Publicado em 2 de outubro de 2021 por Tribuna da Internet
Deu no Estadão
As boas condições da economia mundial continuam a impulsionar as exportações brasileiras e a assegurar bons resultados nas contas externas do País. O ingresso líquido de investimentos estrangeiros diretos mantém-se positivo, mas poderia ser mais intenso se o ambiente interno não estivesse agitado por causa de atitudes preocupantes do governo e da falta de rumo nas suas decisões econômicas e fiscais, que potencializam incertezas com que a pandemia ainda turva o cenário internacional.
Este é o quadro que as estatísticas do setor externo divulgadas pelo Banco Central (BC) traçam para as relações financeiras e comerciais do País com a economia mundial.
EXCELENTE RESULTADO – As transações correntes do balanço de pagamentos registraram superávit de US$ 1,684 bilhão em agosto, no segundo maior resultado positivo para o mês desde o início da série do BC, em 1995. É também o melhor resultado desde 2006, quando o superávit alcançou o recorde de US$ 2,217 bilhões.
Esse resultado foi decorrente, basicamente, do bom desempenho da balança comercial, que, pela metodologia utilizada pelo BC, registrou saldo positivo de US$ 5,648 bilhões em agosto.
A demanda internacional – especialmente do principal comprador de produtos brasileiros, a China – mantém-se expressiva e as cotações dos principais itens da pauta de exportações do País continuam atrativas.
HOUVE DÉFICIT – A conta de serviços, também componente das contas correntes do balanço de pagamento, teve déficit de US$ 1,577 bilhão no mês. As rendas primárias apresentaram déficit de US$ 2,601 bilhões e as secundárias, superávit de US$ 213 milhões. O superávit das contas correntes é a soma algébrica desses valores.
A conta financeira, de sua parte, registrou superávit de US$ 1,724 bilhão. O ingresso de investimento direto no país (IDP) alcançou US$ 4,451 bilhões em agosto, abaixo da mediana das projeções de analistas do mercado financeiro. Em 12 meses, o volume é de US$ 49,536 bilhões.
A mais recente previsão do BC é de ingresso de investimento direto de US$ 60 bilhões em 2021. Estimativas do setor privado são predominantemente menores, de cerca de US$ 50 bilhões. O cenário mundial e fragilidades econômicas internas são apontados como fatores para conter a expansão mais rápida do investimento direto, de impacto expressivo sobre o crescimento econômico.