GENEBRA - O primeiro relatório da polícia de Zurique sobre o ataque contra a brasileira Paula Oliveira, divulgado ontem, diz que as "circunstâncias dos ferimentos não estão claras" e não confirma que Paula foi vítima de violência xenófoba. Indignada, a família criticou a polícia, chamando o relatório de "hipócrita". Em Brasília, o chanceler Celso Amorim exigiu "rigor" das autoridades na apuração do caso e convocou o embaixador suíço para uma reunião.
Paula teria sofrido um ataque na noite de segunda-feira numa estação de trem na periferia de Zurique. Ela se apresentou à polícia com cortes em todo corpo, alguns formando a sigla SVP, iniciais do Partido do Povo Suíço, de extrema direita. Paula, uma advogada que trabalhava numa multinacional, diz ter sido atacada por três skinheads. Ela estava grávida de gêmeas e teria abortado por causa dos ataques. Para um dos principais nomes do SVP, Oskar Freysinger, "não se pode excluir a possibilidade de autoflagelação". "Se essas pessoas são de fato do partido, serão expulsas, mas primeiro precisamos saber se tudo isso de fato ocorreu", disse.
A polícia de Zurique adotou o tom de cautela e informou que "investiga em todas as direções". No comunicado, evitou classificar a agressão como um ataque racista e não mencionou que alguns dos cortes no corpo da brasileira formavam a sigla do SVP.
O relatório policial também afirma que os ferimentos foram "superficiais" e não confirma as "implicações médicas" do suposto ataque. "A brasileira explicou que sofreu o aborto no banheiro da estação", diz o texto. Sem suspeitos, a polícia apela para que testemunhas se apresentem. Segundo a agência de notícias Associated Press, um homem teria ligado para a delegacia de Zurique na segunda-feira para dizer que uma mulher "precisava de ajuda" na estação de trem.
O pai da vítima, Paulo Oliveira, reagiu com indignação à desconfiança da polícia suíça. "Querem transformar a vítima em culpada. Isso é tática de milícia nazista", disse. "As circunstâncias não estão claras porque a polícia não está investigando."
Para a Comissão Federal contra o Racismo da Suíça, a polícia tem o costume de não dar a devida importância a ataques de extremistas contra estrangeiros. Segundo a diretora da Comissão, Doris Ansgt, o problema é um "reflexo dos sentimentos da sociedade suíça": "O público não se importa com as vítimas dos extremistas."
Ontem, Paula foi interrogada mais uma vez. A família, porém, só aceitou receber os policiais na presença da cônsul do Brasil em Zurique, Vitória Clever. Vitória se reuniu com várias autoridades, cobrando uma apuração detalhada do caso. "Recebi uma ligação do chanceler Celso Amorim. Ele está preocupado", afirmou.
A chancelaria suíça também foi chamada a intervir. "O vice-embaixador da Suíça no Brasil esteve no Itamaraty hoje e para dar informações sobre as investigações. Temos confiança de que a polícia irá esclarecer os fatos", afirmou George Farago, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores suíço.
Paula foi autorizada pelo hospital a voltar para casa na noite de quarta-feira, mas ontem à tarde foi internada mais uma vez. O hospital decidiu fazer testes de doenças sexualmente transmissíveis ou outras que pudessem ter sido passadas pelos cortes.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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