Carlos Newton
O presidente eleito Jair Bolsonaro terá muitas dificuldades para governar, não somente devido à gravidade da crise econômica, mas também com as suspeitas sobre cobrança de “pedágio” a funcionários dos gabinetes parlamentares da família. O problema pode engrossar para seu filho Flávio, ao ser aprofundado o exame dos extratos bancários do ex-assessor Fabricio Queiroz, mas só atingirá de raspão o próprio Jair Bolsonaro. O futuro presidente sabe que pode ficar tranquilo, porque durante o mandato não poderá ser processado por ilegalidades cometidas antes de assumir o cargo.
O mais importante de tudo isso é que Bolsonaro pai deu mostras de que pode realmente fazer um grande governo, porque sabe recuar quando está errado, uma característica altamente positiva e raramente vista no Brasil.
CASO DA EMBAIXADA – Em entrevista ao pastor Silas Daniel, exibida neste sábado, Bolsonaro admitiu que há ameaças de boicote econômico ao Brasil, caso o governo decida transferir para Jerusalém a embaixada do país em Israel.
“Conversei com o embaixador de Israel sobre isso. Conversei com o Ernesto Araújo [futuro ministro das Relações Exteriores]. Alguns países estão realmente ameaçando boicote à nossa economia caso isso [mudança da embaixada] se concretize. E nós estamos conversando a melhor maneira de decidir essa questão“, afirmou Bolsonaro na entrevista.
Em tradução simultânea, isso significa que será colocada uma pedra em cima do assunto, até porque o vice-presidente Hamilton Mourão já tinha reconhecido a procedência da informação da “Tribuna da Internet” sobre a possibilidade de o Brasil entrar na rota do terrorismo islâmico, que seria uma consequência adicional.
UM SR. PRESIDENTE – Com essas declarações, Bolsonaro mostra que será um governante que sabe recuar quando está equivocado. Parece ter aprendido que, na diplomacia, o Brasil não tem de ser amigo ou inimigo de nenhuma nação. A posição certa é se relacionar com todas elas, respeitar suas soberanias e tirar o maior proveito possível dessas relações internacionais.
Ao mesmo tempo, ao anunciar o decreto que facilitará a compra e posse de arma, Bolsonaro demonstra ser um presidente que cumpre os compromissos assumidos com os eleitores.
Espera-se que continue a agir realmente assim e determine a realização de auditorias na dívida pública e na Previdência Social, sabendo reconhecer e evitar o erro que o futuro ministro Paulo Guedes ameaça cometer, ao anunciar que isentará os empresários de contribuírem com o INSS, justamente uma parcela que constitui uma das maiores receitas previdenciárias.
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P.S. 1 – Da mesma forma, Bolsonaro precisa exigir que Guedes promova o fim da “pejotização”, colocando na ilegalidade a conhecida prática de transformar empregado em pessoa jurídica, para sonegar INSS, FGTS e Imposto de Renda. Essa jogada sempre foi ilegal, mas de uns tempos para cá a Justiça Trabalhista passou a considerar como uma prática legal e regular. Na verdade, é preciso vedar todos os buracos por onde escoa a receita da Previdência e do governo, e a “pejotização” é um dos maiores rombos.
P.S. 1 – Da mesma forma, Bolsonaro precisa exigir que Guedes promova o fim da “pejotização”, colocando na ilegalidade a conhecida prática de transformar empregado em pessoa jurídica, para sonegar INSS, FGTS e Imposto de Renda. Essa jogada sempre foi ilegal, mas de uns tempos para cá a Justiça Trabalhista passou a considerar como uma prática legal e regular. Na verdade, é preciso vedar todos os buracos por onde escoa a receita da Previdência e do governo, e a “pejotização” é um dos maiores rombos.
P.S. 2 – E que ninguém estranhe esses elogios a Bolsonaro aqui na “Tribuna da Internet”. Como dizia Carlos Imperial, “sem liberdade para elogiar, nenhuma crítica pode ser considerada válida”. (C.N.)