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sexta-feira, março 29, 2019

Temer e Moreira Franco sabiam que iam ser presos e se falaram durante a madrugada


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Temer mandou vir um carro com vidro fumê para tentar escapar
Julia AffonsoEstadão
Em cota da denúncia apresentada no âmbito da Operação Descontaminação, nesta sexta-feira, 29, o Ministério Público Federal apontou indícios ao juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio, de que o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia) tivessem ‘conhecimento prévio’ da operação que os prendeu. Os investigadores analisaram o celular de Moreira Franco, apreendido no dia 21, quando os aliados foram presos.
“Em horário bastante inusual, no meio da madrugada, há menos de cinco horas do horário agendado previamente para a deflagração da Operação Descontaminação, houve troca de mensagens e tentativa de ligação entre os dois investigados. Primeiramente Michel Temer, identificado como MT, manda mensagem a Moreira Franco, às 1h24 do dia 21 de março de 2019, perguntando se ele estava acordado”, relatou a Lava Jato.
MOREIRA RETORNA – “Em seguida, 1h40 do mesmo dia, Moreira Franco tenta realizar uma ligação por meio do aplicativo WhatsApp (que codifica a comunicação, não podendo ser interceptada a ligação), que não se completa. Logo em seguida manda uma mensagem dizendo que sim, estava acordado, e tentou ligar. Não se sabe se conseguiram se falar naquela madrugada por meio de outros aparelhos celulares ou outros meios de comunicação.”
No documento, o Ministério Público Federal relata que ‘o histórico de mensagens e ligações de Moreira Franco remonta a 26 de dezembro de 2018’.
Segundo a Lava Jato, ‘mesmo se tratando de histórico relativamente curto, é possível se reconstruir, nestes quase três meses, a habitualidade de como se dava a troca de mensagens e de ligações entre os dois denunciados, Michel Temer e Moreira Franco’ e ainda a ‘habitualidade de horários em que ocorriam’.
NÃO SE FALAVAM – “Nos 86 dias que se passaram entre a data inicial do histórico de chamadas, 26 de dezembro de 2018, e a data de deflagração da operação, 21 de março de 2019, não houve uma única ligação entre os dois denunciados após as 22h”, narra a Procuradoria da República.
“Dentre todas as 27 comunicações ou tentativas de comunicações ocorridas entre os dois investigados neste período, não houve uma única que ocorresse de madrugada (depois das 22h), com exceção das duas tentativas de comunicação na madrugada do dia em que ocorreu a operação, a poucas horas do horário inicialmente agendado. A grande maioria das ligações se dava no período da tarde, e as poucas que ocorreram à noite foram realizadas, no máximo, até as 22h”, acrescenta.
Na avaliação dos procuradores, estas informações revelam ‘indícios de que os dois investigados, contando com a sua, ainda existente, influência na cúpula do poder estatal, possam ter tido conhecimento prévio acerca da operação que os investigava’.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Era praticamente certo que a operação vazara e os dois haviam recebido a informação de que iriam ser presos. Temer ficou em casa e mandou vir o carro de vidro fumê que entrou no pátio da mansão para buscá-lo sem que a Polícia pudesse saber se ele estava lá dentro. Mas não esperava que os policiais seguissem o carro e o interceptassem, para prendê-lo no meio da rua. Quanto a Moreira Franco, estava em Brasília e na véspera participou da reunião da cúpula do MDB sem dizer uma só palavra. No voo de volta ao Rio, saiu às pressas do avião e rapidamente embarcou num carro que o estava esperando, mas foi seguido e os policiais o pararam na Linha Vermelha, numa ação cinematográfica, para prender o ex-ministro. Agora, resta saber quem os informou. Para tanto, basta investigar os celulares e os computadores. Simples assim. (C.N.)   

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