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sábado, dezembro 29, 2018

Acusado de corrupção, Netanyahu pretende criar uma “blindagem à brasileira”


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Netanyahu quer uma lei igual à que manteve Temer no poder
Sandra Cohendo G1
Primeiro premiê de Israel a visitar o Brasil e estrela na posse de Jair Bolsonaro, Benjamin Netanyahu aproveita o encontro com seu mais novo aliado para uma pausa estratégica que atenue a crise interna e o prepare para enfrentar a que já é considerada por especialistas a campanha eleitoral mais importante de Israel desde a sua fundação, há 70 anos.
Na véspera do Natal, o premiê dissolveu o Parlamento e antecipou para 9 de abril as próximas eleições. Ele se candidata a um quarto mandato consecutivo e, se as urnas confirmarem as pesquisas que o apontam como favorito, ocupará o lugar de Ben Gurion como premiê mais longevo do país.
TRÊS ACUSAÇÕES – Mas o maior problema de Netanyahu é ser suspeito de suborno e outras violações da lei em três casos de corrupção: receber presentes caros de empresários, promover os interesses da maior operadora de telecomunicações, a Bezeq, em troca da cobertura favorável a ele no site controlado pela companhia; e tentar um acordo com o jornal “Yedioth Ahronoth” com o mesmo objetivo.
O procurador-geral, Avichai Mandelblit, ainda não se decidiu se vai seguir as recomendações da polícia e processá-lo. Tampouco sabe-se o momento em que sua decisão será anunciada.
A convocação de eleições, sem um claro concorrente que o desafie, foi interpretada como uma jogada do premiê para se antecipar à decisão do procurador. “É crucial chegar à audiência que determinará seu destino como um primeiro-ministro recém-reeleito. Poderá argumentar que o povo o escolheu já conhecendo as suspeitas que pairam sobre ele”, avalia o colunista Yossi Verter, do “Haaretz”.
BLINDAGEM À BRASILEIRA – Especula-se ainda que, se reeleito, Netanyahu poderá propor à nova coalizão de governo uma lei que impeça o primeiro-ministro em exercício de ser processado. Ele nega categoricamente as acusações e se diz vítima de uma caça às bruxas orquestrada pela mídia israelense.
Os escândalos que afetam o premiê dividem a opinião pública. Mas, de acordo com pesquisas realizadas por três emissoras de TV, se as eleições fossem hoje, o Likud, partido nacionalista de direita, chefiado por Netanyahu, receberia o maior número de votos.
Outras crises fizeram naufragar sua coalizão, deixando-o com uma frágil maioria de 61 deputados entre os 120 que compõem o Parlamento. Há um mês, o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, do partido Yisrael Beiteinu, abandonou o governo por considerar fraca a resposta de Netanyahu à chuva de foguetes do Hamas em território israelense.
SEGURANÇA – Na época, o premiê, que passou a acumular as pastas de Defesa, Relações Exteriores, Saúde e Imigração, assegurou que não anteciparia as eleições alegando razões de segurança interna. O país ficou ainda mais vulnerável, após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar as tropas americanas da Síria.
Contudo, na última segunda-feira, o argumento sucumbiu. Netanyahu mudou repentinamente de ideia e convocou novas eleições, indicando que sua atitude não era movida pela fragilidade do país ou da coalizão que o sustentava, e sim por seu aguçado instinto de sobrevivência.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Se criar a blindagem à brasileira contra processos penais, Netanyahu pode perder apoio parlamentar. No momento, ele se sustenta com maioria de um voto. Ou seja, pode estar pela bola sete, como se diz no jogo de sinuca(C.N.)

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