobre com quem formará sua chapa.

No PSDB, João Doria prossegue buscando consolidar uma candidatura até agora fraca nas pesquisas. Ele também não definiu o perfil do seu vice. Embora remota neste momento, uma eventual união entre Moro e Doria não deve ser totalmente descartada, sobretudo se as pesquisas apontarem ser competitiva uma composição entre os dois principais nomes da centro-direita liberal.

Outros pré-candidatos são o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), os senadores Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), e o cientista político Luiz Felipe d’Avila (Novo). Com cerca de 1% das intenções de voto, podem acabar desistindo.

Em termos de estrutura partidária, além do União Brasil, o PSD é o partido mais cobiçado: por ser uma legenda centrista, pode compor com Bolsonaro, Lula, Doria ou Moro. O Cidadania e o MDB são alvos de Doria. O Cidadania também é procurado por Moro, assim como o Novo. Na direita, o presidente Jair Bolsonaro coleciona desafios. A sua entrada no PL está sendo digerida, ele não definiu o perfil de seu vice e, ainda por cima, tem de administrar conflitos entre os aliados. Bolsonaro depende também da melhora da economia e da eficiência do governo. Mesmo com esses desafios, ele deve ter uma estrutura de campanha forte, já que, além do PL, também o PP, o Republicanos e o PTB devem apoiar a sua briga pela reeleição.

As pesquisas mostram estabilidade desde outubro: Lula lidera com folga, com 44%; Bolsonaro se mantém em torno de 24%; Moro está estabilizado no patamar de 8%. Em janeiro de 2018 Lula tinha 37% e Bolsonaro 16%, segundo o Datafolha. Lula já está com um pé no segundo turno e Bolsonaro pode acompanhá-lo. Em todas as eleições desde a redemocratização, a esquerda sempre emplacou um candidato no segundo turno, exceto em 1994 e 1998, quando FHC venceu no primeiro. Mesmo nesses dois anos, o segundo colocado era da esquerda: Lula. As indefinições mencionadas, porém, ainda podem alterar o jogo. Enquanto não forem desvendadas, a cena eleitoral de outubro permanecerá em aberto.

Revista Veja

Inflação dos EUA terá impacto na nossa economia e nas eleições

 




Uma das características de Bolsonaro é sua dificuldade de lidar com as novas contingências de seu governo. Foi eleito muito mais pela sorte do que por suas virtudes

Por Luiz Carlos Azedo (foto)

A inflação nos Estados Unidos terá grande impacto na economia brasileira até as eleições, complicando ainda mais a vida do presidente Jair Bolsonaro. Mas não é um problema somente do governo atual. Quem vencer o pleito, terá que lidar com uma nova realidade, que põe em xeque estratégias tradicionais de retomada do crescimento.

Vamos por partes. No ano passado, a inflação norte-americana chegou a 7%, o maior nível desde 1982, segundo o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). Por essa razão, analistas econômicos estão prevendo quatro aumentos trimestrais na taxa de juros, com base em declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. Durante a pandemia, a taxa esteve próxima de zero.

A principal causa da alta de preços nos Estados Unidos não difere muito do que ocorre no Brasil e em outros países: a elevação dos custos de produção devido ao encarecimento dos insumos básicos, principalmente o petróleo, que bateu os US$ 80 o barril. Outras causas são o estrangulamento logístico causado pela crise sanitária mundial, agora agravada pela rápida propagação da variante ômicron da covid-19; a escassez de mão de obra, que joga os salários para cima; e o aquecimento da economia com uma política da expansão fiscal, na qual o governo distribuiu vouchers à população e comprou títulos públicos, para injetar dinheiro no mercado.

Foram dois anos de política fiscal e política monetária “folgadas”, que criaram inflação e a espalharam pelo mundo. Além disso, houve uma espécie de sequestro da demanda global pelos EUA, o que também encarece os produtos. Agora, com a guinada na política monetária anunciada pelo Fed, a alta dos juros deve atrair mais investimentos e retirar recursos dos mercados emergentes, entre os quais o brasileiro.

Como inflação no Brasil também saiu do controle, a alta dos juros pelo Banco Central (BC) será o único recurso para segurar os preços, ainda mais porque o governo Bolsonaro não respeita o chamado teto de gastos. Mas, ao contrário do que ocorre nos EUA, a elevação da taxa de juros não terá o mesmo impacto na atração de investimentos, por causa das incertezas políticas. Tudo vai ficando para depois das eleições de outubro, inclusive porque o debate sobre o desenvolvimento econômico e o controle da inflação será contaminado pelas promessas eleitorais, muitas das quais inexequíveis.

Conjuntura adversa

Uma das características de Bolsonaro é sua dificuldade de lidar com as novas contingências de seu governo. Foi eleito muito mais pela sorte do que por suas virtudes, mas, diante da conjuntura adversa, como diria Maquiavel a sorte bateu em retirada e, agora, há um deficit de virtudes necessárias para ele se manter no poder. É um caso clássico de governante em apuros diante das adversidades, algumas das quais agravadas por ele próprio, como é o caso da crise sanitária, por exemplo.

Voltando ao ponto de partida, porém, o impacto da alta de juros na nossa economia é uma variável sobre a qual Bolsonaro não tem o menor controle — ou seja, pode ser incluída no rol da falta de sorte. Sua estratégia neste começo de ano está toda voltada para mitigar os efeitos da crise social, com medidas como o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa família, e o recentíssimo aumento de 33% para os professores, a ser pago principalmente por governadores e prefeitos. O problema é que a inflação e a recessão ameaçam anular os efeitos dessas medidas no decorrer do processo eleitoral.

E a oposição? Pois bem, os candidatos de oposição estão sendo favorecidos por tudo isso, principalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, no debate eleitoral, terão que se posicionar em relação à nova situação da economia.

Lula, por exemplo, foi eleito em 2002, depois do ajuste fiscal feito por Fernando Henrique Cardoso, com o bem-sucedido Plano Real. No primeiro mandato, manteve as bases dessa política e implementou com sucesso uma política de combate à miséria. No segundo, beneficiado pelo chamado bônus demográfico e por forte expansão da economia mundial, alavancada pela China, promoveu um ciclo robusto de crescimento, somente interrompido no governo Dilma Rousseff.

A situação da economia é completamente diferente, com novos desafios também para Lula e os demais candidatos de oposição. Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB), Alessandro Vieira (Cidadania) e André Janones (Avante) estão desafiados a debater alternativas para o crescimento sustentável e o combate às desigualdades com Bolsonaro e Lula.

Correio Braziliense

Moro aposta em entrevistas a rádios pelo país




A exemplo do presidente Bolsonaro, o ex-juiz Sergio Moro, ex-ministro do governo, aposta em entrevistas a rádios pelo país

Por Guilherme Peixoto

O exponencial aumento das aparições de Moro é visto no Twitter, no qual ele costuma anunciar as participações em atrações jornalísticas

Desde que se filiou ao Podemos e passou a discursar como pré-candidato à Presidência da República, o ex-juiz Sergio Moro intensificou a agenda de entrevistas. Embora converse reiteradamente com veículos de projeção nacional, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro tem investido em entrevistas a comunicadores de cidades do interior do país.

Levantamento feito pelo Estado de Minas mostra que, desde 10 de novembro, data do ingresso de Moro na vida partidária, ele concedeu ao menos 29 entrevistas a rádios, jornais e emissoras de televisão do interior.
 
Na lista, há jornalistas de estações radiofônicas de cidades como Nortelândia (MT), Caruaru (PE) e Maringá (PR). A estratégia é similar à adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que diminuiu a frequência de entrevistas exclusivas nos últimos meses, mas de agosto para cá teve pelo menos 23 compromissos do tipo — contando conversas com a grande imprensa. Na relação de veículos atendidos pelo presidente, o interior pernambucano está contemplado, bem como Três Lagoas (MS) e Tietê (SP).
 
A estratégia de Moro é similar à adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL)

O exponencial aumento das aparições de Moro é visto no Twitter, no qual ele costuma anunciar as participações em atrações jornalísticas. De novembro pra cá, ele fez 36 postagens divulgando entrevistas — número que considera idas a programas de veiculação nacional. No resto de 2021, porém, o magistrado da Operação Lava-Jato noticiou poucas exclusivas, mas quando ainda dava expediente na consultoria estadunidense Alvarez & Marsal, mencionou, por exemplo, a participação feita em um podcast que tratou de temas como o combate à corrupção na América Latina.
 
Moro ainda tem tido dificuldades para atingir dois dígitos nos levantamentos de intenções de voto. Na mais recente pesquisa XP/Ipespe, por exemplo, ele aparece com 8%, empatado com Ciro Gomes (PDT). Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro, os líderes, têm 44% e 24%, respectivamente. Em busca de fazer ecoar suas ideias, o ex-juiz deposita fichas na boa e velha “latinha”. “Acredito que as rádios têm a capacidade de amplificação, fazer com que as propostas do nosso projeto cheguem a um maior número de pessoas”, disse ele ao EM. “O papel da imprensa, especialmente em ano eleitoral, é fundamental”, completa.
 
Comumente, Moro anuncia entradas em programas matutinos, faixa de horário em que as rádios costumam ter suas maiores audiências — visto que muitas pessoas seguem para o trabalho sintonizadas nas estações. Quando falou à Rádio Metrópole, de Salvador, no último dia 11, por exemplo, o político do Podemos entrou no ar por volta das 8h. A Rádio Banda B, de Curitiba (PR), agendou conversa com Moro para as 7h30 de 25 de novembro.
 
“As pesquisas mostram que, no interior do país, as rádios locais ainda têm uma penetração muito grande. As pessoas confiam e gostam de ouvir. É uma maneira de ganhar visibilidade e de tentar chegar aos eleitores — principalmente os que não estão tão digitalizados”, explica o cientista político Felipe Nunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria.
 
Na segunda-feira passada, Sergio Moro foi de um “extremo” ao outro em sua tática de comunicação: pela manhã, respondeu por vídeo a perguntas feitas em uma emissora de Teresina, capital do Piauí. À noite, estava em um estúdio em São Paulo para conversar com os influenciadores Monark e Igor "3K" Coelho, do Flow Podcast, programa famoso entre os jovens na internet. O papo durou quase cinco horas.
 
“Nas grandes capitais, as redes sociais acabam sendo mais massificadas. No caso das pequenas cidades, não. [Falar em estações radiofônicas] é uma estratégia de mídia que, geralmente, é bem relevante”, observa Nunes.

“NÃO HÁ RISCO DE SATURAÇÃO”

Quando falou aos mato-grossenses pela Rádio Capital pouco depois das 7h de 29 de dezembro, o ex-juiz Sergio Moro cometeu um deslize que, depois, seria aproveitado por adversários. Ao tecer comentários sobre o apoio de parlamentares de seu partido ao governo federal, passou a discorrer sobre a Operação Lava-Jato, que culminou na prisão do ex-presidente Lula.
 
"Como é que a gente pode defender um governo desse? Com pessoas [com fome] na fila de ossos, um governo que foi negligente com as vacinas, um governo que ofende as pessoas, um governo que desmantelou o combate à corrupção", observou, para depois complementar: "Tudo isso por medo do quê? Do PT? Não. Tem gente que combateu o PT na história de uma maneira muito mais efetiva, muito mais eficaz: a Lava-Jato". O ex-juiz logo percebeu o ato falho e tentou consertar, dizendo que a operação revelou "esquemas de corrupção e mostrou o que o PT verdadeiramente é".
 
O cientista político Felipe Nunes não enxerga a chance de Moro acabar saturando sua imagem e desgastando o discurso por causa da grande exposição aos microfones de várias rádios. “Não há nenhum risco de saturação. Pelo contrário. O desejo é justamente de conseguir a atenção das pessoas em algum lugar”, assevera. “O público das rádios menores é muito segmentado. É como se você estivesse falando para nichos diferentes.”

Maratona nos microfones

Em agosto do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro passou por verdadeira maratona de sabatinas. Do dia 3 ao dia 30 do mês, recebeu questionamentos de veículos de vários cantos do país. Começou com a TV Asa Branca, de Caruaru; terminou com a Rede Fonte de Comunicação, conglomerado de mídia de Goiânia. Pouco a pouco, o presidente foi diminuindo a intensidade das conversas — em dezembro, por exemplo, não chegou a publicar, no Twitter, chamadas para entrevistas. Ele passou alguns dias de férias no Guarujá (SP) e em Santa Catarina; depois, precisou passar por nova cirurgia para desobstrução intestinal.
 
Neste ano, Bolsonaro esteve nas páginas da Gazeta do Povo, do Paraná, nas ondas da Jovem Pan, em São Paulo (duas vezes) e da Rádio Viva FM, de Vitória. O portal Gazeta Brasil também deu espaço a ele. A segmentação não é só regional, visto que em agosto uma das emissoras agraciadas com uma entrevista exclusiva de Bolsonaro foi a Brado, que se define como a “primeira rádio conservadora do Brasil” e está baseada em Salvador.
 
“A predileção do presidente Bolsonaro em conceder entrevistas para veículos menores, do interior é, para, ao mesmo tempo, conseguir alcançar uma população que está mais distante, também fugir daquele viés de interesses escusos presentes em muitos órgãos de imprensa”, analisa o deputado federal Junio Amaral (PSL-MG), um dos mineiros em Brasília com mais acesso ao Palácio da Alvorada.
 
Amaral crê que Bolsonaro vai aumentar a frequência de entrevistas a veículos do interior do país à medida que a eleição presidencial intensificar as batidas à porta. “Por uma necessidade básica de prestação de contas, tendo em vista ser o último ano deste mandato, não só creio que ele vai, como deve, realizar cada vez mais entrevistas nesse formato que ele, normalmente, tem como opção”, projeta.

RELAÇÃO DE ENTREVISTAS

» JAIR BOLSONARO
Desde agosto/2021 

19/1 - Jovem Pan - São Paulo (SP)
17/1 - Rádio Viva FM - Vitória (ES)
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10/1 - Jovem Pan - São Paulo (SP)
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10/11 - Rádio Cultura FM - Castelo (ES)
9/11 - Rádio Jornal da Cidade Online - Internet
28/10 - RedeTV! - Canal aberto e YouTube
27/10 - Jovem Pan - Manaus (AM)
25/10 - Rádio Caçula FM - 
Três Lagoas (MS)
27/9 - Jovem Pan - São Paulo (SP)
23/9 - Revista Veja
30/8 - Rede Fonte de Comunicação - Goiânia (GO)
26/8 - Rádio Jornal do Commercio - Recife (PE)
24/8 - Rádio Farol - Maceió (AL)
23/8 - Rádio Nova Regional - Tietê (SP)
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12/8 - Rádio Jovem Pan - Maringá (PR)
9/8 - Rádio Brado - Salvador (BA)
5/8 - Rádio 93 FM - Rio de Janeiro (RJ)
4/8 - Jovem Pan - São Paulo (SP)
4/8 - Rádio 96 FM - Natal (RN)
3/8 - TV Asa Branca - Caruaru (PE)

»  SERGIO MORO
Desde que se filiou ao Podemos, em 10/11/2021

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20/1 - UOL (coluna de Felipe Moura Brasil)
19/1 - Rádio Difusora - Nortelândia (MT)
19/1 - Jovem Pan de Maringá - Maringá (PR)
18/1 - Band FM - Porto Velho (RO)
18/1 - Jovem Pan - São Paulo (SP)
17/1 - Rádio 94 FM - Natal (RN)
17/1 - Rádio A Tarde - Salvador (BA)
14/1 - Revista Veja
11/1 - Eu Quero Investir - Internet
11/1 - Grupo NSC de Comunicação - Florianópolis (SC)
11/1 - Rádio Metrópole - Salvador (BA)
7/1 - Rádio Jornal - Caruaru (PE)
6/1 - Rádio Correio 98 FM - João Pessoa (PB)
29/12 - Rádio Capital FM - Cuiabá (MT)
23/12 - Canal de Carlos Alberto Di Franco - YouTube
20/12 - MyNews - YouTube
17/12 - Grupo Liberal - Belém (PA)
16/12 - Rádio 98 FM - Natal (RN)
15/12 - Jovem Pan - São Paulo (SP)
14/12 - Jovem Pan Ceará - Fortaleza (CE)
14/12 - Canal de Marco Antonio Villa - YouTube
14/12 - Rádio CBN - Goiânia (GO)
9/12 - Super Rádio Tupi - Rio de Janeiro (RJ)
6/12 - Rádio O Povo CBN - Fortaleza (CE)
5/12 - Correio Braziliense - Brasília (DF)
3/12 - Rádio Jornal do Commercio - Recife (PE)
1/12 - Rádio Jovem Pan - Curitiba (PR)
1/12 - CBN Maringá - Maringá (PR)
25/11 - CBN Curitiba - Curitiba (PR)
25/11 - Rádio Banda B - Curitiba (PR)
23/11 - CNN Brasil - TV por assinatura
18/11 - O Antagonista - YouTube
16/11 - Rede Globo - TV e internet

*O levantamento considera apenas entrevistas divulgadas por Jair Bolsonaro e Sergio Moro no Twitter até as 12h de sexta-feira (28/1)

Estadão / Estado de Minas

Vacina contra covid: o que é o efeito nocebo, versão negativa do efeito placebo

 




'Estudo incluiu vacinas da AstraZeneca, Pfizer, Moderna e outras que se encontravam em testes clínicos'

Efeito nocebo faz com que paciente sofra certos sintomas somente porque sabe que pode vir a senti-los

Dor de cabeça, dores musculares e fadiga estão entre os principais efeitos colaterais experimentados por algumas pessoas após receberem a vacina contra a covid-19, segundo os estudos até agora.

Mas até que ponto esses sintomas relativamente menores são causados pelos ingredientes das vacinas e não pela autossugestão?

Segundo um estudo da equipe do Centro Médico Diaconisa Beth Israel (BIDMC, na sigla em inglês) de Boston, associado à Faculdade de Medicina Harvard, nos Estados Unidos, até 76% dos efeitos colaterais mais comuns provocados pelas vacinas ocorrem devido ao chamado "efeito nocebo", e não à vacina propriamente dita.

O efeito nocebo é o outro lado do conhecido efeito placebo: o surgimento de sintomas secundários ou a piora de um problema médico, produzida quando o paciente recebe um tratamento que ele acredita que provocará esses efeitos colaterais, embora, na verdade, não esteja sendo administrada nenhuma substância farmacológica.

Ou seja, o efeito nocebo faz com que o paciente sofra certos sintomas somente porque sabe que pode vir a senti-los.

Esse efeito nem sempre está relacionado às próprias expectativas ou experiências negativas de cada pessoa.

Na verdade, nós podemos incorporar esse conhecimento de forma inconsciente quando vemos uma experiência ou reação negativa de outra pessoa, segundo explica à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) Yvonne Nestoriuc, professora do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade Helmut Schmidt, em Hamburgo, na Alemanha.

E, embora seja independente da ação farmacológica do medicamento, esse efeito pode também interagir com ela.

"Ele pode causar reações adversas novas não relacionadas ao efeito do medicamento, mas também pode fazer com que as reações adversas se intensifiquem", explica ela.

"De forma que, se você sofre uma reação local típica de uma vacina, como um inchaço ou vermelhidão no braço (na zona da injeção), isso pode ser explicado pela vacina em si, mas pode ser mais pronunciado devido às expectativas e experiências negativas anteriores", acrescenta a pesquisadora, que não participou do estudo.

Ansiedade e expectativas negativas

Depois de analisar os dados de 12 testes clínicos sobre vacinas contra a covid-19, que contaram com a participação de cerca de 22 mil pessoas, os pesquisadores atribuíram ao efeito nocebo 76% de todos os eventos adversos depois da aplicação da primeira dose e cerca de 52% após a segunda entre o público pesquisado.

'Sintomas de mal-estar verificados após as vacinas devem ser adequadamente tratados, independentemente da sua origem'

Cabe esclarecer que o estudo concentrou-se nos efeitos colaterais menores e não nas raríssimas ocorrências de coágulos ou inflamações cardíacas.

Embora o efeito nocebo seja geralmente pouco conhecido, o principal fator por trás dele são a ansiedade e o temor causado pela vacina, mas também a associação equivocada de diversos tipos de mal-estar à aplicação do imunizante.

"É necessário pesquisar muito mais a respeito, mas, se você tiver expectativas negativas e sentir-se ansioso pela vacina, é mais provável que você experimente efeitos colaterais", afirmou à BBC News Mundo Julia Haas, médica do BIDMC e coautora do estudo publicado na revista JAMA Open Network.

Como evitar o efeito nocebo

Sejam eles ou não produto da nossa imaginação - já que não há forma de distinguir a sua origem sem um exame clínico -, é importante tratar adequadamente os sintomas, descansando em caso de fadiga ou tomando um medicamento para aliviar dores de cabeça ou musculares.

Ou seja, "você deve tratá-los da mesma forma que os trataria se fossem provocados pelos produtos farmacêuticos", explica Ted Kaptchuk, especialista em pesquisas sobre o efeito placebo da Universidade Harvard e principal autor do estudo.

Haas acrescenta que, se também levarmos em conta que esses sintomas podem não ser resultado da vacina, mas sim parte das sensações de mal-estar que nos acometem de vez em quando, "poderemos lidar com eles de forma diferente para que não sejam tão preocupantes".

Mas existe algo que podemos fazer para evitar ou minimizar o efeito nocebo?

Há quem acredite que os profissionais da saúde deveriam fornecer menos informações negativas, de forma que o paciente não receba tantos elementos para antecipar-se aos efeitos adversos que possam surgir. Mas Kaptchuk e Haas defendem exatamente o contrário.

"Para começar, informar aos pacientes sobre os potenciais efeitos negativos é uma obrigação legal na maioria dos países do mundo e reduzir essa confiança é pior que comunicar os efeitos adversos", argumenta Kaptchuk.

Segundo ele, evidências indicam que ter conhecimento sobre o efeito nocebo que um tratamento pode provocar (no caso, a vacina contra a covid-19) pode ajudar a reduzir a ansiedade e, por fim, o próprio efeito.

Por isso, os pesquisadores sugerem a inclusão de informações sobre o possível efeito nocebo ns próprios panfletos ou informativos que contêm orientações sobre a vacina e seus efeitos secundários.

"É sempre melhor que os médicos forneçam informações mais honestas e em maior quantidade", afirma Haas.

"Se o público souber do que se trata, poderá reduzir a ansiedade e a preocupação com a vacina."

BBC Brasil

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