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segunda-feira, fevereiro 04, 2019

“Banco Central independente” será a tacada decisiva do mercado financeiro


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Charge do Kayser (Arquivo Goolge)
Andre AraujoSite GGN
Fui testemunha presencial da fundação do Banco Central em 1966 por iniciativa de Roberto Campos. Eu era então funcionário do Banco do Brasil e quase todos meus colegas foram para o BC. Só não fui porque já tinha outro projeto em andamento. Conheci e fui amigo da turma pioneira do BC de Denio Nogueira, a primeira leva de funcionários veio toda do Banco do Brasil.
Esse “mantra” de Banco Central independente vem da mesma vala comum dos economistas neoliberais “de cartilha”, que não têm o mínimo conhecimento histórico do tema. Nunca existiu um Banco Central politicamente independente do Estado, no mundo real a história é outra.
E O FED? – Qual Estado digno desse nome abre mão do poder de comandar a economia? Ah, dirão os Tecos da vida, nos EUA o FED é independente da Casa Branca.
Errado. No meu pesado (quase um quilo) livro de 900 páginas “Moeda E Prosperidade”, Editora Top Books, trato em longos capítulos dos episódios da demissão “na marra” de dois chairmen do Fed, Eugene Mayer em 1933 por Franklin Roosevelt e, em 1952, Thomas Mc Abe pelo presidente Dwight Eisenhower. Ambos não eram afinados com a política econômica do Presidente dos EUA.
Sou amigo da neta de Eugene Meyer, Lally Weymouth, editora senior do jornal The Washington Post. Meyer foi depois o primeiro presidente do Banco Mundial, Roosevelt o demitiu porque ele não queria emitir moeda em grande escala para o New Deal, programa para enfrentar a Grande Depressão e o desemprego de 25%. Conheço os bastidores complexos dessa estória. Meyer era poderoso mas Roosevelt mandou ele desocupar a cadeira em uma hora e foi obedecido, ou seria possível Meyer enfrentar o popular presidente dos Estados Unidos?
É LENDA – Mas como assim, o Fed não é independente? É lenda! O poder polÍtico do presidente dos EUA vale 100, o do chaiman do Fed vale 1 ou será que tem alguma lógica um burocrata sem nenhum voto desafiar um Presidente da Nação com milhões de votos? Isso não existe! O poder politico simplesmente não pode ser afrontado por um burocrata sem votos.
O Presidente dos Estados Unidos pede para o chairman do Fed renunciar, o sujeito vai encarar? Vai ficar isolado do Governo? Claro que não. Então essa lenda é teórica, para coxinhas da CBN, na vida política real não existe.
Nos EUA o mandato do chiarman do Fed é duplo, assegurar estabilidade monetária e pleno emprego. Aqui querem a independência só com estabilidade monetária, o que é muito fácil, basta jogar a economia numa recessão, com alto desemprego, ninguém tem dinheiro, a inflação acaba.
ATRELAMENTO – Na hoje longa história do Banco Central do Brasil há dois períodos: de 1966 a 1994 o BC esteve a serviço do desenvolvimento econômico do Brasil, de 1994 até hoje está a serviço do mercado financeiro. Hoje basicamente, do Banco Itaú, que arrendou o Banco Central como satélite do conglomerado.
É bem verdade que nos governos do PT o Banco Bradesco tinha poder superior ao Itaú na regência do BC, são coisas da política e da simpatia.
Quando se fala hoje em independência do Banco Central está se falando exatamente do quê? Todos os dirigentes do Banco Central, a partir de 1994, vêm do mercado financeiro ou da universidade e depois vão para o mercado financeiro com o cacife de ter sido diretor do BC. A partir daí viraram multimilionários ou bilionàrios, manipulando a conexão Banco Central.
EXEMPLOS – Estão ai Arminio Fraga que vendeu sua Gavea Investimentos para a J.P. Morgan (dizem por US$ 700 milhões), Gustavo Franco que vendeu sua Rio Bravo para chineses (dizem por US$ 200 milhões), Luis Fernando Figueiredo criou sua Maua Investimentos. Todos ficaram podres de ricos e formam a “curriola” do Banco Central, que domina o BC intelectualmente e pelas suas conexões na mídia e no mercado financeiro internacional, lembrando que no caso americano do FED os sete diretores com mandatos de sete anos não tem conexão com o mercado financeiro, são economistas acadêmicos sem empregos em bancos.
Não precisa de lei, é regra escrita porque é inconcebível quem tem poder sobre a moeda ser antes ou depois beneficiario dessa posição para enriquecer.
PERGUNTEM A TRUMP – Que independência mais querem? São donos na prática do BC, mas querem ser donos de papel passado, com escritura e a obtusa, ignorante, idiota mídia econômica compra essa trapaça e vende ao público como uma grande vantagem para o país. É uma grande tacada, a independência de papel passado significa entregar o Banco Central às raposas e águias do mercado financeiro. O que ganha o país com isso?
Nenhum estado que se preze abre mão de poder e muito menos poder sobre sua moeda. Aos direitistas, perguntem ao Presidente Trump o que ele acha de Banco Central independente. Cuidado para não receberem um pontapé bem dado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Enviado por Mário Assis Causanilhas, este artigo é da maior importância. Enquanto o governo brasileiro estiver refém do mercado financeiro (leia-se: dos banqueiros) este país jamais irá para a frente. Citar Roberto Campos para defender o “BC independente” é uma tremenda heresia dos neoliberais da atualidade. Inventaram que Roberto Campos criou o “BC independente” e ele depois se tornou submisso ao governo. Como diria o intelectual Lula da Silva, isso é “menas” verdade. Espera-se que os generais que assessoram Bolsonaro não caiam nessa esparrela. (C.N)

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