Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Lembram-se do mensalão, aquela lambança tão explorada pela imprensa nos idos de 2005? De tudo sobrou apenas a cassação dos mandatos de José Dirceu e de Roberto Jefferson, pela Câmara dos Deputados. Mas cadeia, mesmo, para os dois e mais o batalhão de envolvidos, nem pensar.
Corre contra todos um processo no Supremo Tribunal Federal, de onde fluem notícias a respeito de o ano em curso, e o seguinte, serem dedicados à oitiva de testemunhas de defesa dos réus. As previsões são de que sentenças, mesmo, só a partir de 2011.
Há algo de errado, senão de podre, porque as instituições judiciais não conseguem apreciar o escândalo-rei verificado à sombra do palácio do Planalto. Nem a maioria de outros escândalos parecidos. Os mensaleiros passeiam sua arrogância pelos restaurantes de luxo das principais capitais, viajam para o exterior, tocam seus negócios e alguns, até, podem ser encontrados no Congresso.
Admitindo-se que o presidente Lula não soubesse de nada, mesmo assim o Ministério Público soube e agiu. Denunciou os ladravazes, logo beneficiados pelo foro especial da mais alta corte nacional de justiça, porque alguns dos denunciados eram parlamentares. Só que ao Supremo faltaram, como ainda faltam, mecanismos para agilizar o processo. Já aos bandidos, sobram competentes advogados, capazes de esticar a questão quase ao infinito.
O que a gente pergunta é se ficará tudo como está, ou seja, navegando todos no mar da impunidade. Pelo jeito, com certeza.
Apenas o exemplo do mensalão, pinçado ao acaso, dá a medida de imprescindível reforma no Judiciário, obrigação do Legislativo. Há quanto tempo, porém, a nação clama por mudanças fundamentais nessas estruturas? Nem a ditadura militar, com toda sua truculência, conseguiu quebrá-las.
O Século XXI
Declarou o presidente Lula não ser possível o Brasil entrar no Século XXI com problemas que já deveriam ter sido resolvidos há muito. Referia-se à mortalidade infantil, ao analfabetismo, ao sub-registro e à agricultura familiar.
O problema é de quem devem ser cobradas providências. Do próprio governo, parece lógico, mas não apenas dele. Porque as elites tem sua parcela de responsabilidade. As instituições da sociedade civil, também. As religiões, sem dúvida. As organizações sindicais, da mesma forma. Até o Corinthians e o Flamengo carregam sua culpa.
Adianta pouco, assim, descarregar sobre os ombros de Dilma Rousseff, José Serra ou Aécio Neves o peso dessas e de outras mazelas não resolvidas. Quem for eleito, entre os candidatos por enquanto conhecidos, não conseguirá romper a barreira do tempo nem da miséria. Será, no máximo, capaz de renovar a mesma perplexidade do presidente Lula.
Maturidade
O PT comemorou ontem 29 anos de existência. Nasceu como esperança invulgar, um partido diferente dos demais. Passadas quase três décadas, igualou-se a eles. Enquanto na oposição, enfeixou esperanças de toda ordem, umas reais, outras fantasiosas, mas manteve acesa a chama da expectativa de mudanças sociais e econômicas.
No poder, há seis anos, os companheiros realizaram muito menos do que prometiam. Tem seus méritos, é claro, começando pelo Bolsa-Família e os inegáveis investimentos em educação. Mas ficam devendo o grande objetivo, da transformação das estruturas nacionais. Mudaram, eles, sem conseguir mudar o Brasil à sua volta.
Ressurge a reforma
Lá do recôndito do palácio do Planalto, mesmo a partir de agora fechado para reformas, ressurge a tese de que o presidente Lula deveria aproveitar os próximos meses para compor a verdadeira e definitiva equipe capaz de ir com ele até o final do mandato. Não se trata, apenas, de liberar ministros obviamente candidatos às eleições de 2010, obrigados a deixar seus cargos em março daquele ano.
Trata-se, também, de uma questão de unidade e de eficiência. Nunca, desde a primeira posse, assistiram-se a tantos entreveros entre os principais auxiliares do presidente. Melhor passar por cima do constrangimento de fulanizações, mas não apenas dois ou três os ministros que se olham de soslaio e até não se falam.
Essas sequelas interferem na capacidade administrativa do governo. Emperram a máquina pública, numa hora em que o plantel entra na reta final. Há quem diga estar o Lula, outra vez, imaginando se a oportunidade chegou para a reformulação do ministério.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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