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segunda-feira, janeiro 27, 2025

A invenção do bem e do mal, segundo a ciência e a filosofia


The Invention of Good and Evil: A World History of Morality eBook : Sauer,  Hanno: Amazon.ca: Kindle Store

Livro pesquisa como a moral foi evoluindo

Hélio Schwartsman
Folha

Gostei de “The Invention of Good and Evil” (a invenção do bem e do mal), de Hanno Sauer. O livro é, literalmente, uma genealogia da moral. O autor combina conhecimentos de vários campos da ciência com filosofia, a sua área de atuação, para nos contar como o instinto moral surgiu em nossa espécie e se desenvolveu.

Sauer começa bem, 5 milhões de anos atrás, quando, por alguma razão geológica, nossos ancestrais se viram sem a proteção de uma frondosa cobertura vegetal e se tornaram muito mais vulneráveis a predadores do que os primos chimpanzés.

SOBREVIVÊNCIA – Essa mudança alterou a matemática da sobrevivência. Para não perecer, eles tinham de cooperar com seus semelhantes numa escala inaudita para outros primatas. O instinto moral foi a resposta da evolução para esse problema.

O resultado, mensurável em nós, é que conseguimos trabalhar bem até com desconhecidos, mas criamos defesas contra a possibilidade de sermos explorados. Daí nosso tribalismo e nossa prontidão para punir trapaceiros.

Sauer continua em divisões por dez. Cerca de 500 mil anos atrás, começa a atuar com força um processo de autodomesticação, que excluiu de nosso pool genético os indivíduos mais propensos à violência e avessos à cooperação. Isso é visível na neotenia que marca nossa espécie.

5 ANOS ATRÁS – O autor segue nessa toada até chegar a 5 anos atrás, quando ganham destaque os movimentos sociais que clamam por maior igualdade e as guerras culturais que passaram a contaminar a política de vários países.

No meio do caminho, Sauer revela diferentes facetas de nosso instinto moral. E o faz num diálogo produtivo com autores contemporâneos como Steven Pinker, Jared Diamond, David Graeber, Joseph Henrich, entre outros que estão mudando a forma como vemos a nós mesmos.

Acho que dá para dizer que Sauer é um otimista. Ele acredita que a moral mais nos une do que nos separa e que nossas opiniões são mais maleáveis do que pensamos. E, de toda maneira, a história da moral mostra que o círculo dos indivíduos, grupos e até de outras espécies que protegemos tem se expandido, não contraído.

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