A se confirmar os últimos movimentos, o PT pode decidir hoje pela manhã o seu desembarque da administração do prefeito João Henrique (PMDB). Ontem os dirigentes do partido voltaram a se reunir, dando continuidade às discussões sobre as estratégias para a futura eleição e a forma mais adequada para sair da administração municipal. Incentivado pela sua base, que semanas atrás aprovou nas vinte zonais a tese de candidatura própria em Salvador, a executiva também selou esta tendência no último final de semana. “Existe um sentimento da militância de construir uma candidatura do PT para concorrer nas eleições de Salvador”, disse a vereadora Vânia Galvão, nova presidente da executiva municipal. Galvão confirmou que o partido vai se reunir hoje pela manhã para continuar as discussões sobre a sua tática eleitoral para as eleições deste ano e que poderá, nesta discussão, fechar questão sobre a saída da administração do prefeito João Henrique. “Já iniciamos um processo de discussão da nossa tática eleitoral. É possível firmarmos uma posição hoje em relação a esta discussão”, adiantou a vereadora. Contudo, o inevitável desembarque dos petistas do governo municipal já tem provocado desdobramentos na sucessão. O primeiro deles é o de que o partido agora vai tentar construir uma candidatura viável no campo de esquerda, e sentar-se na mesma mesa de discussão com o PSB da deputada federal Lídice da Mata, o PCdoB da vereadora Olívia Santana, as duas já lançadas como pré-candidatas, além de partidos como o PPS e o PV. Uma outra questão que deve ser levada em conta em razão da decisão do PT optar por uma candidatura própria é a reação do PMDB e, em especial, do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, principal avalista do projeto de reeleição do prefeito João Henrique. Segundo informações não confirmadas, Geddel teria procurado o presidente Lula para tentar reverter esta tendência do PT lançar candidato em Salvador, mas algo difícil de acontecer devido às características das decisões internas do PT, que não vêm de cima para baixo. “No PT, a discussão e o debate se estabelecem mesmo”, lembra Vânia Galvão. Preocupados em não provocar cisões na base de apoio dos governos Wagner e Lula, os petistas têm procurado conduzir as discussões no mais alto nível, além de trabalhar para não deixar seqüelas na saída da administração do prefeito João Henrique. “Nós temos que ter responsabilidade para conduzir as discussões, já que eles são nossos parceiros no governo do presidente Lula e do governador Wagner”, advertiu a vereadora Vânia Galvão, que faz questão de ressaltar que “o debate se estabelece como fruto de um sentimento da base do partido, mas que precisa ser conduzido de forma dialogada”.(Por Evandro Matos)
Prefeituráveis só aguardam desfecho
Enquanto a base do PT em Salvador discute a sua tática eleitoral e o desembarque da administração municipal, os principais pré-candidatos do partido quase não falam sobre o assunto. Cotados para serem “a alternativa” que os petistas pretendem oferecer ao campo de esquerda, os deputados federais Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro, e o secretário estadual de Reparação e Igualdade Racial, Luiz Alberto, também traçam as suas estratégias para serem os escolhidos. Por isso eles têm conversado pouco sobre o assunto, aguardando o desfecho para botarem o bloco na rua. Daí poderá surgir uma nova discussão para saber qual vai ser o escolhido. Talvez escaldado com o último PED, o partido tem sinalizado que pode optar em escolher o seu candidato sem passar pelas prévias, já que não haveria mais tempo para apagar possíveis incêndios. Paralelo às reuniões do PT no aspecto regional, algumas notícias vindas de Brasília podem dar conta de futuras articulações para a construção da sonhada candidatura do campo de esquerda, como pretende Jonas Paulo, presidente da executiva estadual petista. A articulação seria a ida da deputada federal Lídice da Mata para o Ministério do Turismo na vaga de Marta Suplicy, que deve sair para candidatar-se à prefeitura de São Paulo. Pelas contas, Lídice abdicaria de disputar a sucessão de João Henrique pelo PSB, e apoiaria um provável nome petista. (Por Evandro Matos)
Bahia vai em peso à Marcha dos Prefeitos
A uma semana do 11ª Marcha de Prefeitos do Brasil, que acontecerá entre os dias 15 e 17 de abril, em Brasília, a expectativa é que, diferente do ano passado, a maioria dos prefeitos dos 417 municípios do Estado estejam presentes no evento. Em 2007, apenas 1/3 dos prefeitos esteve presente na marcha, o que, para o presidente em exercício da União dos Municípios da Bahia (UPB), Ito Meireles, prefeito de Itaperoá, não é bom para os interesses da Bahia. Meireles visitou ontem o diretor presidente da Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, para reforçar a importância da presença maciça dos prefeitos. “Seria bom se todos os prefeitos pudessem comparecer, porque seria a união dos municípios em prol do crescimento da Bahia. Mas, se isso não for possível, estamos tentando levar o maior número possível, fortalecer o nome do estado e as reivindicações formuladas na Carta da Bahia”, ressaltou. Meireles salientou que os principais focos da marcha deste ano giram em torno da Reforma Tributária, do repasse do dinheiro da saúde para os município (PEC 29), bem como defender a reposição da Lei Kandir, acrescentando que a expectativa da UPB é de que pelo menos 250 prefeitos de municípios baianos estejam presentes na marcha deste ano. (Por Carolina Parada)
Eleição fica melhor com o PT
Embora, em certa época, se esperasse que a vitória dos candidatos Jonas Paulo e Vânia Galvão, respectivamente para presidentes regional e municipal do PT, significasse uma tendência ao alinhamento com a candidatura à reeleição do prefeito João Henrique (PMDB), a verdade é que essa perspectiva desmoronou com a aprovação, na Câmara Municipal, do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). Ao praticamente liberar o gabarito da construção civil na orla marítima da cidade, o projeto acendeu a luz amarela nas hostes petistas, unindo-as na interpretação de que o poder municipal formalizou uma aliança com o “capital imobiliário” - tese aliás apoiada por outros partidos “de esquerda” para referendar seu desembarque da prefeitura. Antes desse divisor de águas, a situação era plenamente duvidosa. O Diretório Municipal do PT, chamado a pronunciar-se sobre a permanência na gestão, definiu-se por ínfima diferença, e enquanto a ala que teria no deputado federal Nelson Pelegrino um potencial candidato à sucessão insistia no rompimento, venceram os segmentos defensores da já tão famosa “repactuação”. Sinalizaram, dessa forma, para a condução do partido a uma coligação com o prefeito, no que fariam um grande favor ao governador Jaques Wagner, pois tal espírito de sacrifício era a garantia de que não sofreria abalo para 2010 a aliança que logrou derrotar o Carlismo na Bahia após 16 anos. Esse conceito foi largamente usado pelo líder maior do PMDB no Estado, o ministro Geddel Vieira Lima, que reiteradas vezes anunciou sua pretensão de obter o apoio do PT para João Henrique, que num caso desses ficaria de fato fortalecido, pois teria três “máquinas” - a federal, a estadual e, claro, a municipal - a pavimentar-lhe o caminho para mais quatro anos no Thomé de Souza. Geddel até usou a palavra “reciprocidade” para embasar seu sonho, espertamente, porque João Henrique elegeu-se em 2004 pelo PDT em aliança com o PSDB, enquanto o PT teve seu próprio candidato. No segundo turno é que, forçado pelo antagonismo com o candidato do falecido senador Antonio Carlos, os petistas foram para João. Este, por sua vez, só viria a ingressar no PMDB muito tempo depois que o partido aliou-se ao PT para o pleito estadual de 2006. Fato é que, esquecidas as considerações sobre o passado recente e o mais distante, o PT deverá ter candidato em Salvador, fiel à tradição que só deixou de cumprir em 1992, quando apoiou Lídice da Mata, então no PSDB. Se será bom para o partido e seus principais expoentes, o governador Wagner incluído, é cedo para dizer, mesmo porque daqui para as convenções ainda será possível uma mudança no quadro, talvez com a consolidação da “frente de esquerda”, que poderia ser encabeçada pela própria Lídice, por enquanto a líder entre os últimos nas pesquisas. Mas bom mesmo será para a democracia, pelo deleite de se escolher o próximo prefeito num universo em que pelo menos quatro candidatos têm chance real de chegar ao segundo turno em outubro. (Por Luis Augusto Gomes)
Fonte: Tribuna da Imprensa
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