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quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Os menos iguais




Por Pedro Valls Feu Rosa* (foto)

Dia desses fiquei a contemplar, pela televisão, as cenas de uma solenidade realizada em algum cantinho perdido deste planeta. Lá estavam impolutas autoridades declarando publicamente séria preocupação com a saúde dos seus semelhantes em tempos de pandemia. Invariavelmente declaravam, com voz firme e grave, que somos todos parte de uma mesma humanidade, afinal!

Poucos dias depois desta vibrante cerimônia tive a oportunidade de ler – em um jornal da África, claro – sobre o escândalo das vacinas vencidas ou praticamente vencidas enviadas para os africanos como prova de que somos todos, ao fim do cabo, parte de uma mesma “aldeia global”.

Dali lancei um olhar para os EUA, onde descobri, pelas imprensa, que “dos US$ 510 bilhões distribuídos pelo governo como parte de um programa de assistência [face aos efeitos da pandemia] em 2020 mais de 70% – ou quase US$ 370 bilhões – foram para os bolsos de empresários e acionistas que integram os 20% mais ricos da população”. Aliás, por falar em pandemia, li que a da fome nos EUA está piorando – já são 60 milhões de habitantes precisando de assistência.

Em tempos tão bicudos era de se esperar que pelo menos a sagrada igualdade no ato de pagar tributos fosse respeitada. Mas qual o que! Pasmo, fui informado de que “as 25 pessoas mais ricas dos EUA pagam menos impostos – uma média de 15,8% da renda bruta – do que o padrão para a maioria dos trabalhadores americanos”. E mais: “nomes que estão entre os mais ricos do mundo chegaram a pagar pouco ou nenhum imposto em determinados anos”.

Porém, coisa mais grave há. É quando chegamos na seara cinzenta dos benefícios fiscais. Eles podem ser muito bons para estimular a economia – e fique isto muito claro. Mas por qual motivo ordinariamente não amparam aqueles pequenos empreendimentos que, ao fim do cabo, fazem a grandeza de um país? Por que, via de regra, são secretos e mantidos afastados dos olhos da população em um tempo no qual tanto se prega a transparência? Por que quase sempre não sabemos sequer os nomes dos contemplados?

Pois é. Fiquei a recordar o escritor inglês George Orwell e sua clássica exclamação segundo a qual “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”. E concluí, com Bernard Shaw, que “o maior dos males e o pior dos crimes é a pobreza”.

*Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo.

Diário do Poder

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