Publicado em 29 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet
Jamil Chade
do UOL
O governo de Donald Trump fará uma ofensiva diplomática para tentar impor políticas contrárias ao aborto em agências da ONU e outros organismos internacionais. Para isso, os EUA anunciam que vão retomar uma aliança ultraconservadora que tem como objetivo impedir qualquer avanço nas pautas de direitos sexuais e reprodutivos no âmbito mundial.
A aliança havia sido originalmente criada por Trump em 2020 e ficou conhecida como Consenso de Genebra. A derrota do republicano nas urnas, naquele momento, transferiu para o governo de Jair Bolsonaro a missão de liderar o processo, que passou a contar com cerca de 30 países.
NOVA REALIDADE – Mas a ausência americana e, depois, a derrota de Bolsonaro nas urnas, mudou a história do grupo. Joe Biden anunciou a ruptura com a aliança e Luiz Inácio Lula da Silva também seguiu no mesmo caminho.
O bloco passou a ser liderado pela Hungria, também governada pela extrema direita. Governos conhecidos por leis discriminatórias contra mulheres —como a Arábia Saudita e Bahrein— também faziam parte do bloco. Mas a aliança perdeu força e relevância no debate internacional.
Agora, numa carta obtida pelo UOL, a diplomacia americana informou às missões de governos na ONU que estava retomando sua adesão à aliança. Segundo o documento, o governo Trump quer “promover a saúde da mulher e as necessidades de mulheres, crianças e suas famílias em todos os estágios da vida”.
VAI MUDAR TUDO – A expectativa de diplomatas é de que, em resoluções e políticas criadas pela ONU e outros órgãos, o governo Trump pressionará por vetos ou mudanças substanciais no texto.
Trata-se da primeira medida concreta do governo americano na retomada de sua ofensiva contra o aborto. Documentos da ONU que lidem com esses temas serão rejeitados pelos EUA e recursos serão congelados para agências que promovam direitos reprodutivos.
No Brasil, a aliança havia sido uma das principais bandeiras do ministério liderado por Damares Alves e Ângela Gandra.