Por: Pedro do Coutto
Praticamente definida, pela pesquisa Sensus-CNT, a principal disputa entre José Serra e Dilma Roussef para a sucessão presidencial de 2010, quais serão os candidatos a vice na chapa de um de outra? Eis aí uma questão interessante em torno da qual inevitavelmente vão se desenvolver, a partir de agora, as articulações políticas. Embora as eleições sejam em outubro do próximo ano, a oportunidade do tema já se coloca. Afinal, não estamos distantes do processo sucessório.
Há que considerar que o prazo de desincompatibilização é de seis meses, portanto termina no início do próximo exercício. E o de filiação partidária acaba no final de setembro deste ano, portanto daqui a apenas oito meses. As convenções partidárias, pela lei eleitoral, têm que ser realizadas entre seis e três meses da data do pleito. De abril a julho.
Observando-se o calendário legal, verifica-se que o encaminhamento já está na sua hora. Inclusive porque a desincompatibilização atinge os candidatos que ocupam cargos executivos, tanto para presidente quanto para vice. José Serra, por exemplo, tem que passar o governo de São Paulo a Alberto Goldman. Dilma Roussef terá que ser substituída.
Sérgio Cabral, se for o candidato a vice da chefe da Casa Civil, terá que deixar o Palácio Guanabara. Se for Gedel Vieira Lima, este sairá do Ministério da Integração. Heloisa Helena, eleita vereadora em Maceió, não se encontra atingida pela lei. Ciro Gomes também não, é deputado federal.
E Aécio Neves? Se vier a ser candidato a presidente, pelo PSDB, o que é improvável, necessita renunciar seis meses antes. Mas se resolver disputar por outro partido, neste caso tem que se transferir de legenda até setembro de 2009.
Numa outra leitura, se terminar aceitando ser vice de Serra, Aécio precisará renunciar no início de abril ao Palácio da Liberdade. Portanto, devemos levar em conta que o prazo eleitoral configura-se como uma curva na estrada. Quando se olha com mais atenção o carro que por ela passa já está muito próximo dos que tentam cruzar a pista.
Se Cabral for candidato a vice de Dilma, terá que renunciar, deixando o posto para o vice Luiz Fernando Pezão. Mas mesmo que não deseje concorrer à vice-presidência, se a reeleição acabar, como parece provável, ele deverá se afastar para concorrer ao Senado, mandato que conquistou nas urnas antes de chegar ao governo do Rio.
Por falar em RJ, o PMDB poderá apresentar, no estado, dois candidatos a senador: Sérgio Cabral e Jorge Picciani, que, ao ser reeleito presidente da Alerj, anunciou esta intenção. Em 2010, são duas vagas para o Senado. Visto sob o ângulo de hoje, o quadro parece vazio. Não será nenhum absurdo admitir que o partido pode concorrer com possibilidade real de êxito até para as duas vagas, no momento ocupadas por Regis Fichtner e Marcelo Crivela.
Paulo Duque ocupa o lugar de Fichtner, licenciado.
Cesar Maia, depois do insucesso de sua segunda administração, sofreu natural processo de esvaziamento. Denise Frossard deve preferir a Câmara dos Deputados. Basicamente, Cabral e Picciani enfrentariam Crivela. Garotinho procura um rumo e uma legenda, que pode acabar sendo o PSDB. Poderia disputar o governo, dificilmente o Senado Federal.
De qualquer forma, os quadros estaduais não mudam as articulações federais em torno da vice-presidência da República. Não são amplas. Pois, na realidade, Serra e Dilma não possuem muitas alternativas. Pelo contrário. No caso de Aécio, elas são menores ainda.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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