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sexta-feira, janeiro 31, 2025

Ameaça de Trump sobre os Brics atinge diretamente Lula e o Brasil


Trump diz que países do BRICS não vão ficar felizes, se prejudicarem os EUA  | CNN PRIME TIMECarlos Newton

O imponderável presidente americano Donald Trum considera o grupo dos Brics um grave problema a ser resolvido pelo seu governo. Logo após assumir, no último dia 20, ele afirmou que os países membros do Brics estavam tentando “dar uma volta” nos Estados Unidos e que, se isso ocorrer, “não vão ficar felizes”.

O novo governante americano se referia aos planos já divulgados pelos países-membros sobre crescimento do bloco, como possibilidade de negociações comerciais lastreadas em suas próprias moedas ou em nova moeda a ser criada, para se livrar da submissão ao dólar.

“BONS ACORDOS” – “Eu acho que [os países do Brics] estão procurando prejudicar os Estados Unidos, e se fizerem isso, não ficarão felizes com o que vai acontecer”, disse Trump, que considera que os EUA não possuem bons acordos comerciais com os países-membros do bloco.

O novo dono do mundo, digamos assim, disse que “nós não fizemos nenhum bom acordo (com nenhum dos Brics). Temos déficit com quase todos eles”.

Em relação especificamente à China, que é o maior líder do bloco, Trump lembrou que em seu primeiro mandato impôs “grandes tarifas” aos produtos chineses, especialmente ao aço, o que ajudou a manter empresas de siderurgia funcionando nos EUA.

SEM DETALHES – Trump não deu mais detalhes sobre futuras tarifas contra o país asiático, mas pontuou que tem reuniões e telefonemas agendados com o presidente Xi Jinping para tratar do assunto. Trump acrescentou que, por ora, os EUA ainda “não estão prontos” para implementar novas tarifas universais.

Depois dessa declaração, realmente Trump já teve uma demorada reunião por videoconferência com o presidente chinês XI Jinping, mas não houve vazamento sobre o que foi conversado.

Para o governo Lula, que defende publicamente uma nova moeda, a situação é delicada, porque desde 1º de janeiro o Brasil assumiu a presidência do Brics, integrado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros membros recém-admitidos – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, e outras nações consideradas parceiras.

SUL GLOBAL – Brics é o bloco que sustenta a articulação diplomática dos países do Sul Global, com foco na cooperação em diversas áreas. E o Brasil se comprometeu a operar sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.

É claro que Trump não vai aceitar placidamente o crescimento do Brics. No final do ano passado, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Nigéria foram anunciados como “países parceiros”. 

Diante dessa delicada situação, convém que Lula se coloque em seu devido lugar, saia o máximo de cena e deixe o Itamaraty gerir a presidência do Brics, sem se meter em nada.

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P.S. –
 No momento, o Brasil não tem retaguarda econômica para suportar retaliações de Trump. O ideal seria um bom relacionamento com os Estados Unidos e com os Brics, simultaneamente, meta que o Itamaraty tem condições de atingir, se Lula não atrapalhar. (C.N.)

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