“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda nocturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas?”. (Primeiro discurso contra Catilina de Marco Túlio Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), recitado no Templo de Júpiter em 8 de Novembro de 63 a.C).
Para o aprimoramento do exercício da profissão tenho um costume de repassar os discursos mais célebres da historia e hoje fazia leitura do discurso de Cícero (Tribuno Romano – senador) quando já tinha idéia formada sobre a matéria a ser tratada na minha coluna semanal, a lenta agonia de Sarney, e automaticamente o associei a Catalina, desafeto de Cícero.
Eu creio que a lenta agonia de Sarney fecha um ciclo perverso da história da república que teve como representantes mor o próprio Sarney e ACM. No império para manter a estrutura do poder se conferia aos grandes latifundiários o título de Coronel que mantinha as localidades de influência sob mão de ferro. Caiu o império e a oligarquia rural se manteve até o final da 1ª República e nos Estados nordestinos se sustentou em sua forma mais grotesca até os anos 50 do século passado.
No início dos anos 60 e com o golpe militar de 1964 emergiu uma nova forma do coronelismo, de roupagem nova e métodos distintos dos antigos coronéis. Sob o efeito da doutrina da segurança nacional os governos militares investiram na comunicação e a busca do ouro passou a ser a obtenção de concessões de rádio e televisão, sedimentando sua influência com a implantação de jornais, controlando a mente das pessoas do Brasil varonil. Foi assim nos estados do Maranhão com Sarney, ACM na Bahia, os Francos em Sergipe e a forma se repetiu por outros Estados. Diferentemente do coronel anterior que centrava suas atenções para exploração da pecuária os novos coronéis servilistas dos militares além dos meios de comunicação descobriram que investimentos em empresas com o dinheiro público tinham bons resultados e assim se criaram os impérios do norte e nordeste.
Os novos coronéis assim como os anteriores detinham o poder político Central e mais os poderes Legislativo e Judiciário. Formaram em derredor de si um séquito de abnegados servidores e como contraprestação os alimentavam com nomeações para cargos públicos, licitações direcionadas de obras, serviços e fornecimento de bens, traficaram influência para liberação de recursos financeiros de toda ordem e natureza gozando dos benefícios da impunidade e natureza elitista da justiça. Cortes de Contas nunca foi uma preocupação porque seus membros eram por eles nomeados. Com a cassação do Presidente Collor começou um efeito marola que culminou com a preocupação da sociedade de exigir respeito à coisa pública. Foi esse efeito marola que tomou fôlego que levou a renúncia e cassações de Senadores e Deputados, afastamento e prisões de deputados, juízes (das Cortes Superiores), prefeitos, funcionários públicos e empresários. Esquecendo a pirotecnia e os espetáculos públicos empregados, nunca a Polícia Federal trabalhou tanto quanto nos últimos seis anos.
Sarney tem uma peculiaridade. Por via transversa anexou (no sentido figurado) ao estado do Maranhão o estado do Amapá para se eleger Senador da república, fincando o pé e a influência em dois estados da Federação.
Sarney padece mais ainda por ser o último dos moicanos.
Lentamente vem definhando embora ainda resistindo e o exemplo foi a sua filha assumir o Governo do Maranhão depois de cassado o Governador originalmente eleito. No Senado resiste e não se sabe até quando. A cada dia surge denúncia e mais denúncias e a ultimou motivou a não querida instalação da CPI da Petrobrás. Para a situação a CPI da Petrobrás serve apenas como palanque eleitoreiro da oposição e para a oposição serve como discurso para desgastar o Governo Federal com vistas às eleições de 2010. Na minha ótica, quem age com lisura, ética e probidade no trato da coisa pública não tem o que esconder e não deve ter medo de ser investigado. Se tudo estiver correto, pior para a oposição.
Como o Presidente Lula não tem como concorrer nas eleições de 2010, que seria imbatível, todo e qualquer outro candidato será vulnerável. daí a intervenção de Lula na manutenção de Sarney na Presidência do Senado com foco na aliança com o PMDB. Perdendo o PMDB não sei se Lula irá transferir seus votos para a sua candidata. Enfim, Sarney agarrou no braço de Lula como um náufrago para se manter vivo, como Roma nos seus últimos dias, definhando em suas forças e na autoridade.
Como Cícero, pergunta-se: “Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?
VIÚVAS DO CARLISMO. Expressão usada pelo Governador Jaques Wagner ao se referir aos políticos que fazem oposição ao seu governo. O Dep. Yulo Oiticica, segundo A Tarde de hoje, coluna Tempo Presente, C1 – A2, ao tratar sobre o excesso no linguajar do Governador: “Os palhaços não merecem ser comparados a estas pantagruélicas criaturas. No particular, acho que a expressão de Yulo é que foi excessiva. Quanto ao significado da palavra pantagruélicas o eleitor encontrará no final da nota na Coluna citada.
SACO. Saco é a crônica desportiva que mantém programa diário na TV. Como não tem lingüiça para encher todo o tempo contrata e demite treinador, vai busca a vida privada dos jogadores e quando não tem mais o que falar fica arriscando palpite para jogo e discutindo entre si. Se há uma crônica pobre no Brasil salvo as boas exceções como Tostão e alguns poucos, é a especializada no futebol. Como todo bom brasileiro sou apaixonado pelo futebol e embora faça restrições a linha programática da TV Globo, o noticiário esportivo dela é exemplar.
BUMBUM DE MULHER. O homem brasileiro não pode ver um bumbum de mulher. É a paixão nacional. Parece que Obama e Sarkozy entram no cordão. Que diga o flagra deles hoje ao avistar o traseiro da brasileira
PROGRAMA. Leio que o DEM lançou em Paulo Afonso o programa "Agenda Família" com finalidade social. Não conheço o programa e nem sei de onde virão os recursos para sua execução. Como a finalidade social e se efetivamente implantado, ponto positivo para o Governo Anilton.
Paulo Afonso, 10 de julho de 2009.
Fernando Montalvão.
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sábado, julho 11, 2009
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