Publicado em 21 de maio de 2021 por Tribuna da Internet
Guilherme Mazui
G1 — Brasília
O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta sexta-feira (21) que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi “firme”, “seguro” e “falou a verdade” nos dois dias de depoimento à CPI da Covid. General da ativa do Exército, Pazuello foi o terceiro dos quatro ministros da Saúde nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro teve até o momento.
O militar depôs na CPI na quarta (19) e quinta-feira (20) e foi acusado por senadores de mentir e de cair em contradição, pelo menos15 vezes…
ELOGIO AO AMIGO – Perguntado nesta sexta sobre o desempenho de Pazuello, Mourão, que é general da reserva do Exército, elogiou o ex-ministro.
“[Pazuello] apresentou as razões dele, aí tem aquele contraponto de sempre: ‘Ah, tá mentindo, tá isso, tá aquilo’. Isso faz parte do dia a dia da CPI. Eu acho que o Pazuello foi firme, foi seguro e não deixou nada sem resposta”’, disse Mourão.
Questionado se Pazuello mentiu em temas como as recomendações do governo para o uso de hidroxicloquina, remédio com ineficácia comprovada contra Covid-19, Mourão disse que o general falou a verdade. – “Eu conheço o Eduardo Pazuello já há bastante tempo. Não tenho ele como um mentiroso. Para mim, ele falou a verdade”, afirmou Mourão.
DEPOIMENTO – Ao todo, foram mais de 16 horas de depoimento do ex-ministro. À comissão, Pazuello deu explicações sobre o processo de aquisição de vacinas, as negociações sobre vacina com a farmacêutica Pfizer, as informações repassadas ao presidente da República, a atuação da pasta sobre o tratamento precoce e o colapso do oxigênio em Manaus no início do ano.
Segundo levantamento do relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Pazuello mentiu ou se contradisse pelo menos 15 vezes. Após o depoimento, Renan defendeu a contratação de agências que fazem checagem de fatos para ajudar nos trabalhos da comissão.
Pazuello foi questionado várias vezes pelos senadores sobre a recomendação para produção e distribuição de cloroquina. O general disse que o presidente Jair Bolsonaro não deu, “em hipótese alguma”, ordens diretas sobre tratamento precoce, que envolveria o uso do remédio contra a doença, embora Bolsonaro defenda quase que diariamente o uso do medicamento contra Covid-19.
TRATAMENTO PRECOCE – Sobre a plataforma “TrateCov”, do Ministério da Saúde, que recomendava o tratamento precoce a pacientes com sintomas que podem, ou não, ser da Covid-19, inclusive com a indicação de cloroquina, Pazuello disse que a plataforma “nunca entrou em operação”. Mas o aplicativo chegou a ficar disponível e foi retirado do ar em 21 de janeiro.
Em 19 de janeiro, porém, o Ministério da Saúde lançou o aplicativo em Manaus, com participação de Pazuello. O evento foi, inclusive, registrado pela TV Brasil, emissora pública financiada pelo governo.