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sábado, novembro 25, 2023

Reação ao voto de Wagner escancara “arranjo insólito” entre STF e Planalto

 

Ataque ao STF - ISTOÉ Independente

Fotocharge reproduzida da IstoÉ

Bruno Boghossian
Folha

O roteiro estava escrito. Confirmada a derrota no Senado, ministros do Supremo denunciariam uma tentativa de intimidação e vinculariam ao autoritarismo bolsonarista a aprovação da proposta que restringe decisões da corte. A briga teria ficado restrita a esses dois lados, se não fosse um voto que mudou o script.

Integrantes do tribunal foram dormir na quarta-feira (22) mais irritados com o Planalto do que com a oposição. O apoio dado à PEC por Jaques Wagner, líder de Lula no Senado, fez com que ministros do STF culpassem o governo não só pelo corpo mole, mas pela adesão explícita de um de seus principais representantes.

FORA DA BRIGA – O Planalto realmente tentou manter distância da briga. Com dificuldades em sua própria pauta econômica, o governo preferiu não gastar energia em defesa do STF. Correria o risco de perder a votação e ainda deixar a disputa marcada como uma vitória do bolsonarismo sobre Lula.

O governo pode dar a justificativa que quiser. Só não pode negar que Wagner cometeu uma barbeiragem. Se o senador votou a favor da proposta para aproximar o Planalto ainda mais de Rodrigo Pacheco, ele cumpriu seu papel de líder. Ao mesmo tempo, porém, ele abalou uma aliança que Lula considera valiosa.

O fim do ciclo de Jair Bolsonaro ofereceu ao petista uma aproximação natural com o Supremo. Os ataques de 8 de janeiro reforçaram essa coalizão, em nome de uma certa estabilidade. Lula esperava, assim, que a agenda do governo ficasse protegida de solavancos do outro lado da praça dos Três Poderes.

ARRANJO INSÓLITO – A fúria de ministros do Supremo contra Jaques Wagner escancarou o que pode ser classificado como um arranjo insólito.

Nos bastidores, integrantes da corte falaram em adiar votações de interesse do Planalto e cobraram até a saída do senador do posto de líder.

Nenhum governo deveria depender do STF para fazer política econômica ou coisa que o valha, e nenhum tribunal deveria exigir empenho político em troca de boa vontade. No fim, Wagner pôs em risco uma aliança que nem deveria existir.


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