Evandro Matos
Nunca uma sucessão estadual foi tão antecipada na Bahia como agora. Não se sabe se por este motivo, mas a verdade é que será a primeira disputa numa eleição estadual dos últimos 40 anos sem a presença do ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Poderia se atribuir essa antecipação à falta de experiência de alguns personagens envolvidos, a influência do quadro nacional, a ansiedade da população, ou uma simples precipitação dos fatos. Mas, independente do que venha a ser, os prováveis candidatos ao governo do Estado e ao Senado já estão em pré-campanha.O governador Jaques Wagner (PT) e o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) são os que mais se movimentam. Wagner, a pretexto de inaugurar obras ou assinar ordens de serviços; Geddel, para inspecionar obras do Ministério da Integração Nacional ou para comandar os Encontros Regionais do PMDB. Assim, os dois cortam a Bahia numa pré-campanha disfarçada e chegam mais perto do eleitor. Experientes, eles seguem o velho ditado popular que diz que “pedra que não rola, cria limo”. É isso.Outro provável candidato ao governo estadual em 2010 que também começou a se movimentar, embora de forma mais discreta, é o ex-governador Paulo Souto, do Democratas. Desde a semana passada que Souto ampliou o espaço da sua agenda para visitas ao interior. Nesse ritmo, ele já esteve em Itagibá e Ibirataia, e neste final de semana foi recebido nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, onde participou da Agrishow, e São Desidério. Continuando a sua maratona de viagens, no dia 12 ele estará em Campo Formoso e depois visitará Nova Viçosa e Teixeira de Freitas.O interessante dessa movimentação dos pré-candidatos ao governo do Estado é que apenas o governador Jaques Wagner tem a certeza de que disputará a sua reeleição. Os outros dois, o ministro Geddel Vieira Lima e o ex-governador Paulo Souto, vão ter que aguardar mais um pouco para decidirem os cargos que irão disputar. Como em política toda movimentação transforma-se em cabedal, cabe aos pré-candidatos não esperar acontecer. E é certamente por isso que todos já estão em campo. Por mais que pareça simples, a situação mais emblemática é a do ministro Geddel Vieira Lima, que tanto pode optar por uma candidatura ao Senado, mantendo-se na aliança que elegeu o governador Jaques Wagner em 2006, quanto disputar o governo estadual, num arroubo de coragem e independência. Mas, além da decisão sábia para definir qual a candidatura ideal em 2010, o peemedebista sabe também que dependerá das implicações nacionais, que terão forte influência na próxima campanha eleitoral. As dúvidas do ex-governador Paulo Souto têm relativa semelhança com as do ministro Geddel Vieira Lima, embora o democrata guarde, como o ministro, um trunfo a ser detonado no prazo certo. Uma provável filiação ao PSDB para facilitar a sua identificação com a do candidato à presidência dos tucanos pode ser um desses trunfos. Por enquanto, a sua candidatura ao governo do Estado representa a maior esperança das oposições, mas não deverá ser motivo de resistência em caso de a conjuntura nacional abrir espaço para uma grande composição com outras forças locais. É esperar para ver. Mas se para o governo do estado o quadro segue se delineando, para o Senado é cada vez maior o número de pretendentes às duas vagas que vão surgir para a próxima legislatura. Nesse caso, a única candidatura que está praticamente definida é a do senador César Borges (PR) que, inclusive, contará com o apoio integral do seu partido. Dessa indefinição Borges se beneficia, e segue firme visitando as suas bases no interior. A definição dos nomes que irão disputar as duas vagas para o Senado será fácil para alguns e difícil para outros. No lado governista, por exemplo, a escolha dos nomes só será conhecida após a definição do rumo que o PMDB vai seguir em 2010, ou seja, saber em que posição vai escalar o seu melhor jogador, o ministro Geddel Vieira Lima. O difícil é que existem mais nomes do que vagas: Walter Pinheiro, José Sérgio Gabrielli, Luiz Caetano, Lídice da Mata e Haroldo Lima. Mas há, ainda, o nome do conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Otto Alencar, que teria a missão de suprir na chapa uma “insubordinação” do ministro Geddel Vieira Lima. Por outro lado, mesmo com menos pretendentes, na seara da oposição também se sabe pouca coisa sobre a composição da chapa para as duas vagas para o Senado. É verdade que César Borges é quase uma certeza, mas o outro nome segue como uma incógnita e depende de vários senões. Se o ministro Geddel Vieira Lima e o PMDB fecharem com o Democratas, Paulo Souto poderá abdicar de disputar o governo e concorrer ao Senado, ou vice-versa. Mas nessa mesa também aparecem os nomes do prefeito João Henrique, do ex-prefeito José Ronaldo e, até, de Otto Alencar. Isso sem contar que ACM Júnior ainda não descartou totalmente disputar a sua reeleição.
Fonte: Correio da Bahia
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