Jarbas Passarinho foi ministro, senador, governador e é escritor
O presidente Lula simplificou as acusações de improbidade administrativa e as proezas do valerioduto da "organização criminosa" que o íntegro procurador-geral Antonio Souza assim denominou, de mero denuncismo, ou paranóia de produção injustificada de libelos desprovidos de fundamentação. Ele tem o poder verbal de transformar a quadrilha do mensalão em vítima de uma oposição (onde está ela?) maldosa, principalmente quando se trata de José Dirceu que, de leninista, transformou-se em empresário, associado a capitalistas até internacionais. Nele - em reiteradas declarações - Lula disse não ver nenhum indício, simples que seja, que o incrimine, antecipando-se a possível julgamento pelo egrégio Supremo Tribunal Federal. Possível porque talvez o tempo que os advogados de defesa podem tomar legalmente conduza à prescrição dos crimes. Ao revés do Conselho de Ética da Câmara Federal, que por 13 votos a 1 considerou Dirceu o cérebro dirigente do aluguel dos deputados venais, que trocaram seus votos de aprovação ao governo pelo que Garret chamava de lixo do demônio, o que alguns preferem chamar de vil metal. Por isso foi cassado.
Num debate com Dante de Oliveira e o ex-ministro Bresser Pereira, no auditório da Folha de S. Paulo, faz um ano, tive ocasião de comparar uma apropriação falsa do mérito de haver abalado a ditadura, com um julgamento correto de um oposicionista ao ciclo dos militares. Dante expunha, como um grande conquistador, seu livro intitulado de As semanas que abalaram a ditadura, comemorando aniversário das Diretas Já. Ponderei que se tratando embora de uma considerável manifestação popular em favor das eleições diretas para presidente da República, a expressão "ditadura" era indevida. Desde outubro de 1978, o presidente Geisel viu aprovada a Emenda Constitucional nº11, de que fizera relator o senador José Sarney. Revogaram-se, então, todas as medidas de exceção, o AI-5 principalmente. Todas as liberdades fundamentais, civis e políticas foram restauradas.
Logo, o certo era reconhecer a fadiga do regime a que se somavam, incontestáveis, as ânsias populares por eleição direta do presidente na sucessão de João Figueiredo, que o PDS assegurara ao ganhar, ainda que por muito pequena margem no Colégio Eleitoral. Perdera, em 1982, as eleições federais e elegera Tancredo, em Minas; Montoro, em São Paulo; Brizola, no Rio; Pedro Simon, no Rio Grande do Sul, e mais seis governadores. No todo, conquistaram nove dos 10 maiores Estados da Federação, mas a representação das Assembléias estaduais compensaram a derrota no Colégio Eleitoral que, assim, ainda elegeria o sucessor do último general do ciclo militar, mas quem acabou eleito pelo "famigerado" Colégio foi Tancredo Neves.
Já o doutor Bresser Pereira fez uma comparação entre os 21 anos dos generais-presidentes e os 20 anos dos presidentes civis. Reconheceu que no ciclo militar a economia fora mais bem sucedida que nos 20 anos dos civis, mas que em compensação estes foram muito melhores no campo social. Lembrei-lhe apenas que, dias antes de Fernando Henrique - de quem ele fora ministro - deixar a Presidêcia da Repúlica, disse que o Funrural era o maior programa de renda mínima de todo o mundo, mas esqueceu-se de dizer que foi uma conquista do home do campo desde o governo Costa e Silva, com o primeiro Plano Básico da Previdência Rural. Admirei o julgamento honesto e imparcial do ministro Bresser Pereira.
Vejo, agora, o denuncismo que diz estar o governo atual recomeçando obras interrompidas pelos militares: a rodovia Transamazônica, as eclusas de Tucuruí e Angra 3. Ora, a Transamazônica foi inaugurada pelo presidente Médici. Sem haver sido asfaltada, posteriormente, e também no período dos civis, tornou-se intransitável no período dos aguaceiros. As eclusas nunca foram iniciadas no período militar. Estive num comício em Tucuruí, na comitiva do presidente Fernando Henrique, que prometeu atender a velha reivindicação dos paraenses, mas não pôde fazê-lo. Quanto à Angra 3, tem razão o denunciador da "herança militar".
[ 09/10/2007 ] 02:01
Fonte: JB Online
Certificado Lei geral de proteção de dados
quarta-feira, outubro 10, 2007
Em destaque
“Querem jogar no colo da direita, mas atentado não afeta anistia”, diz relator
Publicado em 16 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Valadares afirma que a anistia vai prosseguir no...
Mais visitadas
-
Essa lista preliminar de secretários na administração de Tista de Deda em Jeremoabo traz a expectativa de que todos assumam com compromiss...
-
. A recente tentativa do prefeito de Jeremoabo e seu conluio de , de contestar o resultado eleitoral que favoreceu Tista de Deda parece te...
-
. Em Jeremoabo, há uma situação tensa envolvendo o descumprimento de uma determinação judicial por parte da administração do prefeito e ...
-
O texto traz uma denúncia de hostilidade contra a Igreja Católica em Jeremoabo, destacando um episódio específico em que um indivíduo conhec...
-
. Mais uma vez, a tentativa de reverter a decisão judicial sobre a vitória de Tista de Deda em Jeremoabo se mostrou infrutífera. O recente...
-
Promessa antes das eleições: Depois da derrota das eleições: O episódio envolvendo o Moto Fest 2024 em Jeremoabo é emblemático do uso polí...
-
A situação relatada em Jeremoabo, envolvendo o suposto concurso público fraudulento, reflete uma prática recorrente em algumas gestões púb...
-
Aproveita os útimos dias de seu perverso desgoverno, jamais tu serás prefeito de Jeremoabo. A situação que ocê descrevo parece ser um caso...
-
. A questão das candidaturas fictícias em Jeremoabo, supostamente utilizadas para fraudar a cota de gênero nas eleições municipais, é um e...
-
É realmente preocupante que um cidadão, ao buscar transparência e justiça no processo eleitoral, sinta-se ameaçado e precise considerar at...