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quinta-feira, março 26, 2009

Arrastão leva à cadeia 11 policiais

Lilian Simioni e Felipe Pereira

A Operação Arrastão, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF), prendeu 21 pessoas suspeitas de integrarem um esquema de jogos de azar. Entre os detidos estão sete policiais militares, dois investigadores da Polícia Civil, o delegado regional de Brusque, Ademir Braz de Souza, e o delegado de Tijucas, Wilson Carvalho.
A investigação apurou que a quadrilha atuava em Tijucas, São João Batista e Canelinha, na Grande Florianópolis; Itapema, no Litoral Norte; e Brusque, no Vale do Itajaí.
São 18 prisões preventivas, uma temporária e duas em flagrante por porte ilegal de arma (detalhes no quadro ao lado).
A PF começou a investigação há 11 meses, com a suspeita de contrabando de peças de caça-níqueis pelos portos catarinenses. Após dois meses de trabalho, os agentes federais descobriram, por meio das interceptações telefônicas, que o suposto líder do esquema, Aleander Müller, de Brusque, pagava policiais militares e civis para manter casas de bingo em funcionamento.
O Ministério Público Estadual foi chamado para participar das investigações. Ontem, a partir das 6h, foram cumpridos 19 mandados de prisão, 46 de busca e apreensão e 12 de sequestro de bens, entre veículos, imóveis e valores em bancos.
O delegado da PF Cesar Souza revelou que o suposto líder da quadrilha fabricava os caça-níqueis em Brusque e distribuía na própria cidade, além de Tijucas, Canelinha e São João Batista. As duas primeiras cidades eram as de maior atuação. Entre Aleander e proprietários de estabelecimentos onde funcionavam as máquinas havia um grupo de intermediadores.
A função dos policiais era fornecer informações privilegiadas sobre operações de repressão ao jogo ilegal, não combater o crime e fechar casas de jogos concorrentes. O delegado falou que a ousadia chegou a um ponto em que placas das máquinas apreendidas eram retiradas e entregues ao grupo. Para não levantar suspeita, equipamentos velhos eram colocados no lugar.
O grupo chegou a simular operações policiais com a montagem de salas de jogos "fantasmas", com máquinas obsoletas.
O delegado disse que os pagamentos aos policiais eram feitos em dinheiro todo mês. Os valores eram considerados baixos, de R$ 500 a R$ 1 mil. Por enquanto, conforme o delegado, não há uma contabilidade do gasto mensal da quadrilha em propinas. Somente na casa de Aleander Müller, considerado o líder do grupo, a PF encontrou R$ 2 milhões escondidos e apreendeu uma BMW e um Porsche. No total, 12 carros e duas motos foram apreendidas.
Comparsas arrecadariam até R$ 1 milhão por mês
Para o promotor Sidney Dalabrida, a corrupção é o grande motivador para a continuidade do crime no Estado.
- Sem dúvida, as quadrilhas de jogos de azar têm subsistência à custa da corrupção de servidores públicos no Estado.
Com mais de cem máquinas, e faturando aproximadamente R$ 1 mil por dia em cada equipamento, Souza afirmou que, em uma avaliação preliminar, a quadrilha movimentava mais de R$ 1 milhão por mês. Não estão descartadas novas prisões. Ele afirmou que o inquérito deve ser concluído em 10 dias.
Os envolvidos poderão responder por formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional e exploração de jogo de azar. As penas mais longas variam de dois a 12 anos de detenção.
Os policiais militares presos na Operação Arrastão deveriam ser transferidos para a carceragem do 4º Batalhão da Polícia Militar, em Florianópolis. Uma mulher que teve prisão temporária decretada foi transferida para o Presídio Feminino da Capital.
Fonte: Diário Catarinense (SC)

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