Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Depois da última reviravolta do presidente Lula, no fim de semana, agora disposto a freqüentar os palanques de seus aliados, participando sem restrições da corrida eleitoral e até liberando sua imagem para candidatos dos 14 partidos da base oficial - a pergunta que se faz é sobre quem realmente está em campanha.
Porque junto com a anunciada movimentação eleitoral não devem ser esquecidos seus compromissos de chefe do governo, ou seja, viagens por todo o País inaugurando e vistoriando obras do PAC, comparecendo a congressos e solenidades e concedendo entrevistas variadas.
A resposta surge óbvia: é o Lula que está em campanha, e não será para prefeito ou vereador. Nem para as eleições de outubro.
Como cortina de fumaça o presidente sugere que Dilma Rousseff será sua candidata em 2010, mas mil vezes mais exposto do que a chefe da Casa Civil encontra-se ele mesmo. Até sugeriu que categorias bem organizadas, como os metalúrgicos do ABC, pressionem os patrões para obter aumentos salariais, lembrando que quando as empresas vão mal, o primeiro efeito é o desemprego, num inequívoco retorno à teoria da luta de classes. Aliás, nada a opor, mas em função de que desenvolve-se essa pregação transcendendo de muito o pedido de votos para os candidatos municipais?
Quando o eleitor digitar as maquininhas de votação, em outubro, ficará surpreso, pois não verá a imagem do Lula, muito mais fixada em sua memória do que as figuras e os nomes dos pretendentes a vereador e a prefeito. Será apenas para aproveitar sua popularidade em favor de companheiros e aliados que o presidente transforma-se no maior freqüentador das telinhas, alto-falantes, cartazes, santinhos e toda a parafernália eleitoral? Há quem conclua, encontrando-se o homem em campanha, localizar-se o objetivo principal em 2010. Com Dilma?
Esforco concentrado ou recesso remunerado?
Insistem os presidentes da Câmara e do Senado em que devem transcorrer normalmente os trabalhos parlamentares do semestre, em especial daqui até a proclamação dos resultados das eleições de outubro. Ledo engano, porque tanto a natureza das coisas quanto a experiência de décadas passadas conduzem as bancadas a impor, no período, aquilo que os otimistas chamam de esforço concentrado e os pessimistas de recesso remunerado.
Mesmo se não existisse mais de cem deputados candidatando-se a prefeito, a imensa maioria parlamentar dificilmente se afastaria de suas bases. De uma forma ou de outra, todos jogam seu futuro político nas eleições municipais. Estarão em jogo as lideranças individuais e partidárias, no mínimo para a sobrevivência nas eleições gerais de 2010. Adiantarão muito pouco as ameaças do deputado Arlindo Chinaglia de cortar o ponto de seus colegas faltosos, ou do senador Garibaldi Alves de colocar em pauta votações essenciais.
Sempre foi assim, ao menos desde a democratização de 1946, até mesmo durante o interregno dos governos militares: antes das eleições, não contem com Suas Excelências. A melhor solução tem sido a da concentração numa semana de agosto e em outra de setembro, das votações consideradas imprescindíveis, importantes ou não. Em outubro, nem isso, porque na maioria das grandes cidades haverá segundo turno para prefeito, no fim do mês. Desconta a inércia obrigatória de Brasília, só em novembro.
Louve-se o esforço dos presidentes da Câmara e do Senado em contraria a natureza das coisas, mas não vai dar certo. No final do processo eleitoral, nem os faltosos terão perdido parcelas de seus vencimentos, nem o Congresso terá votado coisas importantes...
Em busca do meio termo
Salvo inusitado, o Supremo Tribunal Federal decide amanhã o futuro dos candidatos às eleições de outubro que respondem a processos na Justiça criminal sem sentença transitada em julgado. Parece unânime entre os ministros a opinião de que, além da presunção de inocência devida a todos os cidadãos, muita gente pode estar sendo processada por motivos fúteis ou até por perseguição dos adversários.
O problema é que entre os candidatos existem bandidos de evidente culpabilidade. Uns por ligação com quadrilhas de traficantes, milicianos, bicheiros e sucedâneos outros pela impossibilidade de comprovação de patrimônio incompatível com suas rendas declaradas.
Fazer o que com os bandidos de verdade, sem cometer injustiça? Deixar a porteira aberta equivale a estimular o crime. Fechá-la por inteiro, porém, será sacrificar inocentes.
Não prevalece o argumento de que melhor será entregar a decisão ao verdadeiro juiz da questão, o eleitor. Fosse assim e não assistiríamos bandidos no exercício de mandatos, como acontece com tanta freqüência. O Supremo terá que decidir, de um jeito ou de outro. Convém, por cautela, aguardar o pronunciamento dos Meritíssimos, fazendo votos para que os pedidos de vista resumam-se ao mínimo possível. Afinal, estamos a dois meses das eleições.
Negócio da China
Apesar das tentativas internas e externas feitas para deslustrar as Olimpíadas promovidas por um país comunista, prevalece no mundo capitalista o sentimento de que a China continua sendo um grande negócio, e que bilhões de dólares fluirão para o Ocidente por conta da competição. A cerimônia de abertura dos jogos será assistida por mais da metade do planeta, ao vivo. Pelo jeito, os chineses pretendem superar tudo o que aconteceu no passado, até na Grécia Antiga. Em matéria de espetáculo e, depois, se possível, em número de medalhas.
Queiram ou não, as Olimpíadas de Pequim são essencialmente políticas. Em cores fortes ou esmaecidas, prevalece o regime de partido único, censura à imprensa e limitação das prerrogativas do cidadão. Com a contrapartida de que, entre o bilhão e trezentos milhões de habitantes, nenhum passa fome ou fica desempregado, todos com direito a educação gratuita e tratamento de saúde compatível com suas necessidades.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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