Pedro do Coutto
Na edição de quarta-feira, na Folha, os repórteres Gustavo Uribe, Daniel Carvalho e Tiago Resende revelam que, aconselhado por assessores do Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro avisou ao Centrão que deseja receber primeiro os votos de sua base antes de nomear ministros que forem indicados pelos parlamentares.
O presidente da República quer avaliar até onde vai a fidelidade das bancadas na Câmara e no Senado para votar projetos do interesse do governo.
NO CONTA-GOTAS – Os deputados e senadores do Centrão, entretanto, querem o contrário; primeiro os ministérios, depois os votos. Para resolver o impasse desse verdadeiro jogo de pôquer, Bolsonaro está avaliando substituir ministros à base de conta-gotas.
O senador Eduardo Gomes está indicado para o Desenvolvimento Regional, mas há também parlamentares que têm em vista o ministério da Saúde.
Agora o principal projeto do Palácio do Planalto é aprovar a proposta de privatização do poderoso grupo Eletrobrás.
MAIA SE OPÔS
Reportagem de Anne Warth, Camila Turtelli e Daniel Weterman, no Estadão de quinta-feira, focaliza o empenho do Executivo em privatizar a Eletrobrás, iniciativa barrada desde o final de 2019 pelo deputado Rodrigo Maia, então presidente da Câmara.
Penso que essa venda da estatal é muito difícil, não só pela resistência dos trabalhadores e de correntes políticas, principalmente no Vale do São Francisco. Mas há também a questão do preço, porque o valor de 16 bilhões de reais é uma brincadeira.
Em meia hora a State Gride (empresa chinesa) efetuaria o pagamento. É só comparar transações realizadas no EUA, cujo valor é muito superior àquele avaliado pelo ministro Paulo Guedes. Além disso, a privatização como está proposta é ilusória. O que haveria apenas era a passagem da parcela majoritária das ações da estatal.
CASO BIA KICIS – O deputado Arthur Lira, a meu ver não tem condições para presidir a Câmara Federal, como ficou flagrante na indicação da deputada Bia Kicis para presidir a Comissão de Constituição e Justiça.
Ela participou de atos públicos na Esplanada dos Ministérios contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Como é possível que o presidente da Casa faça uma indicação desse porte?
E o Estado de São Paulo de ontem publicou entrevista de Bia Kicis à repórter Camila Turtelli voltando a atacar a Corte afirmando que vai apresentar projeto de lei para acabar com o ativismo judicial do STF. A que ponto chegamos…