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sábado, novembro 02, 2024

No Brasil, a política tornou-se exercício diário do maior surrealismo do mundo


Bolsonaro e Lula se enfrentam em último debate nesta sexta-feira | CNN Brasil

Lula e Bolsonaro são grandes mestres no surrealismo da política

Carlos Newton

Já dissemos aqui na Tribuna da Internet que não mais existem brasilianistas por essas bandas. Até recentemente parecia uma praga. A política brasileira era acompanhada por um número enorme de observadores internacionais, que se surpreendiam com a sucessão da acontecimentos surrealistas. De tal maneira que eles acabaram desistindo de tentar entender a política aqui no mais importante país debaixo do Equador.

Realmente, não dá para comparar com nenhum outro fenômeno mundial. Vejam agora o que está acontecendo com o projeto que anistia os perigosos “terroristas” do 9 de Janeiro.

DURO DE ACEITAR – As pessoas normais, digamos assim, não conseguem compreender nem aceitar que de repente se tenha começado a falar na anistia, com a situação evoluindo velozmente de um dia para outro. Então, digamos que é resultado de uma evolução astrológica, com vários assuntos entrando em linha e cada um influenciando o outro.

O primeiro fato é que Jair Bolsonaro quer ser candidato de qualquer jeito e a única saída para ele é a anistia. Ao mesmo tempo, Lula caiu no banheiro, quebrou a cabeça e…acordou, ao invés de desmaiar. De repente, percebeu que está velho demais e pode não aguentar o tranco de uma nova campanha.

Nessas condições, como enfrentar um candidato jovem e forte, como Tarcísio de Freitas, chancelado pelo maior partido evangélico do país?

PT TAMBÉM ACORDA – Ao mesmo tempo, o PT também acordou e percebeu que não tem candidato que possa substituir Lula numa emergência. Assim, a solução seria lançar o próprio Lula contra Bolsonaro, porque a possibilidade de vitória seria muito maior, sem Tarcísio na disputa.

Mas acontece que Bolsonaro está inelegível, diria o conselheiro Acácio, personagem de Eça de Queiroz. Ora, é para isso que existem os três poderes, operando em ritmo de lavandaria. O Congresso lava, o Executivo enxágua, o Supremo passa a ferro – e o candidato imundo fica pronto para outra.

Não foi assim que passaram alvejante em Lula da Silva em 2021, deixando-o limpinho para a campanha? E não está sendo assim agora com José Dirceu, que está sendo recuperado para  trabalhar novamente com Lula, embora estejam rompidos desde 2015?

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P.S.
 – Isso é política ou surrealismo? Não sei. Chamar de política seria esculhambar a democracia e o barão de Montesquieu. Dizer que é surrealismo significaria desconsiderar importantes escritores e artistas que fizeram história no século passado. Assim, a conclusão mais direta é dizer que, no Brasil do século 21, o que parece surreal é apenas o dia-a-dia da política. (C.N.)

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