
Maia defende que Doria seja o candidato da terceira via
José Carlos Werneck
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, causou surpresa em Brasília, ao aceitar cargo no governo de João Dória. Foi nomeado secretário de Projetos e Ações Estratégicas do Estado de São Paulo e já assumiu, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na sexta-feira.
No decreto publicado no Diário Oficial, o governador João Doria transformou a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos em Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas.
FUNÇÕES DA PASTA – Assim, o deputado Rodrigo Maia passa a ser responsável pela pasta, que tem como objetivo agilizar os projetos de desestatização, acelerando as parcerias público-privadas e as concessões em andamento.
Maia afirmou que aceitou o convite para assumir uma pasta na gestão de João Dória para mostrar em qual campo político está o projeto que pretende defender em 2022.
“A gente tem visto o que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos e talvez eu tenha sido o primeiro a alertar e enfrentar o extremismo autoritário do governo federal. Não do governo federal, mas do presidente da República. Refleti muito sobre o convite do, governador, entendi que era uma boa oportunidade para mim, mas uma sinalização importante”, disse.
SINALIZAÇÃO – “A minha decisão de estar aqui hoje, não que eu tenha vindo pra cá fazer política, até porque eu não conheço a política local, teria que aprender e isso já estaria no final do governo, mas a minha vinda também é uma sinalização para aqueles que dizem de centro, que falam que serão contra o governo Bolsonaro, mas que estão em Brasília, infelizmente, compondo a base do governo”, disse, defendendo que Doria seja o candidato da terceira via.
Em junho deste ano, Maia foi expulso do DEM, após se desentender com o presidente do partido, ACM Neto, durante a campanha para presidência da Câmara.
Ele tem 51 anos e está em seu sexto mandato como deputado federal. Presidiu a Câmara entre julho de 2016, quando sucedeu Eduardo Cunha, e fevereiro de 2021, quando Arthur Lira foi eleito . Ele também foi secretário da Prefeitura do Rio de Janeiro de 1997 a 1998.
NÃO SERÁ VICE? – Apesar deter descartado a possibilidade de compor uma chapa ao lado de João Doria com foco para a eleição presidencial de 2022, não se fala em outra coisa.
“Não, não. Eu não tenho nem partido. Fui expulso do meu partido, o Democratas. Em 2022 serei candidato a deputado federal pelo meu estado, o Rio de Janeiro”, anunciou.
E também evitou comentar sobre uma possível filiação ao PSDB. “Minha decisão de filiação será sempre vinculada ao movimento político do prefeito do Rio”.
ESPECULAÇÕES – Como o prefeito carioca Eduardo Paes se filiou recentemente o PSD, a situação fica ainda mais embaralhada, porque o presidente do partido, Gilberto Kassab, é conhecido por só apostar em vencedor.
Kassab já disse que levará o PSD a apoiar a terceira via, que ainda não está definida. Assim, em Brasília, um velho conhecedor dos bastidores da política, ao saber da notícia, comentou:
“Rodrigo Maia detesta o ostracismo e seu objetivo, ao aceitar o cargo no governo paulista, não é outro a não ser a candidatura a vice-presidente na chapa de João Doria. Mas isso só acontecerá se Doria subir nas pesquisas, o que não está acontecendo”.
Aguardemos, portanto.