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quarta-feira, maio 26, 2021

CPI já provou que Bolsonaro e seus auxiliares se esforçaram para deixar o Brasil sem vacinas


CPI da covid-19 e o 'mimimi'

Charge do J. Bosco (O Liberal)

Bruno Boghossian
Folha

Jair Bolsonaro se esforçou para deixar os brasileiros sem vacina contra a Covid-19 enquanto foi possível. Quase toda a estrutura do governo parece ter se mobilizado para ignorar ofertas iniciais do imunizante, apontar dificuldades que poderiam ter sido solucionadas com um pouco de trabalho e adiar ao máximo a chegada de doses por aqui.

Na melhor das hipóteses para Bolsonaro, foi exposta a total incompetência do governo para administrar o país, num momento em que as vidas de milhares de cidadãos dependiam de uma ação eficiente. Sob um ângulo mais realista, ficou caracterizada a negligência do presidente e de seus auxiliares em mais um momento crítico da pandemia.

E-MAILS DA PFIZER – O governo ignorou pelo menos dez e-mails enviados pela Pfizer durante a negociação para a compra de até 70 milhões de doses da vacina da farmacêutica. Os documentos, revelados pela repórter Julia Chaib, indicam que o Palácio do Planalto demonstrou desinteresse pelo imunizante e atrasou em cerca de um mês as conversas com a empresa.

Agora, sob fogo na CPI da Covid, o governo trabalha dobrado para inventar justificativas sem pé nem cabeça para aquela omissão — no mesmo nível da piada do presidente sobre vacinados que viram jacaré.

Nas últimas semanas, os bolsonaristas disseram à comissão que era impossível fechar o acordo com a farmacêutica porque a vacina da Pfizer não tinha uso autorizado pela Anvisa. Balela: o presidente da empresa, Carlos Murillo, avisou ao governo que era possível acertar o negócio “sem qualquer risco/prejuízo” ao país caso o imunizante não recebesse o aval da agência.

CLÁUSULAS ACEITAS – A tropa de choque do governo e o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmaram ainda que cláusulas rigorosas impediam a assinatura do contrato.

As condições da Pfizer eram mesmo despropositadas, mas o país topou as exigências, meses depois, ao aprovar um projeto que autorizava a União a assumir responsabilidades.

O governo não tomou iniciativa antes porque não quis.

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