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quarta-feira, outubro 10, 2007

Denuncismo

Jarbas Passarinho foi ministro, senador, governador e é escritor
O presidente Lula simplificou as acusações de improbidade administrativa e as proezas do valerioduto da "organização criminosa" que o íntegro procurador-geral Antonio Souza assim denominou, de mero denuncismo, ou paranóia de produção injustificada de libelos desprovidos de fundamentação. Ele tem o poder verbal de transformar a quadrilha do mensalão em vítima de uma oposição (onde está ela?) maldosa, principalmente quando se trata de José Dirceu que, de leninista, transformou-se em empresário, associado a capitalistas até internacionais. Nele - em reiteradas declarações - Lula disse não ver nenhum indício, simples que seja, que o incrimine, antecipando-se a possível julgamento pelo egrégio Supremo Tribunal Federal. Possível porque talvez o tempo que os advogados de defesa podem tomar legalmente conduza à prescrição dos crimes. Ao revés do Conselho de Ética da Câmara Federal, que por 13 votos a 1 considerou Dirceu o cérebro dirigente do aluguel dos deputados venais, que trocaram seus votos de aprovação ao governo pelo que Garret chamava de lixo do demônio, o que alguns preferem chamar de vil metal. Por isso foi cassado.
Num debate com Dante de Oliveira e o ex-ministro Bresser Pereira, no auditório da Folha de S. Paulo, faz um ano, tive ocasião de comparar uma apropriação falsa do mérito de haver abalado a ditadura, com um julgamento correto de um oposicionista ao ciclo dos militares. Dante expunha, como um grande conquistador, seu livro intitulado de As semanas que abalaram a ditadura, comemorando aniversário das Diretas Já. Ponderei que se tratando embora de uma considerável manifestação popular em favor das eleições diretas para presidente da República, a expressão "ditadura" era indevida. Desde outubro de 1978, o presidente Geisel viu aprovada a Emenda Constitucional nº11, de que fizera relator o senador José Sarney. Revogaram-se, então, todas as medidas de exceção, o AI-5 principalmente. Todas as liberdades fundamentais, civis e políticas foram restauradas.
Logo, o certo era reconhecer a fadiga do regime a que se somavam, incontestáveis, as ânsias populares por eleição direta do presidente na sucessão de João Figueiredo, que o PDS assegurara ao ganhar, ainda que por muito pequena margem no Colégio Eleitoral. Perdera, em 1982, as eleições federais e elegera Tancredo, em Minas; Montoro, em São Paulo; Brizola, no Rio; Pedro Simon, no Rio Grande do Sul, e mais seis governadores. No todo, conquistaram nove dos 10 maiores Estados da Federação, mas a representação das Assembléias estaduais compensaram a derrota no Colégio Eleitoral que, assim, ainda elegeria o sucessor do último general do ciclo militar, mas quem acabou eleito pelo "famigerado" Colégio foi Tancredo Neves.
Já o doutor Bresser Pereira fez uma comparação entre os 21 anos dos generais-presidentes e os 20 anos dos presidentes civis. Reconheceu que no ciclo militar a economia fora mais bem sucedida que nos 20 anos dos civis, mas que em compensação estes foram muito melhores no campo social. Lembrei-lhe apenas que, dias antes de Fernando Henrique - de quem ele fora ministro - deixar a Presidêcia da Repúlica, disse que o Funrural era o maior programa de renda mínima de todo o mundo, mas esqueceu-se de dizer que foi uma conquista do home do campo desde o governo Costa e Silva, com o primeiro Plano Básico da Previdência Rural. Admirei o julgamento honesto e imparcial do ministro Bresser Pereira.
Vejo, agora, o denuncismo que diz estar o governo atual recomeçando obras interrompidas pelos militares: a rodovia Transamazônica, as eclusas de Tucuruí e Angra 3. Ora, a Transamazônica foi inaugurada pelo presidente Médici. Sem haver sido asfaltada, posteriormente, e também no período dos civis, tornou-se intransitável no período dos aguaceiros. As eclusas nunca foram iniciadas no período militar. Estive num comício em Tucuruí, na comitiva do presidente Fernando Henrique, que prometeu atender a velha reivindicação dos paraenses, mas não pôde fazê-lo. Quanto à Angra 3, tem razão o denunciador da "herança militar".
[ 09/10/2007 ] 02:01
Fonte: JB Online

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