Renan não tem feito outra coisa a não ser cavar a sua própria sepultura e a esta altura se torna num gigantesco incômodo para o governo. Por mais que o presidente Lula tenha o dom de permanecer imune às trapalhadas protagonizadas por seus aliados e por ele próprio , a crise no Senado chegou a uma situação limite...
Renan tenta se amparar em Lula: seu fim está próximo
LULA E RENAN Renan Calheiros somente permaneceu na presidência do Senado porque Lula quis. E Lula quis Renan na presidência porque acha que a aprovação da CPMF no Senado- seu principal objetivo no momento - se já é complicada com ele , seria muito mais complicada em meio a uma crise provocada pelo seu afastamento e pela incerteza do que viria depois. Por isto, Lula colocou todas as fichas na permanência de Renan, e ordenou que a tropa de choque petista no Senado se colocasse ao lado da tropa de choque renanzista para que , unidas,possibilitassem a absolvição do senador no primeiro processo por falta de decoro. O problema é que no acordo entre petistas e renanzistas estava combinado o afastamento de Renan no período em que a CPMF fosse discutida e votada no Senado. Renan não só descumpriu o acordo, como com suas atitudes, aumentou o clima de tensão em que o Senado tem vivido desde maio. No início da crise, o Planalto encarava este imbróglio como mais um episódio de uma disputa partidária pelo comando do Congresso entre governo e oposição do que como um problema ético e moral, com repercussões em toda a sociedade brasileira . Por isto, Lula , aparentemente adotando uma postura de neutralidade, jogava todas as fichas na permanência de Renan no comando..Sabia que seu afastamento, por cassação ou renúncia significaria um novo processo eleitoral, no qual os acordos internos poderiam escapar do controle do Planalto e serem desfavoráveis aos seus interesses, favorecendo a ascensão ao poder do Senado de um nome da oposição, ou de um outro nome que, mesmo em tese pertencente aos quadros da aliança governista , poderia não ser tão fiel às determinações do Planalto quanto Renan tem sido. Entretanto, o crescimento da crise com o acúmulo de denúncias contra o presidente do Senado forçaram o comando do Planalto mudar de tática e a dar sustentação a Renan somente o tempo necessário a aprovação da CPMF. Neste sentido, a bancada petista no senado agiu como o fiel da balança e foi a principal responsável, com as seis abstenções , na permanência do senador alagoano.O que o governo não esperava é que a absolvição de Renan provocasse tão grande sentimento de indignação na opinião pública, e que o próprio Renan , com suas atitudes arrogantes e arbitrárias, fizesse com que este sentimento aumentasse cada vez mais. Ao invés de assumir uma atitude mais humilde e contemporizadora, o presidente do Senado, talvez inebriado pelo resultado do julgamento na sessão secreta, não só não cumpriu o suposto acordo com os petistas, se negando a se licenciar e permanecendo na presidência, como continuou a praticar toda sorte de arbitrariedades e atitudes de puro terror que vão fazendo com que perca o apoio até de senadores que ha pouco se colocavam do seu lado. O afastamento dos senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos da Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi mais uma manobra tresloucada, pois se tratam de dois políticos históricos do PMDB, considerados por muitos como reservas morais da política brasileira. Os senadores foram sumariamente afastados da CCJ e substituídos por membros da tropa de choque de Renan, o que trouxe aos dois senadores a solidariedade de muitos e aumentou o sentimento de revolta contra Renan.. O motivo alegado pelo líder do PMDB de que os dois senadores eram votos contrários à aprovação da CPMF não conseguiu resistir à evidência de que se tratava de mais uma manobra de Renan, cujo principal propósito era o de facilitar naquela comissão uma tramitação favorável a ele dos processos que se encontram no Conselho de Ética. Em seguida, a denúncia de que o presidente do senado comandaria um esquema de espionagem contra seus próprios colegas com o objetivo de montar dossiês contra eles.Segundo o senador goiano Demóstenes Torres, na mira de Renan estariam o senador Marconi Perillo, além do próprio Demóstenes. Tais denúncias levaram a bancada do DEM à decisão de apresentar a quinta representação por quebra de decoro contra o presidente do Senado. O fato é que por tudo isto e por muito mais Renan não tem feito outra coisa a não ser cavar a sua própria sepultura e a esta altura se torna num gigantesco incômodo para o governo. Por mais que o presidente Lula tenha o dom de permanecer imune às trapalhadas protagonizadas por seus aliados e por ele próprio , a crise no Senado chegou a uma situação limite, a partir do qual quem mais tem a perder é o próprio governo e a figura do presidente. Portanto, a lógica indica que Lula só estará disposto a sustentar Renan no curto período necessário à aprovação da CPMF.Depois , não haverá forças que consigam sustentar uma figura tão enlameada e tão desmoralizada na presidência do Senado. 090907
Email:: fasoares15@bol.com.br
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