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sexta-feira, dezembro 23, 2022

Distribuir 37 ministérios é apenas barganha e não significa ter um plano de governo


William Waack
Estadão

Jair Bolsonaro e Arthur Lira estão no topo da lista de personagens políticos nos quais o Supremo “aplicou freios”. Enquanto Bolsonaro era considerado por integrantes do STF como “um louco” capaz de irresponsabilidades, Lira “a gente sabe quem é e dispensa apresentações”. Capaz de qualquer coisa para satisfazer a voracidade fisiológica.

Ao frear Lira e favorecer Lula, o STF inaugurou uma nova fase nas barganhas políticas. Seus integrantes paralisaram um julgamento, envolveram-se numa negociação direta com o Legislativo sobre os termos de uma peça (que o Supremo acabou rejeitando) e desembocaram numa ação coordenada para livrar o presidente eleito de um presidente da Câmara praticando o que parecia ser um tipo de extorsão.

ALÍVIO TEMPORÁRIO – O resultado é um alívio temporário e um mal-estar generalizado. A “institucionalidade” hoje se traduz numa inversão de sinais: o Executivo se sentia sob Bolsonaro como refém do Supremo. Hoje está sendo protegido, mas não é o tipo de “guarda-chuva” que proporcione a Lula vida fácil com o Legislativo. Mesmo com o freio aplicado a Lira, que o atribui a Lula.

Fazer política depende, sim, de manobras “espertas” como essa combinação envolvendo o STF contra o presidente da Câmara. Mas depende mais ainda da capacidade política do chefe do Executivo de mandar na agenda, e aqui as coisas se complicam bastante.

O que Lula basicamente pediu ao Legislativo foi uma licença para gastar da qual se beneficiariam também os parlamentares com verbas e cargos. A rigor, a disputa política envolveu apenas inflar números e prazo de validade da licença para gastar – algo em que todos estão interessados em Brasília.

SEM PLANO DE GOVERNO – Por mais nobre e necessário que seja ajudar quem passa fome, caridade não é um plano de governo. Nem é o que se discutiu nessas últimas três semanas. O ponto principal era como conseguir gastar, e por quanto tempo, sem ter de dizer de onde virá o dinheiro.

Mesmo num Congresso dominado pelo patrimonialismo e pelo centrão, conta muito o rumo geral que um governo pretende impor com suas políticas. Também não é um plano de governo a “caridade política” de se ocupar 37 ministérios com forças políticas que possam parecer uma frente ampla. É simplesmente uma acomodação, através de verbas e cargos, que carece até aqui de um rumo geral.

É fato que o STF pode proteger um presidente Lula mas dificilmente saberá dizer para onde deve ir. No momento, talvez só Lula saiba. Daí o fato da confusão com as recentes barganhas ter deixado um misto de perplexidade e desconfiança. É o que acontece quando o que surge no horizonte político é só a barganha.

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